Este espaço, ficará,
temporariamente em descanso...
merecido.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Proximidade (des)confortante
"...estão todos perto.
demasiado perto.
numa proximidade que não te deixa distinguir em ti o desconforto,
a única dor, o enlace sobre o corpo.
esse corpo.
que todos nomeiam no plural".
demasiado perto.
numa proximidade que não te deixa distinguir em ti o desconforto,
a única dor, o enlace sobre o corpo.
esse corpo.
que todos nomeiam no plural".
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Sossego
Toda a gente quer sossego. Não fujo à regra.
Há, haverá e continuará certamente a existir quem não goste de estar só, de ser chateado com tretas, de... Tantas coisas que poderiam ser ditas.
Eu gosto. Gosto de estar, viver, pensar, (também) só.
Gosto de sentir como certas as minhas convicções. Algumas revelo-as e discuto-as com quem quero, com quem ouve; outras relevo, deixo-as para mim, em mim - algumas das Pessoas não estão preparadas para ouvir, ou simplesmente não se dão ao trabalho de.
Gosto, de igual modo, do silêncio. Pensar o que nunca pensei, ouvir-Me.
O silêncio desperta uma cadência, uma temática que raramente anda longe do binómio Eu - e os Outros.
Toda a gente quer um pouco de sossego.
E eu, eu não sou excepção.
Há, haverá e continuará certamente a existir quem não goste de estar só, de ser chateado com tretas, de... Tantas coisas que poderiam ser ditas.
Eu gosto. Gosto de estar, viver, pensar, (também) só.
Gosto de sentir como certas as minhas convicções. Algumas revelo-as e discuto-as com quem quero, com quem ouve; outras relevo, deixo-as para mim, em mim - algumas das Pessoas não estão preparadas para ouvir, ou simplesmente não se dão ao trabalho de.
Gosto, de igual modo, do silêncio. Pensar o que nunca pensei, ouvir-Me.
O silêncio desperta uma cadência, uma temática que raramente anda longe do binómio Eu - e os Outros.
Toda a gente quer um pouco de sossego.
E eu, eu não sou excepção.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
(Entre)linhas
Há dias,
em que prefiro não saber o que está para além das palavras;
outros há,
que preferia que esticassem,
traduzindo-me o todo que não chegam a dizer.
em que prefiro não saber o que está para além das palavras;
outros há,
que preferia que esticassem,
traduzindo-me o todo que não chegam a dizer.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Devassa alheia
Hoje, na mesa ao lado - ao meu lado,
almoçava uma Mulher - verdade seja dita, uma autêntica Mulher!
Curioso, como aos homens - os que TENTAVAM almoçar à minha frente - incomodou aquela beleza rara...
"Fico perturbado com as Mulheres demasiado bonitas. Nunca sei se são para serem olhadas ou evitadas, contempladas como merecem ou deixadas em paz... porque aquele dom, não é culpa que se carregue para devassa alheia".
almoçava uma Mulher - verdade seja dita, uma autêntica Mulher!
Curioso, como aos homens - os que TENTAVAM almoçar à minha frente - incomodou aquela beleza rara...
"Fico perturbado com as Mulheres demasiado bonitas. Nunca sei se são para serem olhadas ou evitadas, contempladas como merecem ou deixadas em paz... porque aquele dom, não é culpa que se carregue para devassa alheia".
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
À Velocidade do Vício
Despe-te de palavras
agarra vorazmente os recantos do corpo,
a densidade da pele,
a aridez do toque da página,
o desmembrar dos membros pesados, prostrados, adormecidos.
Prende-te nos recantos das paredes suadas,
das palavras intactas hoje enfastiadas
e olha-te
cola-te
percorre-te,
sem vazios
sem ecos
sem circunstâncias
sem estes vícios,
que Somos.
agarra vorazmente os recantos do corpo,
a densidade da pele,
a aridez do toque da página,
o desmembrar dos membros pesados, prostrados, adormecidos.
Prende-te nos recantos das paredes suadas,
das palavras intactas hoje enfastiadas
e olha-te
cola-te
percorre-te,
sem vazios
sem ecos
sem circunstâncias
sem estes vícios,
que Somos.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
...
...quem madruga em Lisboa nem sempre sente o chão...
Já as casas, essas,
abrem o telhado ao dia
e os cheiros dispersam-se num amanhecer sem tecto.
sábado, 10 de dezembro de 2011
(de)sentido
Mesmo a desordem precisa de uma ordem que lhe dê sentido,
para que não seja apenas leviandade.
para que não seja apenas leviandade.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
"Jogo do lenço"
O "colocarmo-nos no lugar do Outro", não é uma capacidade ao alcance de todos...
Infelizmente para uns e/ou ,provavelmente, felizmente para outros -
que serão certamente mais felizes assim,
vivendo da sua própria mesquinhez.
Infelizmente para uns e/ou ,provavelmente, felizmente para outros -
que serão certamente mais felizes assim,
vivendo da sua própria mesquinhez.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Mapa geodésico
As minhas mãos, a porta da percepção.
Encontro-me com os dias através da ponta dos dedos.
As mãos... os pormenores que elas guardam...
À distância são semelhantes mas ao perto, ao perto descobrem-se diferenças pouco subtis.
O polegar é hipnótico, o mindinho - um alvo sem "mouche", no anelar - um poço interminável, no dedo médio - encontro um rosto, no intervalo - já tenho vincos de tanto abrir e fechar as mãos.
Não me admira que as videntes consigam por aqui saber a sina!
As mãos são um mapa geodésico - cheio de rios, afluentes, curvas e declives.
A linha da Vida é um pormenor insignificante no intervalar desta rede de sinais.
E pergunto-me,
se irei seguir cada traço e descobrir um rumo exacto,
no labirinto das minhas mãos.
Encontro-me com os dias através da ponta dos dedos.
As mãos... os pormenores que elas guardam...
À distância são semelhantes mas ao perto, ao perto descobrem-se diferenças pouco subtis.
O polegar é hipnótico, o mindinho - um alvo sem "mouche", no anelar - um poço interminável, no dedo médio - encontro um rosto, no intervalo - já tenho vincos de tanto abrir e fechar as mãos.
Não me admira que as videntes consigam por aqui saber a sina!
As mãos são um mapa geodésico - cheio de rios, afluentes, curvas e declives.
A linha da Vida é um pormenor insignificante no intervalar desta rede de sinais.
E pergunto-me,
se irei seguir cada traço e descobrir um rumo exacto,
no labirinto das minhas mãos.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
domingo, 4 de dezembro de 2011
Livro de reclamações
“Nos dias em que damos tudo…
…alguém reclama pela falta do nada.”
…e nesse Tudo cabe tanto, ou tão pouco;
e nesse Nada cabe tão pouco, ou tanto;
que entre o tudo ou nada fica o intermédio,
aquele capaz de nos dar o tanto que precisamos…
(e mais nada!)
…alguém reclama pela falta do nada.”
…e nesse Tudo cabe tanto, ou tão pouco;
e nesse Nada cabe tão pouco, ou tanto;
que entre o tudo ou nada fica o intermédio,
aquele capaz de nos dar o tanto que precisamos…
(e mais nada!)
sábado, 3 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
"Ghosts" on my back
As sombras não falam.
Não estão em cima nem no fundo
vão ao lado ou atrás.
Puxam-te para a frente engrossando-te os sapatos, o andar.
Surgem com os olhos cheios de noite e cobertas de braços, de bocas;
surgem densas de assimetrias
esguias de corpo e órfãs de um espaço.
E sobem...
sobem à garganta sustendo-te o grito.
Não estão em cima nem no fundo
vão ao lado ou atrás.
Puxam-te para a frente engrossando-te os sapatos, o andar.
Surgem com os olhos cheios de noite e cobertas de braços, de bocas;
surgem densas de assimetrias
esguias de corpo e órfãs de um espaço.
E sobem...
sobem à garganta sustendo-te o grito.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
"Puzzlement"
Her face hides mysteries of things unheard
and she stands, close to everybody else
but detached from the world
seeming to drift away in the midst of melancholic mist
present but fading away
before my eyes.
Yet, she keeps coming back,
the same posture, the same eyes,
wandering thoughts
trying to solve the mystery of her life, without succeeding.
And she keeps staring at the void
directly into the emptiness of her bewilderment,
unaware of others,
unconscious of herself,
alone in the middle of so many...
and she stands, close to everybody else
but detached from the world
seeming to drift away in the midst of melancholic mist
present but fading away
before my eyes.
Yet, she keeps coming back,
the same posture, the same eyes,
wandering thoughts
trying to solve the mystery of her life, without succeeding.
And she keeps staring at the void
directly into the emptiness of her bewilderment,
unaware of others,
unconscious of herself,
alone in the middle of so many...
terça-feira, 29 de novembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Suposta permissão
Na altura Vi até onde pude, porque mais não era permitido;
senti até onde pude, porque mais não era suposto.
As saudades, não as matei, adensaram-se.
Talvez não saiba ainda o que fazer com tudo isto,
talvez não seja suposto saber.
Mas sabendo que Existe algo para além de...
que Vivo com...
que Sinto com...
que escrevo sobre...
talvez seja suficiente,
por hoje.
senti até onde pude, porque mais não era suposto.
As saudades, não as matei, adensaram-se.
Talvez não saiba ainda o que fazer com tudo isto,
talvez não seja suposto saber.
Mas sabendo que Existe algo para além de...
que Vivo com...
que Sinto com...
que escrevo sobre...
talvez seja suficiente,
por hoje.
sábado, 26 de novembro de 2011
"Change"
People change...
but sometimes they don't...
and sometimes they can't...
although they must...
or at least they should...
but sometimes they don't...
and sometimes they can't...
although they must...
or at least they should...
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Algures. Nenhures.
Hoje dispersa...
algures por aí.
Porque por vezes precisamos disto mesmo - o sair de nós mesmos, o sair dos Outros para mais tarde voltar a "entrar".
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Ausências...
As mãos encontram-se...
para se procurarem novamente.
(e vejo isto nos meus dias
enquanto não vejo nos dias dos Outros).
para se procurarem novamente.
(e vejo isto nos meus dias
enquanto não vejo nos dias dos Outros).
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
(All) most
As palavras nem sempre se separam para acrescentar algo...
por vezes servem-se tão somente de um "afastamento"
para lhes conferir um significado
que não tiveram até então.
por vezes servem-se tão somente de um "afastamento"
para lhes conferir um significado
que não tiveram até então.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Animais cheios de movimento no Inverno
...as silhuetas levam nas pálpebras as manhãs; as mãos de fogo, a luz na respiração, a culpa concentrada no fôlego dos amantes.
Os pêndulos fecham-se.
Era Novembro sobre o mel e em cada palavra havia uma cicatriz varada na fala.
Já lateja o pulso dormente... e às voltas na mão e no corpo a luz desfez-se...
desfez-se nos dedos, na boca, na língua no pescoço, na cara deitada contra as manhãs do mundo.
A mulher despede-se do beijo e arqueia o corpo sobre o corpo.
A mão de água assinala o centro do silêncio, entrelaça as mãos e o corpo e propõe-se a lascá-lo... por dentro, por fora, dia e noite...
mas mesmo onde era noite havia restos do dia, e era bom para nos vermos e não vermos,
como é próprio, da beleza
como é próprio, da ansiedade venenosa das palavras.
(em re-adaptação de Pedro Gil-Pedro)
Os pêndulos fecham-se.
Era Novembro sobre o mel e em cada palavra havia uma cicatriz varada na fala.
Já lateja o pulso dormente... e às voltas na mão e no corpo a luz desfez-se...
desfez-se nos dedos, na boca, na língua no pescoço, na cara deitada contra as manhãs do mundo.
A mulher despede-se do beijo e arqueia o corpo sobre o corpo.
A mão de água assinala o centro do silêncio, entrelaça as mãos e o corpo e propõe-se a lascá-lo... por dentro, por fora, dia e noite...
mas mesmo onde era noite havia restos do dia, e era bom para nos vermos e não vermos,
como é próprio, da beleza
como é próprio, da ansiedade venenosa das palavras.
(em re-adaptação de Pedro Gil-Pedro)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
To draw back or step foward!?
"Recuar"
pode significar um passo em frente,
para chegar onde se quer.
pode significar um passo em frente,
para chegar onde se quer.
sábado, 12 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Aquilo que invade os Homens
As Pessoas estão preparadas para os dias mas nem sempre para o que os dias carregam...
O silêncio está sempre, para quem o ouve;
o sol nem sempre aparece, espera a sua vez sem obrigação de "tirar a senha";
a rotina é antecipada mas suspensa, atreita aos imprevistos;
nos objectos distinguimos os gestos que a partir de um momento poderão alterar a sua ordem;
o tempo existe na distância entre os objectos suspensos...
e nós assistimos à espera dos dias sem corda de suspensão.
O silêncio sabia. O sol sabia.
A rotina sabia que não há uma rotina.
Os objectos sabiam. O tempo sabia.
Nós sabíamos.
Os Outros não sabiam.
As ruas ficam desertas quando o que invade os Homens se aproxima.
Esquece-se tudo em que se pensava e o lugar das ideias que se tinha fica vazio de tudo - menos "daquele instante" que nos prende a algo ou alguém.
Um instante divide-se num outro instante para voltar sempre ao mesmo ponto:
o instante em que as Pessoas se olham.
Em silêncio.
(que nem sempre está preparado para.)
O silêncio está sempre, para quem o ouve;
o sol nem sempre aparece, espera a sua vez sem obrigação de "tirar a senha";
a rotina é antecipada mas suspensa, atreita aos imprevistos;
nos objectos distinguimos os gestos que a partir de um momento poderão alterar a sua ordem;
o tempo existe na distância entre os objectos suspensos...
e nós assistimos à espera dos dias sem corda de suspensão.
O silêncio sabia. O sol sabia.
A rotina sabia que não há uma rotina.
Os objectos sabiam. O tempo sabia.
Nós sabíamos.
Os Outros não sabiam.
As ruas ficam desertas quando o que invade os Homens se aproxima.
Esquece-se tudo em que se pensava e o lugar das ideias que se tinha fica vazio de tudo - menos "daquele instante" que nos prende a algo ou alguém.
Um instante divide-se num outro instante para voltar sempre ao mesmo ponto:
o instante em que as Pessoas se olham.
Em silêncio.
(que nem sempre está preparado para.)
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Dias opacos, também os há.
Há dias em que se não fosse a "imensidão" das horas de outros,
o "vazio" do pensar seria de tal forma opaco,
que deixaria de haver sequer a hipótese de ponderar que COR dar
ao que o calendário nos informa ser HOJE.
o "vazio" do pensar seria de tal forma opaco,
que deixaria de haver sequer a hipótese de ponderar que COR dar
ao que o calendário nos informa ser HOJE.
sábado, 5 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Metáforas alinhadas
Questiono as minhas próprias dúvidas e lembro-me de um filme antigo quando percebo que não respondem:
silêncio a preto e branco.
Procuro o meu caderno preto de letras direitas onde nem sequer há linhas e encontro uma esferográfica sem tampa, que seca à minha espera - Bic laranja - as únicas que gosto e rascunho as palavras que vêm do sul.
Quando começo a anotar as minhas dúvidas - apenas importantes para mim - já me esqueci de tudo:
os "segredos" esconderam-se por detrás de um qualquer muro.
Restam metáforas alinhadas em alta voltagem,
ouço-as ditas em voz alta e desligo outra vez do que me rodeia:
silêncio,
a preto e branco.
silêncio a preto e branco.
Procuro o meu caderno preto de letras direitas onde nem sequer há linhas e encontro uma esferográfica sem tampa, que seca à minha espera - Bic laranja - as únicas que gosto e rascunho as palavras que vêm do sul.
Quando começo a anotar as minhas dúvidas - apenas importantes para mim - já me esqueci de tudo:
os "segredos" esconderam-se por detrás de um qualquer muro.
Restam metáforas alinhadas em alta voltagem,
ouço-as ditas em voz alta e desligo outra vez do que me rodeia:
silêncio,
a preto e branco.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
terça-feira, 1 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Em frente
Hoje ouvi, de uma Pessoa de que Gosto e sim, que Admiro
uma grande verdade:
"Não precisamos de ninguém e precisamos de toda a gente"
Obrigada,
por me relembrares a força que "temos" tido,
e o difícil que (me) é, "aceitar", que há dias em que efectivamente (também) preciso dos Outros para...
uma grande verdade:
"Não precisamos de ninguém e precisamos de toda a gente"
Obrigada,
por me relembrares a força que "temos" tido,
e o difícil que (me) é, "aceitar", que há dias em que efectivamente (também) preciso dos Outros para...
domingo, 30 de outubro de 2011
...ainda nas primeiras horas da manhã (II)
Um café está sempre à espera.
As palavras demoram-se e conversam sobre a mesa, usando o espaço do ar para tocar na fala dos Outros, contribuindo para o cruzamento de silabas,
palavras hermafroditas.
O burburinho fala uma língua própria - somente inteligível pelo empregado de mesa.
Vejo-o pela correria da sala num jogo de decifração, ouvindo na mesa da frente a resposta à pergunta lançada na mesa anterior,
descodificando murmúrios,
traços de inconfidências.
O jogo quebra-se com o pedido da conta,
onde as moedas sob o recibo,
compram o seu silêncio.
As palavras demoram-se e conversam sobre a mesa, usando o espaço do ar para tocar na fala dos Outros, contribuindo para o cruzamento de silabas,
palavras hermafroditas.
O burburinho fala uma língua própria - somente inteligível pelo empregado de mesa.
Vejo-o pela correria da sala num jogo de decifração, ouvindo na mesa da frente a resposta à pergunta lançada na mesa anterior,
descodificando murmúrios,
traços de inconfidências.
O jogo quebra-se com o pedido da conta,
onde as moedas sob o recibo,
compram o seu silêncio.
sábado, 29 de outubro de 2011
Palavras cruzadas
Vidas que se cruzam.
Olhares dispersos, submersos algures.
Há uma "qualquer coisa" na cidade que se espelha no olhar que por vezes se diz verde,
o cieiro que atravessa os lábios,
o sorriso... o meu,
que dificilmente encontro nos Outros.
Olhares dispersos, submersos algures.
Há uma "qualquer coisa" na cidade que se espelha no olhar que por vezes se diz verde,
o cieiro que atravessa os lábios,
o sorriso... o meu,
que dificilmente encontro nos Outros.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Teatro
Os Artistas Unidos inauguraram na quarta-feira o novo espaço da companhia, no Teatro da Politécnica, com a peça "Não se Brinca Com o Amor", de Alfred Musset, e com uma mostra de escultura de Ângelo de Sousa.
O "On ne badine pas avec l'amour'", que Jorge Silva Melo, diretor da companhia e encenador da peça, estreia a casa nova depois de ter passado pelos palcos de Viseu, Almada, Coimbra e Guimarães.
A inauguração do Teatro da Politécnica, junto ao Jardim Botânico, marca o regresso dos Artistas Unidos a um espaço próprio, nove anos depois de terem sido obrigados a abandonar A Capital, no Bairro Alto, e de terem trabalhado provisoriamente no Teatro Taborda e no antigo Convento das Mónicas.
Apareçam! Vale a pena, por tudo.
até pela cor...!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
(Re)lembrar
Palavras...
just words.
Minhas.
Pensamentos soltos. Meus.
Nem tão pouco têm que fazer um sentido a Alguém, porque quando escrevo não há uma intenção de...
Tudo sai.
Outras coisas ficam.
Essas, as que ficam, nem sempre traduzem o que quero dizer.
Por vezes significam, tão somente,
o que não quero lembrar.
just words.
Minhas.
Pensamentos soltos. Meus.
Nem tão pouco têm que fazer um sentido a Alguém, porque quando escrevo não há uma intenção de...
Tudo sai.
Outras coisas ficam.
Essas, as que ficam, nem sempre traduzem o que quero dizer.
Por vezes significam, tão somente,
o que não quero lembrar.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Um gesto por fazer
Os dias por vezes não são...
não se parecem...
nem pretendem vir a ser...
são apenas um esboço, uma imagem,
um gesto,
por fazer.
não se parecem...
nem pretendem vir a ser...
são apenas um esboço, uma imagem,
um gesto,
por fazer.
domingo, 16 de outubro de 2011
Av. Almirante Reis
...noite, ontem à noite.
Corpos encostados à parede.
Que outros olhos viram estes olhos a olhá-los?
Passo por eles, não me vêem.
Partilham uma garrafa de vinho embrulhada em papel de jornal, um pente, uma beata já sumida;
partilham a montra do café, apagada, que lhes serve de espelho.
Passo por eles, não me vêem.
...que outros olhos viram estes olhos?
ontem.
à noite.
Corpos encostados à parede.
Que outros olhos viram estes olhos a olhá-los?
Passo por eles, não me vêem.
Partilham uma garrafa de vinho embrulhada em papel de jornal, um pente, uma beata já sumida;
partilham a montra do café, apagada, que lhes serve de espelho.
Passo por eles, não me vêem.
...que outros olhos viram estes olhos?
ontem.
à noite.
sábado, 15 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Cão espelho
Está um espelho encostado ao tronco de uma árvore, mesmo aqui na rua.
Os cães olham-se e exaltam-se, rosnam, pensando que é um outro a desafiar-lhes o espaço mas o espelho não responde.
A imagem do cão faz os mesmos gestos de ataque, mudos gestos de ataque.
Parecem ficar cada vez mais zangados ao serem, todos eles, ignorados pelo cão-de-espelho.
E é de cá de cima,
da janela onde me encontro, que me pergunto:
Haverá coisa mais acutilante do que ser-se ignorado no auge da raiva?
Os cães olham-se e exaltam-se, rosnam, pensando que é um outro a desafiar-lhes o espaço mas o espelho não responde.
A imagem do cão faz os mesmos gestos de ataque, mudos gestos de ataque.
Parecem ficar cada vez mais zangados ao serem, todos eles, ignorados pelo cão-de-espelho.
E é de cá de cima,
da janela onde me encontro, que me pergunto:
Haverá coisa mais acutilante do que ser-se ignorado no auge da raiva?
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Ter. Ou não ter.
Para se manter algo ao "perto" que não se quer ao "longe",
convém não partir do pressuposto que já a temos.
convém não partir do pressuposto que já a temos.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Ao (Des)engano
Quando me engano (palavras, factos, agir...)
rio-me de mim.
É assim que me aceito sem esforço e sem artifícios,
como tu.
rio-me de mim.
É assim que me aceito sem esforço e sem artifícios,
como tu.
domingo, 9 de outubro de 2011
(Intim)idade das palavras
Chamei pelo nome e o mesmo precipitou uma série de palavras dando lugar ao lugar nenhum, como se tivessem estado ali à espera, dispostas a fluir e a ser história, ávidas como cal viva.
E foi intimo...
demasiado íntimo o abraço entre a palavra e o silêncio.
O querer criou pontes para outros dias, encheu-se de rostos em súbitas janelas e ruas descalças.
E olhei...
com a memória intacta de coordenadas precisas, no preciso ponto, aquele ponto,
onde deixo de saber como,
como fazer tudo o resto.
E foi intimo...
demasiado íntimo o abraço entre a palavra e o silêncio.
O querer criou pontes para outros dias, encheu-se de rostos em súbitas janelas e ruas descalças.
E olhei...
com a memória intacta de coordenadas precisas, no preciso ponto, aquele ponto,
onde deixo de saber como,
como fazer tudo o resto.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
O lado quente da espera
Um café está sempre à espera...
sentar numa mesa de canto preenchendo o olhar.
Ao lado, uma mesa vazia.
Cadeiras desencontradas, uma garrafa despida, um prato branco de migalhas perdidas, guardanapos consumidos.
Tentar adivinhar quem poderia ter estado ali;
o tempo que terá deixado;
o definir o rosto pelo rótulo do que bebeu;
atribuir-lhe uma idade, uma identidade, um perfil...
e perceber ainda, quanto existe de infrutífero neste jogo.
Qualquer um poderia ter-se sentado aqui.
sentar numa mesa de canto preenchendo o olhar.
Ao lado, uma mesa vazia.
Cadeiras desencontradas, uma garrafa despida, um prato branco de migalhas perdidas, guardanapos consumidos.
Tentar adivinhar quem poderia ter estado ali;
o tempo que terá deixado;
o definir o rosto pelo rótulo do que bebeu;
atribuir-lhe uma idade, uma identidade, um perfil...
e perceber ainda, quanto existe de infrutífero neste jogo.
Qualquer um poderia ter-se sentado aqui.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Adulterar as vontades
Entre o dizer e o fazer vai uma grande distância.
Na meninice ouve-se vezes sem conta: Não faças isso!!
Na velhice ouve-se vezes sem conta: Já não me lembro como se faz isso...
Nas crianças uma birra surge quase sempre com o sentimento de "não se poder fazer"...
Nos velhos, sim, nos velhos - a palavra existe para ser dita e é lindíssima - um momento de tristeza surge quase sempre com o sentimento de "já não vou a tempo de...já não é suposto fazer..."
No meio de tantas imposições e limiares de auto-gestão de controlo, os poucos que sobrarem e que se permitam ao "dizer-fazer", correm sério risco de serem intitulados de "loucos"...
Creio então ter a sorte de me "encaixar" na meia-fasquia da idade e até mesmo no "titulo"- onde:
- já se pode fazer;
- e ainda vou a tempo de o fazer!
Afinal, talvez a frase do adulto que diz: "não faças isso", não seja tão somente uma ordem de autoridade mas sim, aquela "pequena inveja" de quem reconhece melhor do que ninguém a expressão facial da criança, onde se lê:
Uppss... fiz asneira mas soube tão bem!...
(ainda bem, que não me esqueci de ser criança)
Na meninice ouve-se vezes sem conta: Não faças isso!!
Na velhice ouve-se vezes sem conta: Já não me lembro como se faz isso...
Nas crianças uma birra surge quase sempre com o sentimento de "não se poder fazer"...
Nos velhos, sim, nos velhos - a palavra existe para ser dita e é lindíssima - um momento de tristeza surge quase sempre com o sentimento de "já não vou a tempo de...já não é suposto fazer..."
No meio de tantas imposições e limiares de auto-gestão de controlo, os poucos que sobrarem e que se permitam ao "dizer-fazer", correm sério risco de serem intitulados de "loucos"...
Creio então ter a sorte de me "encaixar" na meia-fasquia da idade e até mesmo no "titulo"- onde:
- já se pode fazer;
- e ainda vou a tempo de o fazer!
Afinal, talvez a frase do adulto que diz: "não faças isso", não seja tão somente uma ordem de autoridade mas sim, aquela "pequena inveja" de quem reconhece melhor do que ninguém a expressão facial da criança, onde se lê:
Uppss... fiz asneira mas soube tão bem!...
(ainda bem, que não me esqueci de ser criança)
domingo, 2 de outubro de 2011
Reciclagem
Ontem olhei a noite, os gestos, as Pessoas...
as conversas que nas esquinas me soavam recicladas,
e no caminho que me levava a casa não me saía da ideia:
- compromissos - é favor colocar no caixote azul;
- afectos - colocar no caixote verde;
- Pessoas - caixote amarelo.
as conversas que nas esquinas me soavam recicladas,
e no caminho que me levava a casa não me saía da ideia:
- compromissos - é favor colocar no caixote azul;
- afectos - colocar no caixote verde;
- Pessoas - caixote amarelo.
sábado, 1 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
"Full extras"
Em Lisboa toda a gente olha mas ninguém vê.
Em Lisboa, hoje, uma Mulher podia andar apenas com uma camisa de Homem por cima que ninguém dava por ela.
Em Lisboa as Pessoas estão demasiado preocupadas consigo próprias para olhar para os Outros.
- ainda bem que estás em Lisboa! -
...(próxima estação: Rotunda, há correspondência com a linha azul)
Enfim, talvez ouças uns piropos daqueles homens que têm o sexo na boca.
Mas esses também se comprazem com calças de ganga e vestidos compridos,
desde que tragam "airbags" como acessórios.
E só não assobiam a freiras,
porque o "sagrado a Deus pertence"
e ele tem um assobio mais forte.
Em Lisboa, hoje, uma Mulher podia andar apenas com uma camisa de Homem por cima que ninguém dava por ela.
Em Lisboa as Pessoas estão demasiado preocupadas consigo próprias para olhar para os Outros.
- ainda bem que estás em Lisboa! -
...(próxima estação: Rotunda, há correspondência com a linha azul)
Enfim, talvez ouças uns piropos daqueles homens que têm o sexo na boca.
Mas esses também se comprazem com calças de ganga e vestidos compridos,
desde que tragam "airbags" como acessórios.
E só não assobiam a freiras,
porque o "sagrado a Deus pertence"
e ele tem um assobio mais forte.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Breath
A Vida, dizem alguns:
Não se conta pelo número de vezes que respiramos
mas pelo momentos
em que perdemos a respiração.
Não se conta pelo número de vezes que respiramos
mas pelo momentos
em que perdemos a respiração.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
...
O tudo... o nada de tudo o resto...
a distância,
um segredo que vem ter connosco
e que ali ocupa o espaço que não é de ninguém.
a distância,
um segredo que vem ter connosco
e que ali ocupa o espaço que não é de ninguém.
domingo, 25 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
"..."
Hoje as Pessoas que me procuram parecem trazer a mesma palavra com elas:
"NADA"...
Ouço o eco, deixo entrar o eco, contorno as letras com o dedo mas não fazem eco em mim,
não em mim!
"NADA"
palavra demasiado vazia para acreditar nela.
"NADA"...
Ouço o eco, deixo entrar o eco, contorno as letras com o dedo mas não fazem eco em mim,
não em mim!
"NADA"
palavra demasiado vazia para acreditar nela.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Medidas de segurança
Há nos dias, ou nas Pessoas em geral,
uma tendência para medir a intensidade ou intencionalidade do Gostar:
"Até onde? desde quando? até quando?"...
Há ainda um outro molde em tudo isto, talvez mais egoísta, onde a necessidade da pergunta surge sob a forma de:
"Mais ou menos do que...?"
Não sei se o processo existe de forma inconsciente ou consciente, ou se a 1ª está a um passo de se tornar consciente.
Sei que até nisto sou por vezes mera "observadora", porque mesmo colocando a questão, não a Vivo "cá dentro", não vivo para... ou em função de...
no entanto, mesmo não o fazendo, dou por mim a escrever sobre isso.
O que não é propriamente a mesma coisa!
Ou será?
uma tendência para medir a intensidade ou intencionalidade do Gostar:
"Até onde? desde quando? até quando?"...
Há ainda um outro molde em tudo isto, talvez mais egoísta, onde a necessidade da pergunta surge sob a forma de:
"Mais ou menos do que...?"
Não sei se o processo existe de forma inconsciente ou consciente, ou se a 1ª está a um passo de se tornar consciente.
Sei que até nisto sou por vezes mera "observadora", porque mesmo colocando a questão, não a Vivo "cá dentro", não vivo para... ou em função de...
no entanto, mesmo não o fazendo, dou por mim a escrever sobre isso.
O que não é propriamente a mesma coisa!
Ou será?
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
terça-feira, 13 de setembro de 2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
Notewalls
Numa respiração contida,
lia-se hoje numa parede da estação de Metro:
"Quero-te assunto privado"
lia-se hoje numa parede da estação de Metro:
"Quero-te assunto privado"
sábado, 10 de setembro de 2011
A Única vez
Se tudo isto não fosse mentira,
se estivesses "acordada" quando lá foste,
não tinhas que aprender tudo de novo,
todos os dias.
se estivesses "acordada" quando lá foste,
não tinhas que aprender tudo de novo,
todos os dias.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Anonimato
Penso ser assim que tudo começa:
Um dia sentamo-nos no primeiro banco que aparece
depois a cidade enche-se de gente e de trânsito,
a luz perde-se pelas ruas
e o silêncio dá lugar à urgência dos Outros.
E é assim,
que perdemos a paz e nos tornamos anónimos.
Um dia sentamo-nos no primeiro banco que aparece
depois a cidade enche-se de gente e de trânsito,
a luz perde-se pelas ruas
e o silêncio dá lugar à urgência dos Outros.
E é assim,
que perdemos a paz e nos tornamos anónimos.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Ao acaso
São tantas,
as vidas emaranhadas umas nas outras;
são tantas,
que por vezes o acaso do dia não permite que se toquem,
apenas que se observem, ou simplesmente,
que se sintam.
as vidas emaranhadas umas nas outras;
são tantas,
que por vezes o acaso do dia não permite que se toquem,
apenas que se observem, ou simplesmente,
que se sintam.
domingo, 4 de setembro de 2011
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Sempre vieste!
Há palavras que requerem uma pausa e um silêncio.
Palavras que demoram até percebermos o que significam.
Palavras que podem durar uma vida inteira,
sem nunca serem ouvidas ou percebidas verdadeiramente.
- Sempre vieste!
- Sim. Não podia faltar.
Palavras que demoram até percebermos o que significam.
Palavras que podem durar uma vida inteira,
sem nunca serem ouvidas ou percebidas verdadeiramente.
- Sempre vieste!
- Sim. Não podia faltar.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Entre o ser e o parecer.
O todo que existe parece pouco.
E o pouco quase nada.
Mas ainda assim, é um todo.
E o pouco quase nada.
Mas ainda assim, é um todo.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Muito, pouco, ou nada...
No Gostar,
"ter" não é possuir,
é dar espaço para que o Outro possa (também)
Existir.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
domingo, 28 de agosto de 2011
Convocatória
Sentei-me à mesa e brindei com palavras coladas aos lábios.
Convoquei imagens arrastadas das cidades, com as casas presas em altura;
convoquei momentos súbitos rente à pele;
convoquei percursos, lugares, geografias que foram sucedendo...
convoquei palavras ausentes porque sempre presentes nos lábios;
convoquei o feito e o não feito;
convoquei-Te.
mas não apareceste.
Convoquei imagens arrastadas das cidades, com as casas presas em altura;
convoquei momentos súbitos rente à pele;
convoquei percursos, lugares, geografias que foram sucedendo...
convoquei palavras ausentes porque sempre presentes nos lábios;
convoquei o feito e o não feito;
convoquei-Te.
mas não apareceste.
sábado, 27 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
...
Porque hoje acordei
com vontade de ir dançar para a rua!
o que não deixa de ser de todo verdade...
com vontade de ir dançar para a rua!
o que não deixa de ser de todo verdade...
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
I had a dream... (Puzzle dos Encantos)
Esta noite "i had a dream..."
No meu sonho havia um puzzle em que o presente e o passado se precipitavam em cima e em baixo de uma cama.
Por baixo, existia uma porta para um mundo feito com aquilo que se quer esquecer, o que se esconde ou se guarda, o que pisamos mas que de certa forma nos dá suporte enquanto Ser.
Nesse dito mundo, o tempo dissolve-se, dilata, abre possibilidades de construção. Tudo é calmo, denso, silencioso... O espaço soa ao eco do búzio no ouvido com o som do mar...
Em cima, o corpo descobre-se, acorda, saboreia o dizer-fazer. Aqui o corpo interage com.
Aqui existe toda uma densidade de Pessoas necessária à construção da nossa sensibilidade, uma selvajaria capaz de esculpir a intensidade e a intencionalidade do que Somos - os redores da nossa presença.
...
Tudo isto me pareceu um sonho ao acordar mas simultaneamente não de todo descabido,
porque para mim tudo tem um sentido ao sonhar(-se);
porque muitas vezes, desde crianças, as nossas perguntas mantêm-se constantes
e o que permitimos
é apenas a mudança do modo e da intensidade deste puzzle,
que Somos Nós.
No meu sonho havia um puzzle em que o presente e o passado se precipitavam em cima e em baixo de uma cama.
Por baixo, existia uma porta para um mundo feito com aquilo que se quer esquecer, o que se esconde ou se guarda, o que pisamos mas que de certa forma nos dá suporte enquanto Ser.
Nesse dito mundo, o tempo dissolve-se, dilata, abre possibilidades de construção. Tudo é calmo, denso, silencioso... O espaço soa ao eco do búzio no ouvido com o som do mar...
Em cima, o corpo descobre-se, acorda, saboreia o dizer-fazer. Aqui o corpo interage com.
Aqui existe toda uma densidade de Pessoas necessária à construção da nossa sensibilidade, uma selvajaria capaz de esculpir a intensidade e a intencionalidade do que Somos - os redores da nossa presença.
...
Tudo isto me pareceu um sonho ao acordar mas simultaneamente não de todo descabido,
porque para mim tudo tem um sentido ao sonhar(-se);
porque muitas vezes, desde crianças, as nossas perguntas mantêm-se constantes
e o que permitimos
é apenas a mudança do modo e da intensidade deste puzzle,
que Somos Nós.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Marionetas
Com as mãos,
com expressões,
com gestos contidos,
as Pessoas vão falando entre si - ou consigo próprias,
dando opiniões ou expondo constatações
mas fazem-no de uma forma
que se assemelha a tudo,
menos a uma conversa.
com expressões,
com gestos contidos,
as Pessoas vão falando entre si - ou consigo próprias,
dando opiniões ou expondo constatações
mas fazem-no de uma forma
que se assemelha a tudo,
menos a uma conversa.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
To Wait. (always waiting for...)
Uma espera tem sempre algo de estranho...
Há sempre o que aparece primeiro e que espera;
há o que chega um pouco depois e que espera ansiosamente chegar;
e há o que chega sempre atrasado, por inevitavelmente, gostar de sentir o Outro em espera.
Há sempre uma sensação no hiato de tudo isto,
há sempre uma inquietude
no verbo esperar.
Há sempre o que aparece primeiro e que espera;
há o que chega um pouco depois e que espera ansiosamente chegar;
e há o que chega sempre atrasado, por inevitavelmente, gostar de sentir o Outro em espera.
Há sempre uma sensação no hiato de tudo isto,
há sempre uma inquietude
no verbo esperar.
domingo, 21 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
Escrita, Dança, Fotografia - Uma Densidade Real
Há dias tão cheios
há noites tão boas,
tão cheias de sorrisos em jeito de gargalhada...
que chegamos a duvidar
que algum dia estivemos tristes.
há noites tão boas,
tão cheias de sorrisos em jeito de gargalhada...
que chegamos a duvidar
que algum dia estivemos tristes.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Um acto singular
Afeiçoamo-nos aos lugares,
às circunstâncias, às Pessoas.
Tão imparcialmente quanto é possível, admiramos o que são,
respeitamos o que lhes diz respeito,
a postura, a forma de estar...
E este acto não tem outro nome,
é simplesmente "Gostar",
porque não exige nada em troca.
às circunstâncias, às Pessoas.
Tão imparcialmente quanto é possível, admiramos o que são,
respeitamos o que lhes diz respeito,
a postura, a forma de estar...
E este acto não tem outro nome,
é simplesmente "Gostar",
porque não exige nada em troca.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
...
"O corpo não só fala, como sabe bem sobre o que quer falar.
Basta apenas que se encontre o lugar em que isso acontece."
Basta apenas que se encontre o lugar em que isso acontece."
domingo, 14 de agosto de 2011
sábado, 13 de agosto de 2011
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Me, myself and i
Arrumo alguma da roupa no armário, rindo-me.
Rio-me por me ver nos dias que vão seguir-se.
Rio-me dessa estranha antecipação: eu e as "fardas".
Tiro os sapatos e acendo um cigarro.
O prazer de sentir os pés descalços pela casa...
Durante 4 noites repeti este gesto de fumar descalça antes de adormecer,
observando a cidade a inquietar-se lentamente.
Sinto um deleite imenso nestes pormenores, nestes imponderáveis que praticamos quando estamos sós.
Só nós
e a consciência.
Rio-me por me ver nos dias que vão seguir-se.
Rio-me dessa estranha antecipação: eu e as "fardas".
Tiro os sapatos e acendo um cigarro.
O prazer de sentir os pés descalços pela casa...
Durante 4 noites repeti este gesto de fumar descalça antes de adormecer,
observando a cidade a inquietar-se lentamente.
Sinto um deleite imenso nestes pormenores, nestes imponderáveis que praticamos quando estamos sós.
Só nós
e a consciência.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Rented Rooms
A única "Casa Térrea" que possuo
é a minha identidade (mesmo que duvidosa),
tudo o resto
é alugado.
é a minha identidade (mesmo que duvidosa),
tudo o resto
é alugado.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
terça-feira, 9 de agosto de 2011
FotografArte
Foi apenas num instante de olhar que te "fotografei"
e desse primeiro instante
guardo a história
de não ter história nenhuma.
e desse primeiro instante
guardo a história
de não ter história nenhuma.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
domingo, 7 de agosto de 2011
Depois da noite
Depois da curva, a noite;
depois da noite, o instante.
Vejo-a demoradamente e detenho-me nela.
A olhar pelo simples prazer de olhar.
A noite cercada por dentro;
a noite com as luzes apagadas;
a noite a acontecer sem marcas, sem a pulsação dos ruídos.
A noite fechada num arrepio que me arrasta para todas as palavras juntas,
como se não quisessem ser nada
e recusassem fazer parte
de toda e qualquer ordem.
depois da noite, o instante.
Vejo-a demoradamente e detenho-me nela.
A olhar pelo simples prazer de olhar.
A noite cercada por dentro;
a noite com as luzes apagadas;
a noite a acontecer sem marcas, sem a pulsação dos ruídos.
A noite fechada num arrepio que me arrasta para todas as palavras juntas,
como se não quisessem ser nada
e recusassem fazer parte
de toda e qualquer ordem.
sábado, 6 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
A cobiça é algo que...
Ontem percebi,
curiosamente,
que a alegria também pode ser - para muitos,
verdadeiramente insuportável.
curiosamente,
que a alegria também pode ser - para muitos,
verdadeiramente insuportável.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Cegueira dos afectos
Sempre me questionei sobre a cegueira dos afectos
mesmo quando numa presença ausente;
porque sempre gostei de forma diferente
mas nenhuma cegueira
me foi indiferente.
mesmo quando numa presença ausente;
porque sempre gostei de forma diferente
mas nenhuma cegueira
me foi indiferente.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Não só mas também...
Por vezes,
sou apenas (ou também)
a Pessoa que se procura
quando os dias são mais difíceis de serem suportados.
sou apenas (ou também)
a Pessoa que se procura
quando os dias são mais difíceis de serem suportados.
domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
Confidência
Diz o nome.
Pronuncia-o como se as sílabas queimassem os lábios
e sopra-o com a suavidade duma confidência para que o escuro apeteça.
Porque sou eu aí dentro que vagueia sem tempo nem pressas
e me recolho,
exausta.
Pronuncia-o como se as sílabas queimassem os lábios
e sopra-o com a suavidade duma confidência para que o escuro apeteça.
Porque sou eu aí dentro que vagueia sem tempo nem pressas
e me recolho,
exausta.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A Cidade a começar
Trago os cabelos despenteados e há na roupa amarrotada um prolongamento da noite,
mas que não me incomoda.
Esfrego os olhos para não alucinar com a claridade e num chiar que me pareceu, não uma lamuria mas um eco, fecho a porta branca atrás de mim.
Finalmente a caminhar... decidida, descendo a rua como se deixasse tudo para trás;
transportada por um impulso vital, segura de mim, com o rosto e o corpo totalmente lançados contra o vento.
Apesar de ainda não saber o dia de cor,
sinto necessidade de assistir ao despertar da cidade.
Após tantas horas de "recolha"
parece-me que tenho esse direito
e é por isso,
que nem olho para trás.
mas que não me incomoda.
Esfrego os olhos para não alucinar com a claridade e num chiar que me pareceu, não uma lamuria mas um eco, fecho a porta branca atrás de mim.
Finalmente a caminhar... decidida, descendo a rua como se deixasse tudo para trás;
transportada por um impulso vital, segura de mim, com o rosto e o corpo totalmente lançados contra o vento.
Apesar de ainda não saber o dia de cor,
sinto necessidade de assistir ao despertar da cidade.
Após tantas horas de "recolha"
parece-me que tenho esse direito
e é por isso,
que nem olho para trás.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Cocorosie no LUX
Amanhã no LUX
Concerto das Cocorosie anunciado para as 22h.
Poque os dias sabem bem...
quando aproveitados.
(Fica a dica)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Straight line
A velocidade a que seguia dava-lhe a oportunidade para conviver abertamente com os próprios pensamentos,
e embora desse perspectiva não fosse capaz de ver para além do seu perfil,
ela própria gostava de seguir assim, em silêncio...
silêncio que advinha do facto de não se conhecerem - por isso o aceitavam,
por isso o compreendiam sem interrogações.
Afinal,
a linha recta é a ligação mais rápida entre dois pontos
e na verdade,
nem sempre podemos avaliar o afecto pelas palavras que duas Pessoas trocam
num determinado momento.
e embora desse perspectiva não fosse capaz de ver para além do seu perfil,
ela própria gostava de seguir assim, em silêncio...
silêncio que advinha do facto de não se conhecerem - por isso o aceitavam,
por isso o compreendiam sem interrogações.
Afinal,
a linha recta é a ligação mais rápida entre dois pontos
e na verdade,
nem sempre podemos avaliar o afecto pelas palavras que duas Pessoas trocam
num determinado momento.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
A verdade da mentira
Quando, ao Gostar de Alguém
afirmamos não Gostar,
será que nos mentimos a nós próprios
ou à verdade da mentira?
afirmamos não Gostar,
será que nos mentimos a nós próprios
ou à verdade da mentira?
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Rente ao pulso
Não sei o que dizer,
especialmente quando os pulsos se enchem de um brilho ansioso
e tu estremeces,
como um pensamento chegado.
especialmente quando os pulsos se enchem de um brilho ansioso
e tu estremeces,
como um pensamento chegado.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
De olho na rua
Quando estamos com Alguém
passamos o tempo a trocar uma coisa por outra:
palavras, gestos, beijos, silêncios.
E porventura, o mais importante, a trocar uma história por outra: a minha pela tua.
Parece que precisamos vitalmente de estar sempre a imaginar histórias, a construir histórias, a contar histórias sempre diferentes a Pessoas diferentes, por ser a maneira que temos de escapar ao vazio do tempo que tudo nivela e anula.
É isso
e quase só isso,
que nos permite continuar... (a pular de história em história)
terça-feira, 12 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Manhã fora de horas
Bebi a manhã já pela metade...
e deixei-a ao lado a dormir
à procura de um rosto que era o meu,
o meu rosto secreto e verdadeiro.
E foi com ela que acordei,
com M.,
mas não nos lábios.
e deixei-a ao lado a dormir
à procura de um rosto que era o meu,
o meu rosto secreto e verdadeiro.
E foi com ela que acordei,
com M.,
mas não nos lábios.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
EntreLinhas
É linda esta Pessoa desconhecida que me olha longamente...
e que repetidas vezes
se interessa pelo meu nome.
e que repetidas vezes
se interessa pelo meu nome.
terça-feira, 5 de julho de 2011
segunda-feira, 4 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
quinta-feira, 30 de junho de 2011
(In)satisfação
Talvez seja eu a olhar demais
a sentir demais
a exigir cada vez mais...
ou talvez sejam os pormenores por si só que me procuram
e que me encontram assim...
exausta e nua,
querendo mais!
a sentir demais
a exigir cada vez mais...
ou talvez sejam os pormenores por si só que me procuram
e que me encontram assim...
exausta e nua,
querendo mais!
segunda-feira, 27 de junho de 2011
domingo, 26 de junho de 2011
As ruas de Lisboa ontem...
...provavelmente na maior multiplicidade de Pessoas de sempre.
O Terreiro do Paço a encher-se do Arraial Pride, tirando (para muitos) barriga e olhos de miséria, onde a tudo se dá atenção menos à música que por lá passa;
o Teatro S. Jorge a encher-se de palavras no Poetry Slam, que improvisadas ou não, provêm de qualquer um que se diz amante do "sentir por escrito";
o Bairro Alto, que de tão cheio nem se sabia propriamente onde se estava - se na casa de alguém com terraço ampliado, se na rua de alguém com autorização para festa privada, se num outro país de alguém... que não o meu, porque literalmente "fora da sinalética do quadro".
A noite esteve fisicamente quente, textualmente densa.
E dou por mim, fora de horas, a descer a Rua íngreme da Garrett, sem saber que informação dar aos pés - que de tão extenuados já nem sabiam o caminho, nem tão pouco como executar o instante em que um se cruza com o outro, projectando os passos que já não conseguia dar.
O redor,
era apenas Lisboa.
Quieta, parada.
Nos meus pés.
O Terreiro do Paço a encher-se do Arraial Pride, tirando (para muitos) barriga e olhos de miséria, onde a tudo se dá atenção menos à música que por lá passa;
o Teatro S. Jorge a encher-se de palavras no Poetry Slam, que improvisadas ou não, provêm de qualquer um que se diz amante do "sentir por escrito";
o Bairro Alto, que de tão cheio nem se sabia propriamente onde se estava - se na casa de alguém com terraço ampliado, se na rua de alguém com autorização para festa privada, se num outro país de alguém... que não o meu, porque literalmente "fora da sinalética do quadro".
A noite esteve fisicamente quente, textualmente densa.
E dou por mim, fora de horas, a descer a Rua íngreme da Garrett, sem saber que informação dar aos pés - que de tão extenuados já nem sabiam o caminho, nem tão pouco como executar o instante em que um se cruza com o outro, projectando os passos que já não conseguia dar.
O redor,
era apenas Lisboa.
Quieta, parada.
Nos meus pés.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
ContraTempo
Quem nunca provou a espera?
Essa que queima, que inquieta, que pesa, que nos empurra como se fossemos a parede, a implosão de nós mesmos.
Geralmente é assim:
não saber o que fazer ou para onde olhar... e o tempo a transfigurar-se em contratempo.
Acender um cigarro, fumá-lo.
Apagá-lo com o pé ou esmagá-lo num cinzeiro que raramente existe à mão.
A incerteza.
A ideia de ser, num momento, o alvo de todas as atenções, de todos os olhares que nos perseguem e que raramente são,
os por quem realmente esperamos.
Essa que queima, que inquieta, que pesa, que nos empurra como se fossemos a parede, a implosão de nós mesmos.
Geralmente é assim:
não saber o que fazer ou para onde olhar... e o tempo a transfigurar-se em contratempo.
Acender um cigarro, fumá-lo.
Apagá-lo com o pé ou esmagá-lo num cinzeiro que raramente existe à mão.
A incerteza.
A ideia de ser, num momento, o alvo de todas as atenções, de todos os olhares que nos perseguem e que raramente são,
os por quem realmente esperamos.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Mutismo electivo
Há coisas que não sei dizer.
Penso-as, vejo-as claramente a acontecer
mas não as consigo dizer.
Penso-as, vejo-as claramente a acontecer
mas não as consigo dizer.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Ignorância
É assim que permaneces em mim,
na colisão,
no pulsar rasante,
numa provocação constante,
inocente, impenetrável...
...e tu não o sabes.
na colisão,
no pulsar rasante,
numa provocação constante,
inocente, impenetrável...
...e tu não o sabes.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
Em memória áquele tempo...
...em que as noites se estendiam de porta aberta para quem quisesse entrar,
ler
ouvir
observar
ou tão simplesmente,
estar.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Ressaca da noite
Atinge as palavras com fúria.
Avança na direcção da rouquidão da noite.
Sabes que é assim que se colhem paixões:
com o cutelo do sonho empunhado,
os olhos esganados de desejo
e o corpo a tremer,
numa ressaca de ternura.
Avança na direcção da rouquidão da noite.
Sabes que é assim que se colhem paixões:
com o cutelo do sonho empunhado,
os olhos esganados de desejo
e o corpo a tremer,
numa ressaca de ternura.
domingo, 12 de junho de 2011
sábado, 11 de junho de 2011
Who is it?
Interessa-me a Pessoa hoje.
Quem se é Hoje.
Até porque quando me batem à porta,
nunca se pergunta:
"Quem foste?"
Quem se é Hoje.
Até porque quando me batem à porta,
nunca se pergunta:
"Quem foste?"
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Obrigatoriedade da palavra
A primeira palavra é uma curva e depois dela a realidade transfigura-se.
É um grito que irrompe sem contornos específicos,
tem a força de querer ser e por isso nada a demove - e também por isso se torna inesperada.
A palavra, que não sendo nada, tem a urgência de um significado.
À primeira junta-se uma outra e depois dela mais outra e outra... cada uma tão específica na sua forma como a que está ao lado.
Talvez por isso as palavras que existem se tornem relativas, materializam-se,
aparecem realmente definidas num espaço
e obrigadas a coexistir.
É um grito que irrompe sem contornos específicos,
tem a força de querer ser e por isso nada a demove - e também por isso se torna inesperada.
A palavra, que não sendo nada, tem a urgência de um significado.
À primeira junta-se uma outra e depois dela mais outra e outra... cada uma tão específica na sua forma como a que está ao lado.
Talvez por isso as palavras que existem se tornem relativas, materializam-se,
aparecem realmente definidas num espaço
e obrigadas a coexistir.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Combustão orgânica
Há dias, em que o nome
é um fósforo a arder-me na ponta dos dedos,
queimando todos os objectos em que toco.
é um fósforo a arder-me na ponta dos dedos,
queimando todos os objectos em que toco.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
domingo, 5 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Where's my mind?
Às vezes mais valia trocar de cabeça,
virarmo-nos de pernas para o ar, fazer o pino,
deixar cair as palavras e soltar gatafunhos,
de forma a que juntos não façam qualquer sentido.
O que também sabe bem,
de vez em quando.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
SER-se. Ou não ser.
Acredito, sem dúvida alguma, que mais vale cair vezes sem conta mas sabermos quem SOMOS,
do que passar uma Vida a tentar ser-se uma qualquer outra coisa...
que nunca se chega a saber bem o que é.
E também por isso,
de nada vale dizerem-me "como devo agir",
se isso não coincidir com aquilo que SOU.
do que passar uma Vida a tentar ser-se uma qualquer outra coisa...
que nunca se chega a saber bem o que é.
E também por isso,
de nada vale dizerem-me "como devo agir",
se isso não coincidir com aquilo que SOU.
terça-feira, 31 de maio de 2011
When voices are like medusas
Serve-te das palavras,
como se elas próprias te estivessem a servir à mesa.
como se elas próprias te estivessem a servir à mesa.
domingo, 29 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
Open Day na Lx Factory
A Ilha da criatividade plantada no colo de Alcântara, esteve ontem de portas abertas para quem quisesse variar dos dias rotineiros e das noites do Bairro, Cais do Sodré e afins...
E valeu a pena! embora os espaços fizessem lembrar uma micro-estufa a céu aberto, de tanto calor que estava.
Fora isso - que não foi sequer um problema - desde a Livraria Ler Devagar, onde me sinto em casa e que a partir das 23h soava o concerto de Jazz de Marta Hugon e Filipe Melo; ao Café Malaca que saía igualmente para a rua; aos pisos do edifício-mãe que chamavam para que entrássemos e ficássemos, até querer; aos concertos múltiplos, imagens, performance, fotografia... todas boas razões para que a visita não se fique por aqui;
Tudo boas razões para voltar num outro dia e aproveitar a "Cantina" ou o "Mesa"...
Tudo boas razões para:
"Permitam-se ousar a vergonha. E sejam originais."
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Fechar o capítulo e andar!
Passamos tempos a fio a pensar...
a criar dúvidas que se tornam incertezas, a achar que aqui ou ali não é o nosso poiso e que de uma forma ou de outra não encaixamos nos dias;
Passamos tempos à procura de certezas,
à procura de respostas fora do plano de visão, quando elas próprias existem dentro do EU que dizemos não conhecer;
Passamos tempos a "medir" a inteligência e/ou a julgar a "burrice" alheia, quando a mais pura da burrice não é o Não saber! mas sim,
o saber a resposta
e não a querer aceitar.
a criar dúvidas que se tornam incertezas, a achar que aqui ou ali não é o nosso poiso e que de uma forma ou de outra não encaixamos nos dias;
Passamos tempos à procura de certezas,
à procura de respostas fora do plano de visão, quando elas próprias existem dentro do EU que dizemos não conhecer;
Passamos tempos a "medir" a inteligência e/ou a julgar a "burrice" alheia, quando a mais pura da burrice não é o Não saber! mas sim,
o saber a resposta
e não a querer aceitar.
terça-feira, 24 de maio de 2011
A simplicidade das coisas raras
Para mim, a beleza das coisas nunca é o exuberante.
Existe por si mesma e manifesta-se,
e é isso que me esmaga.
Existe por si mesma e manifesta-se,
e é isso que me esmaga.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
O mais provável dos improváveis
O provável (para uns) não tem história
e o previsível (para outros),
não tem qualquer interesse.
e o previsível (para outros),
não tem qualquer interesse.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Mera observação, ou necessidade.
Grande parte das Pessoas - umas mais do que outras,
precisam simplesmente de seguir em frente
porque o que deixaram para trás
ainda dói.
precisam simplesmente de seguir em frente
porque o que deixaram para trás
ainda dói.
terça-feira, 17 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Not always...
Nem tudo o que se diz é sentido,
nem tudo o que se diz é dito da forma mais adequada,
nem tudo o que se ouve é bem interpretado,
nem tudo o que fazemos
corresponde ao que SOMOS.
nem tudo o que se diz é dito da forma mais adequada,
nem tudo o que se ouve é bem interpretado,
nem tudo o que fazemos
corresponde ao que SOMOS.
domingo, 15 de maio de 2011
(Far)away. So close.
São precisos anos para aprender aquilo que apenas acontece com a distância do tempo.
Não sei que tipo de entendimento encontrámos, não nos conhecemos bem.
Sabemos o essencial e inventamos tudo o resto.
No entanto, quando nos encontramos, somos sempre o mesmo nome.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Só queremos uma cama, mas se não houver contentamo-nos com o chão,
e se não houver,
contentamo-nos com um abraço.
Não nos conhecemos bem,
e no entanto, somos sempre
o mesmo nome.
Não sei que tipo de entendimento encontrámos, não nos conhecemos bem.
Sabemos o essencial e inventamos tudo o resto.
No entanto, quando nos encontramos, somos sempre o mesmo nome.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Só queremos uma cama, mas se não houver contentamo-nos com o chão,
e se não houver,
contentamo-nos com um abraço.
Não nos conhecemos bem,
e no entanto, somos sempre
o mesmo nome.
sábado, 14 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Devant les yeux
Lembra-se dela...
do seu ar de absoluta paz e tranquilidade mas também daquela "sombra" - ora alegre ou melancólica - que lhe enevoava os olhos e que hoje tem pena de não ter decifrado a tempo.
Era bonita. Achava-a bonita.
Era magra, alta, frágil à vista, com uma expressão "menina Botticelli" e olhar pensativo, embrulhado em tristeza súbita ou desembrulhado de alegria.
A voz era musical e segura, ao contrário dela (por vezes) que parecia ainda não mais do que uma miúda. Mas não era infantil, tinha sim, trejeitos de criança, que conforme o humor,
ora a tornavam distante,
ora irresistível.
do seu ar de absoluta paz e tranquilidade mas também daquela "sombra" - ora alegre ou melancólica - que lhe enevoava os olhos e que hoje tem pena de não ter decifrado a tempo.
Era bonita. Achava-a bonita.
Era magra, alta, frágil à vista, com uma expressão "menina Botticelli" e olhar pensativo, embrulhado em tristeza súbita ou desembrulhado de alegria.
A voz era musical e segura, ao contrário dela (por vezes) que parecia ainda não mais do que uma miúda. Mas não era infantil, tinha sim, trejeitos de criança, que conforme o humor,
ora a tornavam distante,
ora irresistível.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Indie Lisboa
E assim se inicia mais um Indie Lisboa (11), desta feita com as "Longas:
" ATTENBERG" de Athina Tsangari: onde o constrangimento de Marina perante o sexo passa a ser um desafio... - cinema Grego que parece estar a dar os seus passos consistentes;
"LES AMOURS IMAGINAIRES" de Xavier Dolan: 3 é demais...principalmente se somado um amor não correspondido e uma amizade que aparentava ser indestrutível...
Ambos no Cinema S. Jorge, com reposição do 1º para o dia 10 (3ªf) às 21h30 e aproveitando o local, porque não permanecer até às 24h para assistir ao "ALL GOOD CHILDREN" de Alicia Duffy - isto para os mais resistentes, ou sortudos que não trabalham na manhã seguinte.
(para mais dicas: www.indielisboa.com)
" ATTENBERG" de Athina Tsangari: onde o constrangimento de Marina perante o sexo passa a ser um desafio... - cinema Grego que parece estar a dar os seus passos consistentes;
"LES AMOURS IMAGINAIRES" de Xavier Dolan: 3 é demais...principalmente se somado um amor não correspondido e uma amizade que aparentava ser indestrutível...
Ambos no Cinema S. Jorge, com reposição do 1º para o dia 10 (3ªf) às 21h30 e aproveitando o local, porque não permanecer até às 24h para assistir ao "ALL GOOD CHILDREN" de Alicia Duffy - isto para os mais resistentes, ou sortudos que não trabalham na manhã seguinte.
(para mais dicas: www.indielisboa.com)
sábado, 7 de maio de 2011
Cumplicidades
...por vezes deixava-me dormir enquanto ouvia a voz, embalava com a voz.
Mas hoje tenho a certeza:
que o mais difícil mas igualmente o mais sublime de partilhar entre duas Pessoas,
é o silêncio.
Esse tradutor de cumplicidade.
Mas hoje tenho a certeza:
que o mais difícil mas igualmente o mais sublime de partilhar entre duas Pessoas,
é o silêncio.
Esse tradutor de cumplicidade.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
O (Re)verso dos Outros
À medida que me vou cruzando com a vida dos Outros, reparo que as atitudes das relações, sejam elas quais forem, espelham sempre a mesma questão:
os dois lados da moeda.
Uma das Pessoas parece ser a cara e a outra a coroa.
Cada uma delas é, apenas, uma parte da moeda - não se dando ao "trabalho" de SEREM em conjunto.
Daí o difícil ser mesmo torná-la no que ela realmente é,
"uma única moeda" e não,
"uma moeda com frente e verso".
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Vista do Metro
...ao fundo Alguém grita estarmos rodeados de Jeovás,
ao meu lado esquerdo um homem que critica a roupa da mulher (que saiu à rua sem se pentear),
à minha frente 2 projectos de homem, exalando a excitação da festa de 6ªf "Bordel" na LxFactory (para a qual curiosamente tinha bilhetes),
do lado direito uma rapariga que relê todas as sms do telemóvel, para se garantir ter uma vida preenchida (mesmo que de enganos).
O Metro é sem dúvida, o maior ponto de encontro de Vidas, díspares.
ao meu lado esquerdo um homem que critica a roupa da mulher (que saiu à rua sem se pentear),
à minha frente 2 projectos de homem, exalando a excitação da festa de 6ªf "Bordel" na LxFactory (para a qual curiosamente tinha bilhetes),
do lado direito uma rapariga que relê todas as sms do telemóvel, para se garantir ter uma vida preenchida (mesmo que de enganos).
O Metro é sem dúvida, o maior ponto de encontro de Vidas, díspares.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Em Dia Mundial da Dança...
"Uma coisa em forma de assim".
Fica a dica, para quem a quiser aproveitar - até dia 8 de Maio no Teatro Camões.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Tão Tu
Há Pessoas que me "surgem" por momentos, como flashes.
em sítios
gestos
posturas
pensamentos...
Tu pertences à noite,
principalmente quando sais ou entras nela.
Aí mostras-te,
enches-te
entregas-te
tão livre...
tão TU.
em sítios
gestos
posturas
pensamentos...
Tu pertences à noite,
principalmente quando sais ou entras nela.
Aí mostras-te,
enches-te
entregas-te
tão livre...
tão TU.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
DançArte
A escrita assemelha-se a um corpo quando cai ao tentar a sua sorte,
nenhum poder ordena no papel
essa dança inquieta.
nenhum poder ordena no papel
essa dança inquieta.
domingo, 24 de abril de 2011
Impulsos
Podemos sempre agir em conformidade com o que sentimos,
o segredo está
na forma como o fazemos.
o segredo está
na forma como o fazemos.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
As aparências (também) iludem
Há dias em que a minha "fragilidade" física
se torna o maior contraste de mim mesma.
se torna o maior contraste de mim mesma.
domingo, 17 de abril de 2011
Em mais um dia coincidente
Abro um livro que há muito não se sentia relido,
numa página ao calhas - hábito que por vezes me acompanha
e releio:
"Marta!, quero ler-te um poema e conversar contigo. Não faças já essa cara! Não sei se ainda o sei de cor mas... Antes disso, tenho a dizer que... acho que nunca tive esperanças de nada, ao contrário de ti. Aprendeste a lutar pelas coisas até ao limite do impossível, não do possível. O possível está ao nosso alcance, dirias. Só o impossível nos desafia verdadeiramente. Aí diverges da maioria, que se limita a dizer: isto é muito difícil!
Desculpa, já leio o poema! sabes como gosto de conversar contigo e como isso tem acontecido pouco nos últimos tempos... Nunca tens tempo! E por falar em tempo, há muito que não lia este poema, o que tenho para te dizer, ou melhor, o que iria dizer... porque uma vez mais, ao contrário de ti, já não o sei de cor."
Há coincidências felizes, ou não.
E por falar em tempo, desculpem-me aqueles a que não tenho tido "tempo" - porque esse, não me pertence. O meu tempo dou-o todo.
Não tem sobrado para mim.
numa página ao calhas - hábito que por vezes me acompanha
e releio:
"Marta!, quero ler-te um poema e conversar contigo. Não faças já essa cara! Não sei se ainda o sei de cor mas... Antes disso, tenho a dizer que... acho que nunca tive esperanças de nada, ao contrário de ti. Aprendeste a lutar pelas coisas até ao limite do impossível, não do possível. O possível está ao nosso alcance, dirias. Só o impossível nos desafia verdadeiramente. Aí diverges da maioria, que se limita a dizer: isto é muito difícil!
Desculpa, já leio o poema! sabes como gosto de conversar contigo e como isso tem acontecido pouco nos últimos tempos... Nunca tens tempo! E por falar em tempo, há muito que não lia este poema, o que tenho para te dizer, ou melhor, o que iria dizer... porque uma vez mais, ao contrário de ti, já não o sei de cor."
Há coincidências felizes, ou não.
E por falar em tempo, desculpem-me aqueles a que não tenho tido "tempo" - porque esse, não me pertence. O meu tempo dou-o todo.
Não tem sobrado para mim.
sábado, 16 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Pontos coincidentes
Há nos dias quem passe por nós sem "entrar",
há os que "entram" sem ser preciso passar por nós - e que ficam.
Há ainda os que se fazem convidados a entrar à hora da saída
e os que desejamos convidar mas que saem
mesmo antes de chegarem a entrar.
E é isto os dias,
feitos de coincidências e (des)encontros.
há os que "entram" sem ser preciso passar por nós - e que ficam.
Há ainda os que se fazem convidados a entrar à hora da saída
e os que desejamos convidar mas que saem
mesmo antes de chegarem a entrar.
E é isto os dias,
feitos de coincidências e (des)encontros.
domingo, 10 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Opacidade das palavras
Fala, sê o último a falar mas não separes o não do sim.
Dá-lhe um sentido, uma sombra.
Olha à volta,
estreita-te no lugar onde te encontras,
ascende, torna-te mais ténue, mais irreconhecível, mais transparente...
mas Sê!
Dá-lhe um sentido, uma sombra.
Olha à volta,
estreita-te no lugar onde te encontras,
ascende, torna-te mais ténue, mais irreconhecível, mais transparente...
mas Sê!
terça-feira, 5 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
O Mundo Gigante de um Homem Falido
Uma peça do autor francês David Lescot, em que se fala do actual estado das coisas, de como a identidade de uma qualquer coisa se sobrepõe à nossa própria identidade, ou de como um homem falido desaparece sem deixar rasto, de como o homem sem materialismo se torna material.
Todos começamos com "coisas". Demasiadas coisas à nossa volta.
Todos nós nos poderemos considerar "falidos", de uma forma ou de outra. Uns porque sem trabalho, sem dinheiro, outros sem afectos, sem Pessoas, sem palavras, sem...
Dá que pensar, a forma como tudo isso levou este "Homem falido" a encolher. Ao ponto de se deixar apoderar do ócio e do tédio; ao ponto de até o respirar ser doseado para economizar; ao ponto de viver sem nada mas demasiado cheio de si próprio...
Talvez seja mais comum do que parece, a ausência de materialismo se tornar imaterial
e o existencial tornar-se prioritário.
Vivemos todos num mundo de Gigantes
onde quase todos se "dizem"
e poucos são os que "fazem".
terça-feira, 29 de março de 2011
??
Sentada,
num canto do minúsculo espaço onde me encontrava, não pude deixar de ouvir:
"Para seduzir uma Mulher é preciso falar mil horas."
Talvez não tenham ainda percebido de que o que existe não são "horas contadas",
é todo um jogo que por vezes vale a pena jogar - cada um com o seu papel - mas que pelos vistos não está implícito para todos.
num canto do minúsculo espaço onde me encontrava, não pude deixar de ouvir:
"Para seduzir uma Mulher é preciso falar mil horas."
Talvez não tenham ainda percebido de que o que existe não são "horas contadas",
é todo um jogo que por vezes vale a pena jogar - cada um com o seu papel - mas que pelos vistos não está implícito para todos.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Herança
O meu avô vivia da papelaria.
Atravessou a vida praticamente em silêncio e nos poucos intervalos de que dispunha, tal como eu, agarrava na máquina fotográfica e desaparecia. Ninguém sabia onde estaria, nem mesmo depois de verem as fotografias alinhadas no albúm, por datas e locais.
Na altura não sabíamos para que serviam, eram apenas fotografias.
Hoje percebo-o como ninguém.
Quando daqui a uns anos encontrarem no meu baú - sim, tenho um baú - a minha herança, aquela que guardo no conforto suave de um esconderijo, talvez percebam do que falo.
Hoje, ainda não posso falar com aquele silêncio com que nos entendíamos e o que me comove nas fotos que deixaste, é a possibilidade de te/me conhecer.
O quase poder tocar naquele tempo.
Ensinaste-me a VER. Deixaste-me este gosto de herança e o que eu deixo é só para quem quiser ver. Gosto de sentir esta "bagagem", este "recortar" o tempo e ir a sítios que quero ainda levar comigo. A fotografia dá-me igualmente a sensação de esperar do momento o que sabemos que Outros nunca nos darão, o estender o instante sem saber o que virá.
Escrevo isto porque estou a olhar para as tuas fotografias. Em silêncio. Como gostas.
Não sei o que pensas que deixaste.
Sei que trago o teu nome comigo
e só o entrego
a quem provar pertencer-lhe.
sábado, 26 de março de 2011
Que sais-je?
Quando num qualquer lugar não se conhece ninguém,
olha-se à volta. Ou não.
Para falar tem que se começar a falar. E em geral é pelo mesmo.
Há uma urgência em saber o nome e a ocupação da Pessoa que encontramos pela primeira vez - porque se tem pavor do indefinido.
Como se com isso,
se se ficasse a saber alguma coisa...
olha-se à volta. Ou não.
Para falar tem que se começar a falar. E em geral é pelo mesmo.
Há uma urgência em saber o nome e a ocupação da Pessoa que encontramos pela primeira vez - porque se tem pavor do indefinido.
Como se com isso,
se se ficasse a saber alguma coisa...
terça-feira, 22 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
(Trans)formação
Quando nos deitamos à noite
já não somos exactamente a mesma Pessoa de quando nos levantámos de manhã.
A vida altera-nos constantemente.
Sobretudo quando se apresenta de forma inesperada.
já não somos exactamente a mesma Pessoa de quando nos levantámos de manhã.
A vida altera-nos constantemente.
Sobretudo quando se apresenta de forma inesperada.
sexta-feira, 18 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Publicidade
A sujidade do chão durante as refeições;
a Mulher de robe vermelho e óculos escuros a cirandar pela casa como se o sol lhe viesse do tecto;
o tempo a demorar-se nas fotografias da sala;
a porta da rua a gritar a abertura;
alguém que pára a distribuir publicidade nas caixas de correio do prédio em frente;
a Mulher de robe vermelho que se senta impaciente e diariamente à espera de cartas, à espera que alguém toque, que alguém venha, que alguém se importe;
a porta da rua que se abre, o exercitar da voz, a publicidade que se apinha onde nem mais um panfleto cabe na ranhura;
Todos os dias o robe, os óculos, a roupa direita em cima da cadeira como se ela fosse sair do chuveiro de toalha a qualquer instante;
as calças, a camisa, os sapatos;
a solidão dos dedos à noite, à procura de sentido numa almofada de flanela vazia;
todos os dias a felicidade a fazer-se ali, naquele instante em que a campainha toca:
- Publicidade p.f.! Obrigada.
domingo, 13 de março de 2011
...
Deitas-te sem mais palavras
porque as palavras ocupam espaço,
demasiado espaço no silêncio dos gestos que se querem ditos,
em voz baixa
como que segredados ao ouvido da pele.
porque as palavras ocupam espaço,
demasiado espaço no silêncio dos gestos que se querem ditos,
em voz baixa
como que segredados ao ouvido da pele.
quarta-feira, 9 de março de 2011
(Re)Começar todos os Dias
"Recomeçar, recomeçamos todos os dias quando acordamos e nos levantamos".
Parece quase sem significado de tão óbvia,
mas esta equação acompanha-me desde há uns anos.
Talvez porque me lembra que todos os dias agradeço ao acordar,
talvez porque encerra uma disposição positiva que aprendi a ter na vida,
talvez porque minimiza as "grandes" questões que vão demorar tempo a resolver e me lembra,
de que todos os dias são dias
para se Viver.
Parece quase sem significado de tão óbvia,
mas esta equação acompanha-me desde há uns anos.
Talvez porque me lembra que todos os dias agradeço ao acordar,
talvez porque encerra uma disposição positiva que aprendi a ter na vida,
talvez porque minimiza as "grandes" questões que vão demorar tempo a resolver e me lembra,
de que todos os dias são dias
para se Viver.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Coacção do Tempo
Acendo a luz e encaro o espelho.
Passo as mãos em torno dos olhos, puxo as têmporas para cima, desfaço as marcas da testa, alisando-a.
O tempo passa e confesso que não vi.
- Quem és tu?
Porque não envelhecemos de maneira uniforme, as linhas acentuam-se gradualmente, as mãos ficam progressivamente mais seda, os olhos passam do brilho ao opaco.
De repente acordamos e o rosto que tínhamos é agora substituído por um outro, que recebemos coagidos e que se diz contador de histórias.
E sem querer, espelha-se a pergunta pendurada na imagem:
- Quem és tu?
e aquilo que fui, em (quase) nada se parece com aquilo que Sou.
Passo as mãos em torno dos olhos, puxo as têmporas para cima, desfaço as marcas da testa, alisando-a.
O tempo passa e confesso que não vi.
- Quem és tu?
Porque não envelhecemos de maneira uniforme, as linhas acentuam-se gradualmente, as mãos ficam progressivamente mais seda, os olhos passam do brilho ao opaco.
De repente acordamos e o rosto que tínhamos é agora substituído por um outro, que recebemos coagidos e que se diz contador de histórias.
E sem querer, espelha-se a pergunta pendurada na imagem:
- Quem és tu?
e aquilo que fui, em (quase) nada se parece com aquilo que Sou.
terça-feira, 1 de março de 2011
Transformação Pessoal
Na imaginação já perto da "invalidez",
reinventa-se uma vida na qual nascemos cheios de vícios, necessidades descabidas, ausências, medos, obsessões...
e aos poucos,
evoluímos,
perdendo toda a corrupção até atingir novamente a inocência.
E a criança que fomos, a que fui,
transforma-se como seria óbvio, em experiência,
e as experiências enriquecem
embrutecendo.
reinventa-se uma vida na qual nascemos cheios de vícios, necessidades descabidas, ausências, medos, obsessões...
e aos poucos,
evoluímos,
perdendo toda a corrupção até atingir novamente a inocência.
E a criança que fomos, a que fui,
transforma-se como seria óbvio, em experiência,
e as experiências enriquecem
embrutecendo.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Dias de Outros
Guarda-a ainda na memória.
Cansado, atirou a roupa por ordem arbitrária para a cadeira vazia encostada à secretaria.
Os seus desejos reduziam-se a uma noite bem dormida.
Puxou o estore para assegurar que a luz da manhã não o perturbava.
Contudo, deixou uma frincha por cerrar.
Como se aquela ponta de luz, fosse a garantia
de que iria acordar no dia seguinte.
Cansado, atirou a roupa por ordem arbitrária para a cadeira vazia encostada à secretaria.
Os seus desejos reduziam-se a uma noite bem dormida.
Puxou o estore para assegurar que a luz da manhã não o perturbava.
Contudo, deixou uma frincha por cerrar.
Como se aquela ponta de luz, fosse a garantia
de que iria acordar no dia seguinte.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Rosto sem Tempo
Todos os dias procuras o que não pudeste encontrar até hoje.
Aceita o conselho,
Não é aquilo que se perde que te falta.
Repara nas sombras, nos gestos, nas memórias, nas rugas de expressão e dá-lhes vida.
Cerra os olhos para reconheceres o que se encontra ao teu lado, porque efectivamente, o tempo passa... e tempo é sorte.
Repara finalmente no teu rosto, hás-de surpreendê-lo.
Aproxima-te,
porque ele nem sequer te vê.
Aceita o conselho,
Não é aquilo que se perde que te falta.
Repara nas sombras, nos gestos, nas memórias, nas rugas de expressão e dá-lhes vida.
Cerra os olhos para reconheceres o que se encontra ao teu lado, porque efectivamente, o tempo passa... e tempo é sorte.
Repara finalmente no teu rosto, hás-de surpreendê-lo.
Aproxima-te,
porque ele nem sequer te vê.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
(In)solúvel
Nada tem uma solução definitiva
e não há nada que não tenha
algum tipo de solução provisória.
e não há nada que não tenha
algum tipo de solução provisória.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Can you trust?
Noite dentro...
Sigo em frente com o batuque surdo do house, que aos poucos se fecha sobre mim como água destilada.
Muitos usam óculos escuros para enganar a noite pelo dia, outros expõem as pupilas dilatadas.
Por um instante, divirto-me com a ideia de que sou irremediavelmente observadora e anacrónica.
Sigo para o bar. Encontro quem já não se via há meses e o cumprimento surge com um acenar de cabeça. Diz-se, um acto civilizado.
Leve... prestes a flutuar num ar consumido de gente, enquanto a letra da música grita: "Can you trust yourself?"
Alguém ergue o copo, olha o relógio, a porta.
Brinda-se a tudo e a todos.
"Can you trust yourself?"
Danço a despeito de mim mesma, giro na cadência das batidas e a cabeça aérea corre à velocidade da luz. O corpo movimenta-se sem comando, sem vontade própria e procuro o rosto.
Os olhos fixos nos meus - aquele rosto sem idade, qualquer coisa entre os 30 e os 40.
Corro os olhos em volta. Fecho-os. Sinto a letra:
"Can you trust yourself?" - e saio.
Entro umas horas mais tarde em casa. Sento-me no cansaço do corpo dormente e escrevo no papel que tenho mais à mão:
O que Sou,
é o Lugar mais seguro que conheço.
Sigo em frente com o batuque surdo do house, que aos poucos se fecha sobre mim como água destilada.
Muitos usam óculos escuros para enganar a noite pelo dia, outros expõem as pupilas dilatadas.
Por um instante, divirto-me com a ideia de que sou irremediavelmente observadora e anacrónica.
Sigo para o bar. Encontro quem já não se via há meses e o cumprimento surge com um acenar de cabeça. Diz-se, um acto civilizado.
Leve... prestes a flutuar num ar consumido de gente, enquanto a letra da música grita: "Can you trust yourself?"
Alguém ergue o copo, olha o relógio, a porta.
Brinda-se a tudo e a todos.
"Can you trust yourself?"
Danço a despeito de mim mesma, giro na cadência das batidas e a cabeça aérea corre à velocidade da luz. O corpo movimenta-se sem comando, sem vontade própria e procuro o rosto.
Os olhos fixos nos meus - aquele rosto sem idade, qualquer coisa entre os 30 e os 40.
Corro os olhos em volta. Fecho-os. Sinto a letra:
"Can you trust yourself?" - e saio.
Entro umas horas mais tarde em casa. Sento-me no cansaço do corpo dormente e escrevo no papel que tenho mais à mão:
O que Sou,
é o Lugar mais seguro que conheço.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Gente da minha Terra
08h10 min.
Faz frio.
As extremidades geladas nas ruas desta manhã.
Faltavam 20 minutos para iniciar consultas e resolvo antecipar a rotina costumeira que me apraz.
Entro na frutaria e a Dª Maria lá está, Mulher carrancuda que não dá folga à frieza mas que ainda assim, de lés em lés, esboça um sorriso quando me meto com ela.
Ao percorrer o corredor surge a filha - visto ser um negócio de família - avança na minha direcção:
"Já tenho ali a sua fruta separada. Hoje as papaias estão como gosta e a salsa vai inteira!"
2ª Paragem: Mercado
"Bom dia menina, hoje veio mais cedo! Já tenho aqui as suas pevides mas hoje mais caras 0,25€. Isto a vida está pela hora da morte!..."
Entro na conversa, pergunto-lhe como passam os dias por ela, começando as queixas de todas as maleitas do corpo e da alma. Pago. Deixo o sorriso de troco e saio.
3ª Paragem: Quase a chegar
Ao subir a rua íngreme surge à porta da Drogaria o Sr. António - dono desde sempre, tal como curioso: "Bom dia menina, esta semana também veio para estes lados!?... mais trabalhinho não é? que tenha muita sorte e saudinha!"
Deixo mais um sorriso pendurado e retomo a subida.
Quase a chegar...
"Minha querida olhe o que eu tenho aqui! Hoje as Margaridas estão abertas e frescas como gosta! Leve agora esta para começar bem o dia!"
4ª Paragem: Consultório
Abro a porta e os cumprimentos prolongam-se.
Dirijo-me à sala, sento-me, pouso tudo o que merece repouso e o sorriso que deixei "pendurado" lá fora volta ao remetente e nesse momento, tudo o que sinto é que me soube pela vida,
o sentir-me em casa
neste lugar onde todos se conhecem.
Faz frio.
As extremidades geladas nas ruas desta manhã.
Faltavam 20 minutos para iniciar consultas e resolvo antecipar a rotina costumeira que me apraz.
Entro na frutaria e a Dª Maria lá está, Mulher carrancuda que não dá folga à frieza mas que ainda assim, de lés em lés, esboça um sorriso quando me meto com ela.
Ao percorrer o corredor surge a filha - visto ser um negócio de família - avança na minha direcção:
"Já tenho ali a sua fruta separada. Hoje as papaias estão como gosta e a salsa vai inteira!"
2ª Paragem: Mercado
"Bom dia menina, hoje veio mais cedo! Já tenho aqui as suas pevides mas hoje mais caras 0,25€. Isto a vida está pela hora da morte!..."
Entro na conversa, pergunto-lhe como passam os dias por ela, começando as queixas de todas as maleitas do corpo e da alma. Pago. Deixo o sorriso de troco e saio.
3ª Paragem: Quase a chegar
Ao subir a rua íngreme surge à porta da Drogaria o Sr. António - dono desde sempre, tal como curioso: "Bom dia menina, esta semana também veio para estes lados!?... mais trabalhinho não é? que tenha muita sorte e saudinha!"
Deixo mais um sorriso pendurado e retomo a subida.
Quase a chegar...
"Minha querida olhe o que eu tenho aqui! Hoje as Margaridas estão abertas e frescas como gosta! Leve agora esta para começar bem o dia!"
4ª Paragem: Consultório
Abro a porta e os cumprimentos prolongam-se.
Dirijo-me à sala, sento-me, pouso tudo o que merece repouso e o sorriso que deixei "pendurado" lá fora volta ao remetente e nesse momento, tudo o que sinto é que me soube pela vida,
o sentir-me em casa
neste lugar onde todos se conhecem.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Anamnese
Viver no passado, para quem não tem esse hábito,
é um dos sintomas de irrefutável envelhecimento
e nas artes, sinal de propensão para a mais que certa decadência.
É claro que, como tudo, há excepções.
Mas ainda assim, abreviando as excepções - culpa nossa por certo - fixados que estamos numa imagem do que tivemos ou do que fomos,
não vivemos DE memórias mas PARA elas.
Em suma,
um Hoje parado
por culpa de um Ontem
que impede um Amanhã.
é um dos sintomas de irrefutável envelhecimento
e nas artes, sinal de propensão para a mais que certa decadência.
É claro que, como tudo, há excepções.
Mas ainda assim, abreviando as excepções - culpa nossa por certo - fixados que estamos numa imagem do que tivemos ou do que fomos,
não vivemos DE memórias mas PARA elas.
Em suma,
um Hoje parado
por culpa de um Ontem
que impede um Amanhã.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Musicalidade
Hoje ouviu-se a música preferida da mão,
um afecto
uma palavra
um Gostar sempre cheio
que embora maltratado,
esquecido
embrulhado na noite
é quente e exuberante,
por vezes disperso ou até mesmo distante.
Mas sempre cheio.
um afecto
uma palavra
um Gostar sempre cheio
que embora maltratado,
esquecido
embrulhado na noite
é quente e exuberante,
por vezes disperso ou até mesmo distante.
Mas sempre cheio.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
À Flor da Pele
Deram-me o lado quente da casa para morar.
Balbucio um som inaudível e por vezes,
por vezes ao amanhecer ainda penso nessa confusão silenciosa do Gostar.
Pertence-me este rosto sobre o rosto
que se move no espelho da minha idade.
Pertencem-me, estas mãos,
estes dedos que percorrem o vidro que quebra a respiração da manhã...
o exíguo corpo das palavras onde esqueço a voz
e me reconheço
no sentir do poema a latejar.
Balbucio um som inaudível e por vezes,
por vezes ao amanhecer ainda penso nessa confusão silenciosa do Gostar.
Pertence-me este rosto sobre o rosto
que se move no espelho da minha idade.
Pertencem-me, estas mãos,
estes dedos que percorrem o vidro que quebra a respiração da manhã...
o exíguo corpo das palavras onde esqueço a voz
e me reconheço
no sentir do poema a latejar.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Salsugem
...tingir a ponta dos dedos na tinta permanente do corpo,
desejar de olhos fechados
sublinhar determinadas palavras que se confundem ao mel
ouvir atentamente o latejar da terra
sentir o rumor das casas desabitadas
ler apressadamente um jornal ou uma carta esquecida...
escrever um bilhete postal:
"Cheguei bem. Escrevo-te um dia destes."
desejar de olhos fechados
sublinhar determinadas palavras que se confundem ao mel
ouvir atentamente o latejar da terra
sentir o rumor das casas desabitadas
ler apressadamente um jornal ou uma carta esquecida...
escrever um bilhete postal:
"Cheguei bem. Escrevo-te um dia destes."
domingo, 30 de janeiro de 2011
Roupagens
Difícil deixarmo-nos levar
por um Alguém que se destapa num dia
para se tapar nos outros seis.
por um Alguém que se destapa num dia
para se tapar nos outros seis.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Memória-pele
A escrita é a minha 1ª morada de silêncio
a 2ª irrompe do corpo
movendo-se por detrás das palavras.
Escrever continuamente...
delineando altíssimas paredes de tudo e de nada.
Esta paixão por partes de objectos,
esta paixão por partes de Pessoas,
esta pele-memória exalando não sei que língua...
A escrita é a minha 1ª morada.
Outros corpos atravessam o silêncio desta morada
mas só na minha memória-pele se escreve,
continuamente.
a 2ª irrompe do corpo
movendo-se por detrás das palavras.
Escrever continuamente...
delineando altíssimas paredes de tudo e de nada.
Esta paixão por partes de objectos,
esta paixão por partes de Pessoas,
esta pele-memória exalando não sei que língua...
A escrita é a minha 1ª morada.
Outros corpos atravessam o silêncio desta morada
mas só na minha memória-pele se escreve,
continuamente.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Pausa
Enquanto eu escrevo e tu lês
e é hoje
e estamos dentro de um quarto fechado, há uma pausa.
Os olhos suspendem-se, afastam-se do livro e a lâmpada desliza
enquanto eu escrevo e tu lês
e é hoje.
Abriram-se as portas do quarto e estamos lá fora,
fora do circulo do tempo, à luz de uma lâmpada que ninguém acendeu ainda;
à luz de cores e arestas que imitam anos vazios de nós,
vozes que um dia terão lábios,
passos que um dia hão-de ser de transeuntes,
numa cidade onde ninguém nos lembra,
enquanto eu escrevo
e tu lês.
e é hoje
e estamos dentro de um quarto fechado, há uma pausa.
Os olhos suspendem-se, afastam-se do livro e a lâmpada desliza
enquanto eu escrevo e tu lês
e é hoje.
Abriram-se as portas do quarto e estamos lá fora,
fora do circulo do tempo, à luz de uma lâmpada que ninguém acendeu ainda;
à luz de cores e arestas que imitam anos vazios de nós,
vozes que um dia terão lábios,
passos que um dia hão-de ser de transeuntes,
numa cidade onde ninguém nos lembra,
enquanto eu escrevo
e tu lês.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Calendário
Tens os olhos inchados de silêncio
recortados por uma vontade de permanecer assim,
parca
leve
nua
mas respiras ternura
colando hiatos no calendário dos afectos.
recortados por uma vontade de permanecer assim,
parca
leve
nua
mas respiras ternura
colando hiatos no calendário dos afectos.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Atracção
A noite traz ao ouvido
o que o dia traz ao pensamento...
Definitivamente,
a noite é a Amante que (a)trai.
o que o dia traz ao pensamento...
Definitivamente,
a noite é a Amante que (a)trai.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
(Quase) Tangência
Há instantes, Pessoas...
que passam rente
mas não o suficiente
para entrar nos meus dias.
que passam rente
mas não o suficiente
para entrar nos meus dias.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Opostos que se atraem
O curioso de quem faz mil coisas
e quem não faz nenhuma,
é que cada um tem o mesmo desejo:
fazer uma só coisa.
e quem não faz nenhuma,
é que cada um tem o mesmo desejo:
fazer uma só coisa.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
(Re)canto
Que vontade de "espreitar" o outro sorriso,
que vontade de saber de que é que é feito...
e que silêncio,
este procurar o braço que aquece e diz,
"sossega".
que vontade de saber de que é que é feito...
e que silêncio,
este procurar o braço que aquece e diz,
"sossega".
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
(Con)textos
Há contextos
em que a expectativa não se prende com a peça
mas sim,
com o que está por detrás
do pano do palco.
em que a expectativa não se prende com a peça
mas sim,
com o que está por detrás
do pano do palco.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Palavras leva-as... o tempo
Faz tempo que não vinha até aqui,
ao meu recanto, onde me deixo ficar...
Faz tempo que o tempo voa
quase como se não houvesse tempo para mais nada
ou para quase tudo
mas em simultâneo.
Faz tempo que não te olhava
que não te via
que não escrevia
que não falávamos do que não foi explicado
e que ainda ficou
por dizer.
ao meu recanto, onde me deixo ficar...
Faz tempo que o tempo voa
quase como se não houvesse tempo para mais nada
ou para quase tudo
mas em simultâneo.
Faz tempo que não te olhava
que não te via
que não escrevia
que não falávamos do que não foi explicado
e que ainda ficou
por dizer.
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