quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pausa

Enquanto eu escrevo e tu lês
e é hoje
e estamos dentro de um quarto fechado, há uma pausa.
Os olhos suspendem-se, afastam-se do livro e a lâmpada desliza
enquanto eu escrevo e tu lês
e é hoje.
Abriram-se as portas do quarto e estamos lá fora,
fora do circulo do tempo, à luz de uma lâmpada que ninguém acendeu ainda;
à luz de cores e arestas que imitam anos vazios de nós,
vozes que um dia terão lábios,
passos que um dia hão-de ser de transeuntes,
numa cidade onde ninguém nos lembra,
enquanto eu escrevo
e tu lês.

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