domingo, 26 de abril de 2009

One Dove










Mais do que as mãos,
incomodam-te os lábios.

sábado, 25 de abril de 2009

Vertigo

Por vezes as palavras só são novas
porque se tem novas Pessoas,
a conversá-las.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Des(encontro)









Faz tempo...
que os nossos dias não se cruzam.

domingo, 19 de abril de 2009

É por aí...

O passado
é apenas uma palavra
que se esqueceu de olhar em frente.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Falta de espaço

Às vezes as palavras ocupam demasiado espaço,
um espaço por entre as coisas.
e nós,
demasiado barulhentos para as ouvirmos.

domingo, 12 de abril de 2009

Almoço de Domingo (na Aldeia)

Quadrados de chinelos desbotados. Borboto histérico.
Sopa a cheirar a sopa quente e roupão a cheirar a pijama.
Avental feminino envolto em talheres.
Letra de imprensa a pingar do noticiário aos berros.
Barriga debruçada em telemóvel de criança.
Saudinha! Saudinha é o que é preciso! para aguentar os dias de oito horas e as horas de seis dias da semana.
Dias com mais gente e cheiro aos assados de fornos a lenha.
Diálogos entrecortados pelo orgulho de não querer saber
e as palavras gastas aos dez anos,
para poderem procriar sem qualquer educação.

Guitar Song

sábado, 11 de abril de 2009

Dá-te

Prende a respiração
no contorno dos dias,
ata a tua sede
na sofreguidão das tardes,

dá-te a esse corpo de seda
que é a noite.

sexta-feira, 10 de abril de 2009


Porque nem sempre os cinzas
são ausência de cor.

Rente

Nesse espaço, nesse teu espaço que percorres e inundas,
esvazias as mãos de Outros...
bebes olhares, deitas-te em corpos teus,
em corpos falsos, corpos sem tempos,
sem pele, sem tactos,
corpos de prazeres assexuados,
virtualidades presas ao pulsar.

Vens do tudo e do nada
onde o nada é o tudo
e chegas rente,
deixando portas entreabertas,
inspirando e inalando quem nem sempre dá pela tua presença
e aí permaneces,
rente,
rente aos lábios.
os lábios que nunca se deram,
os lábios de quem nunca te esperou.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Telegrama

O corpo é o diálogo
de uns olhos que se calam.
O corpo é saudade.
O corpo às vezes é.
O corpo às vezes.
é o corpo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

...noite...

...
a noite acaba,
quando a insónia chega.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Palavras que podiam ser minhas

De noite a dor desce sobre o corpo
de modo distinto...
uma substância que desliza lentamente
por um declive mínimo
que os olhos mal conseguem perceber.

(por G.M.T.)

domingo, 5 de abril de 2009

Nem todas...

Nem todas as mãos têm corpo.
algumas até ficam agarradas
ao silêncio que as gelou,
imobilizando-as.

sábado, 4 de abril de 2009

Visto de fora

Sábado.
Dia de sol alto.
e como tal, mesas repletas de "gente" ao almoço
(que se diz pequeno-almoço para uns almoço para mim lanche para outros).
Os acompanhantes
aglomeram-se de palavras e raciocínios
questionados e discutíveis;
os que se encontram em mesas singulares
observam,
a colectânea de Pessoas
(in)discutivelmente questionáveis.