terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Densidade









Sempre soube que o Porto era denso...

Sempre senti que não cabia em mim de tão cheio
mas ultimamente,
nem sequer as horas cabem na curva dos dias
e muito menos
o sono cabe no colo da noite.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

It is hard to think of

A noite tem destas coisas...

Transporta-nos sempre com maior intensidade,
porque mais densa que o dia
ou que qualquer outro sentir.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Full space

Há dias em que a excessividade perfura o sistema nervoso.
As Pessoas que entram e saem,
as palavras de corredor que se deixam a meio,
a incessante teimosia do telemóvel que toca de dois em dois minutos.
O respirar que se dá sem tempo do comum inspirar-expirar...
o cansaço dos olhos
que assentam no rosto de um corpo,
onde não cabe mais nada.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Teatralidade

Há contextos em que a expectativa não se prende com a peça
mas sim,
com o que está por detrás do pano do palco.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A noite como amante

Gosto de adormecer antes da noite acabar,
para poder ainda
dormir com ela.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Aparência

...nem sempre conhecemos quem se tem na intimidade
e nem sempre precisamos da intimidade
para se conhecer algo
ou Alguém.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tangência Secante












Há rumos que se separam
outros que se aproximam
outros ainda, que nunca chegam a definir o rumo,
porque lado a lado
numa "tangência secante".

sábado, 27 de novembro de 2010

Linguagem Não Verbal











Tendo em conta a falta de voz
a ausência de palavras
e a azáfama dos dias,
restam-me os pormenores dos instantes
que contam o que não digo
em linguagem não verbal.

sábado, 20 de novembro de 2010

Reforma antecipada

O Corpo,
um verbo aposentado.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

(In)Confidência

...para ser completamente sóbria com a apresentação factual,
confidencio em exactidão que desconfio de mim mesma quando acordo de manhã.
Desconfio da cor do cabelo
da textura da pele
da largura da cama
do reflexo do meu corpo no espelho da casa de banho:
porque podiam estar todos
a mentir-me ao mesmo tempo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Para os dias assim-assim

A felicidade e a tristeza são um momento,
um simples momento que vai e vem...

Tanto uma como outra estão no direito de surgir... mas Não permitam que a tristeza se INSTALE.
Relembrem um pormenor,
um bom momento...
e deixem-se sentir...
sentir o sorriso a surgir no canto dos lábios.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Jogo Esquivo









Olhar para o relógio do pulso esquerdo
deu-me a noção de horas ditadas e deitadas num calendário em que os segundos matam minutos;
deu-me a noção de que uns meses e oito minutos foi jogo,
foi farsa para esquivar uma estratégia pessoal - que não minha.
Ontem,
depois de ter feito qualquer coisa ao corpo (ou àquilo que restava dele),
depois de uma inútil e inequívoca mudança da hora,
depois mesmo de nos ter desapropriado,
o relógio marcava
uns meses e oito minutos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Engate do Bandido

A noite não é para todos mas está para todos.

Alguém se aproxima falando-me ao ouvido,
claramente com o tal tom de voz que reconheço.
Faz perguntas às quais respondo laconicamente, não por falta de educação mas porque o interesse é óbvio e para mim, é igualmente óbvio o não querer dar pistas erradas
- até porque tudo faz parte do jogo, das regras do jogo,
cujo manual
felizmente
aprendi rápido.

domingo, 31 de outubro de 2010

Retina

Bastou virar-se para trás
e demorar 3 segundos
com os olhos dentro dos meus.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Reflexo

A aridez da noite
reflecte-se
em cada vinco meu.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Naked thoughts









O corpo a contar-me uma história difícil de sair do ouvido
e eu
ainda
a ouvi-la cá dentro.

domingo, 24 de outubro de 2010

A noite - uma chávena meio cheia

O cansaço dói-me nos olhos quando os abro para me ver.
Tomou-me de ponta,
testando-me num limite de exaustão que contrario.
Espalha-se até ao contorno dos dedos,
tal como as reproduções que tenho em qualquer uma das partes do corpo
e que cumprimento ao espelho pela manhã.
O cansaço por vezes cega-me
mas ainda sinto quando as mãos fazem falta ao meu corpo,
quando tudo à minha volta se transforma num enorme circuito
de chávenas vazias
em noites por encher.

sábado, 23 de outubro de 2010

Keep on walking

A Vida é em frente.
Transitar, perguntar,
não parar de questionar...
porque não vale a pena escrever o futuro
a pensar no passado.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Subversão

Os lábios tão comprometidos com a noite,
sulcam lembranças e despertares
e seguem o rumo das palavras
como quem troca abraços
para subverter emoções.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Still awake













...as Pessoas movem-se inebriadas...
provavelmente nem sabem porque razão se movem.
Já os sítios onde costumam dormir,
esses,
encontram-se quietos
no silêncio dos lençóis por amarrotar.

Noite inquieta

A tua mão distraída passeia pelo corpo...
um corpo cheio de um estranho cansaço
juvenil e impaciente,
que segreda para quem o ouve:

"estou exausta e quero mais".

domingo, 17 de outubro de 2010

Linguagem não verbal

Por vezes, o que fazemos é NADA,
excepto o deixar correr a mentira dos Outros.
Se ainda puderes recordar, deixa pousar o medo,
repete a simplicidade de cada dia
repete as palavras não ditas,
essa ternura no sorrir...

porque como te deves lembrar,
nenhum Abraço pode ser condenado.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ausência

Por fim,
as mãos agarram o corpo
mas o corpo já não está.

domingo, 10 de outubro de 2010

Cidade Molhada

Choveu e chove de novo.
Desprende-se do céu e rebenta no chão,
escorre nos telhados, nas vidraças das janelas, nas persianas que se fecham para a noite entrar.
Junta-se em fios alinhados para desaguar num qualquer recanto sem cheiro a maresia.
As nuvens agitam-se e adensam-se num corrupio fictício,
também elas com o sopro do vento como destinatário.

Choveu e chove de novo.
Hoje,
a cidade com cheiro a terra molhada.
Amanhã,
amanhã será outro dia.

Espero não chover amanhã.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sombras solúveis









Às vezes gostava de saltar para a rua nestes dias de chuva e trovoada.
Ser relâmpago por um momento:
ecoar, trovejar, deixar um grito como memória.
Subir aos telhados mais altos da cidade e apanhar raios de luz.
Prendê-los a uma imagem,
usurpando a natureza dinâmica de antecipar o brilho da manhã por um segundo.
Emendar os rasgões dos lençóis de água, congelar memórias e flutuar pelos momentos.

E no fim do dia cair na cama,
como uma gota de chuva quando cai numa folha
numa manhã de trovoada.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Maquete dos Afectos

Cada noite é um chão
onde pousa o esboço de um desenho na própria página que o desfaz,
só para poder recomeçar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Defesa contextual

A dureza das palavras nem sempre é frieza caracterial,
nem sempre é física ou relacional,
mecânica ou emocional...
é por vezes pura defesa contextual
onde a vivência dita "normal"
cria metástases absurdas,
a que muitos chamam de paranormal.

domingo, 3 de outubro de 2010

"A minha casa é onde estás"










A porta de casa permite a entrada mas não a estadia
e a vertigem disso mesmo
dá a "Alguéns",
a noção aflitiva da porta fechada - como a ideia de uma chave
que não se encontra na mala.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Contra-transferência

Por vezes,
os receios dos Outros invadem um espaço que é o nosso,
que julgávamos fechado
ou até mesmo não ter.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ditado

Nos ultimos dias
soa-me ao ouvido um ditado Holandês que diz tão somente:

"Age normalmente e já estás a agir de um modo suficientemente estranho".

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Distancia(mento)

A saudade,
nem sempre é uma ausência presente
ou uma presença distante.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Paint Me









Nos dias que correm,
quase todas as viagens realizadas diariamente
são conduzidas em silêncio e em formato anónimo.
Cada um tem apenas acesso a uma impressão visual
ou aos maneirismos das Pessoas que se sentam à sua frente.

sábado, 18 de setembro de 2010

The white body

A natureza do Homem é verdadeiramente ser Livre e desejar sê-lo,
contudo, o seu carácter é tal
que ele segue instintivamente as tendências que a sua educação lhe dita
e os que não o fazem,
ganham o apelido de seres opacos, inconformistas, bizarros...
Daí o critério,
"da normalidade à loucura, vai apenas um passo".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Atilhos

Dissolvo-me em arrepios.
Abro os olhos e deixo-os sair.

Hoje não dá para dizer que não.

Por isso desenlaço-me de mim mesma
para me atar da mesma forma
antes que alguém o faça por mim.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

HEDDA













Porque há coisas, nos dias, que valem a pena.

Nesta Hedda Gabler,
é como se tudo viesse à cabeça da protagonista.
Uma Mulher, numa sala onde entram e saem as Pessoas da sua vida,
a rejeitar esta realidade de Ser
aquilo que os Outros vêem
e que ela não deseja ver. Ou Ser.

(uma vez mais, Maria João Luís numa actuação sublime,
com Marco Delgado a surpreender.)

...









A Vida não é só palavras no ar...
é também pés no chão.

domingo, 5 de setembro de 2010

Fruto da imaginação

Ninguém passa na rua, nesta rua.
Não há Vivalma. Olho em redor.
Por detrás das grades e do vidro fosco dos prédios, imagino porteiros atentos, fartos da inércia, olhos fixos nos actos ilícitos de quem passa.
Por detrás das persianas cinza dos apartamentos, imagino personagens díspares - moradores curiosos da vida de quem passa e não lhes entra pelas casas.
Mas depois paro.
E nada.
Não há nada para além de portarias vazias, vigiadas por ninguém.
Sou só eu.
No canto desta cidade.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

MultipliCidade

Livres,
as pedras avançam para o silêncio.
Já o sono,
é múltiplo em si mesmo, persistente e fixo,
uma cadência que avança sempre além de cada momento,
em retorno constante.

domingo, 29 de agosto de 2010

À altura do corpo












Não há luzes.
E por mais que seja a vontade,
deixo sempre que se fechem os olhos.

Condenso-me.
Altero os sentidos e deixo-os aguçados.
E sinto mais... muito mais.

Espero que o corpo volte a mim
ou que eu desça sobre ele.

Ao acordar

Na varanda da sala
sentada no chão.
A aragem leva-a quem passa.
O pensar (es)fuma-se
no ar que não corre
e que se cola à pele, como ninguém.

sábado, 28 de agosto de 2010

Tickets low cost

Felizmente os dias também têm disto,
bilhetes que nos conduzem
a um destino
fora de nós próprios.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Between words










Há dias em que gostava de me sentir "protegida",
como as palavras se sentem
entre vírgulas
numa frase.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mutismo selectivo

Nem sempre a noite nos diz
o que queremos ouvir.

domingo, 22 de agosto de 2010

Coleccionismo

O que escrevo é um espelho de silêncios
pulsares rasantes
intensidades injustas do que chamam "saudade"
inundações de ausências
cadernetas de emoções.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mundo de barulho









O canto perdido. Em nós.
A leveza dos dias para uns, substituída por provas árduas e obstáculos para outros;
a subtileza substituída por traições, manobras enganadoras, artifícios do desejo, sorrisos pintados - não sentidos...
O canto perdido de quem me procura.
Aqui.
Caminhos reconstruídos com estradas onde já não passa ninguém,
com pequenos silêncios roubados a um mundo de barulho.
O canto perdido, onde quer que ele esteja,
dentro ou fora de nós.
Ali.
Onde sou mera ouvinte.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Avenidas sem nome

Desenhar de novo o mapa das emoções,
as linhas sensuais dos caminhos nus,
as cores quentes das grandes avenidas
que se atiram,
compungidas e orgásticas
para a grande praça dos afectos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

...

O improvável só acontece às vezes,
para mostrar
que o impossível não existe.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Observadora de passagem

Aceno. O táxi pára.
Entro. Indico o local.

O taxista olha-me pelo espelho retrovisor e a partir daí,
fixa os olhos em frente, mal pisca.
O silêncio tomou conta do carro mas não por muito tempo.
Abro uma fresta da janela e sinto o ar tórrido que entra no cabelo, que entra na súbita lembrança de quando ando de carro para dar uma volta - o simples prazer de dar voltas sem rumo.
Sabia-me bem... as conversas que ouvia sem intenção, os olhos ávidos observando o mundo de passagem, a delícia de o poder fazer como mera espectadora.

Paramos no sinal e surgem 3 miúdos de rua.
Dou por mim na necessidade de fechar o vidro para não "ver", não ouvir.
Passam de raspão sem nenhum interesse em específico, mas ainda assim,
é inevitável o sentimento de culpa que me invade.
Talvez pela sensação de precisarem de um "qualquer bem"...
muito maior do que aquele que algum dia precisarei (?!)

sábado, 14 de agosto de 2010

Jovens escritores

A partir de quando é que temos a noção de que somos felizes (?)
e até quando é que somos considerados
jovens promissores (?)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Era do Consumismo

Os dias atropelados pronunciam uma nova era:
Vive-se a fase em que uns procuram consumar-se,
enquanto outros se consomem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Voz passiva

Foi durante a noite que ouvi ou sonhei,
por baixo da minha cama do T2 alugado
um murmurar incessante.
Os chinelos falavam entre dentes e língua,
que se sentiam usados por mim.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pormenor atípico









Sei de coisas que me nascem na ponta dos dedos, dos olhos...
em jeito de gente a falar-me nas pestanas
e penso que,
se pudesse desenhar-me desassossegada,
seria uma Mulher inquieta a distribuir panfletos ou fotografias a preto e branco a transeuntes,
ou seria talvez,
apenas Alguém sentado num qualquer pormenor,
a beber gotas de chuva
que caem a saber a manhã.

sábado, 7 de agosto de 2010

10 minutos de silêncio...

Desligo-me de tudo por instantes
e lentamente de todos.
Apago as luzes uma a uma e procuro apenas a do interior dos olhos.
Com os dedos,
percorro as linhas do silêncio que me é cómodo
e com eles instalo o distanciamento necessário.
Percorro ainda as linhas das cicatrizes, algumas não fechadas,
umas grandes avenidas de ontem,
outras,
atalhos de amanhã.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

La belle indiference

Há Pessoas que passam,
outras que estão
e ainda assim, não ficam.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Psico-análise

Os dias trazem-me quase sempre
Pessoas nuas de roupa vestida.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pedras de uma outra calçada

As pedras no caminho existirão sempre
e ainda bem que assim o é,
de outra forma
não aprenderíamos a desviar-mo-nos delas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

...

Soubesse eu ler a manhã...
para poder contar a tarde.

domingo, 18 de julho de 2010

Raridades

Sem adjectivos nem outras tantas palavras,
digo apenas que olhos que vêem mais do que olham
são raros.
Será provavelmente o que mais me fascina
mas igualmente o que mais me despe.

Será por isso um elogio a quem assim o faz,
porque as críticas digo-as
não as escrevo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Simplesmente, simples

A água vai enchendo a pele de sensações,
escorre pelo corpo, cai no chão, leva com ela o quotidiano deixando o cansaço...
leva o tempo dos jardins interligados que percorro à procura de... árvores,
a quem abraço e conto segredos.

Em tudo procuro o pormenor,
o mais marginal possível,
aquele que o convencionalismo bane,
o insólito, o simplesmente simples.
Em tudo procuro o toque
e não me interessa se saio derrotada
desde que por um segundo o tenha conquistado,
não a ti
mas a ele,
o gesto tocado ao pormenor.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Walking morning













As silhuetas levam nas pálpebras
o rosto da manhã.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Just words

Os dias estão por aí.
Têm trazido imensa coisa e levado outras.
Nem sempre mostramos ao instante a forma como nos vestimos, muito menos a forma como nos despimos.

É-me difícil não ser pormenor, olhar, toque.
É-me difícil ser óbvia.
É-me difícil ser estanque.
É-me difícil confiar. Em quem quer que seja.

É-me difícil dizer determinadas palavras,
talvez porque me esqueci da forma como se dizem.

É-me difícil ser uma outra,
quando só sei ser eu mesma.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

Hoje Eu

Tomei conta deste dia para mergulhar em mim,
dar descanso à voz, que lá fora, puxa a conversa.
Fiquei em casa,
aninhada no magestoso albúm que já não ouvia faz tempo.
Tomei conta deste dia
e soube bem,
o cuidar de algo
e não de alguém.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Hoje

"A Vida está-me a saber pela vida!
Não sei qual é o príncio,
a memória depois disto é só uma réstia.
Não existe abraço depois deste."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Silence

O silêncio é para os ouvidos
o que a noite é para os olhos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dias

A rotina devora os dias das Pessoas,
o cinema confunde a realidade,
a informação esmaga-nos com anúncios publicitários.
Os anúncios deixaram de ser consistentes,
os gostares incoerentes
e a ansiedade aperta-nos o pescoço até deixar de se Ver, Ouvir, Falar, Sentir e sobretudo Pensar.
E no final de um dia e de tudo isto,
ainda nos servem telenovelas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Guide line










Quando se chegou tão longe com os olhos,
qualquer palavra fica a meio do caminho.

domingo, 6 de junho de 2010

Image without shape

Durmo, sem almofada.
e agora também sem a imagem - embora não seja de todo verdade dizer que durmo.
Se por acaso fecho os olhos e me enrolo,
escondo-me de mim mesma por algum tempo,
sem que nunca consiga esconder-me dela - da imagem,
aquela que desapareceu dos meus dias.

sábado, 5 de junho de 2010

Amnésia

Hoje apetecia-me escrever(-te)
mas já não sei como o fazer.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sentido obrigatório

A gota de calor a descer íngreme pela tua pele,
como que por uma avenida sem nome,
de sentido único
e como tal obrigatório.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Not always

Nem sempre somos
a pele com que nos vestimos.
Nem sempre evitamos o olhar
com receio de olhar.

Nem sempre dizemos o que somos,
para que não percebam
de onde vimos.

domingo, 30 de maio de 2010

Espectador(a)

Existem tantos tipos diferentes de arte
quanto Mulheres.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ninca Leece - On Top Of The World

Intuição

A minha intranquilidade talvez seja a intuição
porque a ignorância
traduz-se numa certa ansiedade que me apazigua de dia,
enquanto a intuição me mantém desperta
noite após noite.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Do lado da Foz









Hoje lembrei-me
do quanto a Cidade nos invejava.

Também por isso vou ter com ela,
trocando Lisboa pelo Porto por uns dias
deixando esta página em férias de mim.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Unknown

Hoje em dia é-me mais fácil descrever o que não sei,
o que não conheço,
porque a maior parte do que conhecia,
tornou-se(-me) desconhecido.

domingo, 9 de maio de 2010

Nouvelle Vague - A Forest

Coleccionar(te)










Talvez perceba agora que não gosto de colecções:
saber e não esquecer que falta tanto para ter "tudo".
Incomoda-me o Viver suspensa
nessa acumulação selectiva.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eterna insatisfação

...porque por detrás de uma pergunta
surgem sempre outras perguntas,
porque nunca nos chega uma resposta,
muito menos as que não nos esclarecem.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reflexo (in)condicionado

Em tudo o que pensamos
surgem palavras,
mesmo as que ainda não existem.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Janela indiscreta










Às coisas e aos lugares
não se pode voltar,

nem mesmo voltando.

domingo, 25 de abril de 2010

Timeless

Sem tempo.
Sem pausas para pintar palavras e escrever telas,
sem pausas para adormecer acordada
...
e até o sonho
é tão somente a imagem passageira
de quem entra nele.

sábado, 24 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Between days

"I've a ghost in my mouth
that sings in my spleep..."

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Há palavras que soam especialmente bem,
na voz de algumas Pessoas.

domingo, 18 de abril de 2010

Game over













Toquei à campainha...
e abriu-me a porta alguém
que não tinha nascido para abrir portas.

domingo, 11 de abril de 2010

Insónia 4

Na ausência de sono
o melhor é abandonar as palavras,
as imagens sedutoras,
cumprir a rotina das coisas pequenas
que nos chegam trazidas
sabe-se lá de onde.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Another Month

ABRIL é um bom mês para começar outra vez.

Somos todos donos da nossa liberdade.
Somos responsáveis até quando escolhemos não escolher.
O preço dos dias - aquilo a que chamam destino - apontamo-lo nós
e em frente é o caminho para onde estivermos virados.

E para onde vamos, vamos andando.
E andando, andamos cansados. Mas poder andar é um descanso
porque não se pretende que andem por nós.
Interessa que as ideias se estiquem para além, sempre além de uma qualquer coisa: das bocas, mais longas que os braços e que os corpos não desistam antes da mente.

Somos todos donos da nossa própria liberdade
e esta não será uma boa altura para desistir.
Até porque Abril, é e será sempre,
um bom mês para começar outra vez.

sábado, 3 de abril de 2010

Empty space










Cada esquecimento é um vazio
em que alguma coisa de nós se perde,
como um bolso furado.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

(Trans)pointing

As palavras incluem sempre as mesmas possibilidades de serem mal interpretadas,
e fazer de um instrumento,
uma arma de arremesso.

domingo, 28 de março de 2010

A pressa com tempo

Porque temos sempre tanta pressa em tudo?
Cada vez mais todos se tropeçam.
Impacientamo-nos nas filas, explicamos as coisas a correr, nem sequer paramos para indicar as horas quando nos interpelam na rua:
olhamos para o relógio sem parar e damos a informação passados já alguns metros.
Seria bom experimentar a pressa com tempo,
com um simples não ter para onde ir.

terça-feira, 23 de março de 2010

Being

...É difícil ser único
é difícil ser tarde
aqui as coisas
parecem não caber.

domingo, 21 de março de 2010

NaturArte

Dia da Primavera,
Dia da árvore,
Dia da Poesia
três corpos intactos num só.

A 1ª danço-a desde criança
a 2ª plantei-a em miúda
a 3ª acompanha-me desde sempre,
seduzindo-me como o amante mais fiel.

terça-feira, 16 de março de 2010

Awaked

Gosto de me deitar sem sono para ficar a lembrar-me
do que por vezes me esqueço...
deitada dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Conflituosidade

Mais uma vez,
os dias a mostrarem-me que são eles que mandam
e não ao contrário.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Psicanálise













Vêem-se ainda janelas, alguém que se despede do passado, talvez acene.
Porém, há um novo processo de aprendizagem, embora tímido.
É isso a escrita misteriosa, que ainda receosa, começa a quebrar o espelho do silêncio.
Parece feita de signos que afastam o negro da tela, ruptura cuidadosa com a antiga memória.
Por fim, a cor inicia o caminho para se transformar em som. São já palavras e não o são ainda.
Mas agora há sol, há um sorriso com que o artista embala a dor e aprende a falar dela.
São primeiros passos. Frágeis nuvens.
Suaves murmúrios.
Ouvem?

domingo, 7 de março de 2010

Simplicidades

Ontem Alguém partilhou comigo:
"mais vale ser feliz do que ter razão"
[...]
É de facto extraordinária a capacidade, ou necessidade, de uma Pessoa se adaptar...

Façam então, o favor de serem Felizes!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Missing words

Não sei se tenho idioma para falar dos meus dias...
muito menos de mim.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

(In)sanidade

Prendeu-se ingénuo entre o real e a fantasia, entre o corpo e a sanidade.
Aceitar mudar o pensar - só para outros, não para ele.
Querer sentir o TUDO, onde o tudo é o nada desse momento.
Procurar dúvidas indispensáveis nas certezas, seguidas de dias, horas a fio - também elas insones.
Tentar abstrair. Tentar distrair.
O prazer de pensar em nada. Mas o toque volta sempre intacto na memória.
Esperou demais de um silêncio porque devia, devia tê-lo olhado como tendo outros sinónimos,
mas teve medo.
E nos inevitáveis encontros trocavam-se palavras adequadas e suficientes,
porque havendo mais do que o necessário, poderia significar mais do que o real.

Mas e o que é isso do real?
E o que significa afinal "sanidade"?
quando todos nós tão bem vivemos na mais digna "insanidade mental".

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Há dias
em que o corpo foge de nós
e não ao contrário.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sleepless Heart

A maioria das Pessoas a viver uma mentira,
porque mais fácil, porque menos dilacerante, menos expectante
para tão somente
não perceberem o que sentem.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Palavras insones

...as partilhas tardias são as mais reais
porque sem o "barulho" de Outros,
a inebriar os sentidos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Hiato verbal

Tanto por dizer...
e ao mesmo tempo, parece que não há nada para contar.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Antecâmara












Permaneces trancada...
dentro de um segredo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Keeping the secret

É o lábio cortado que molha o peito.
um ciclo disperso no vício da suavidade
que arromba a pele segura pela sede,
suposto contorno de suor ágil.
É o lábio cortado que seca o rumor da boca
mas é o olhar
que transforma as mãos em segredos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Rescue













Não (me) é costume procurar o tempo perdido
porque é ele próprio
que me (re)encontra.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Worthless

Quando o preço de algo ou de alguém
passa a ser a dignidade,
é porque deixou de valer a pena.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

With or without, words

Há dias em que não há palavras.
Há dias em que fazemos tudo bem,
incrivelmente bem
e ainda assim sentimos que falhámos.
Há dias em que questiono
no segredo de mim mesma,
por quanto tempo haverá capacidade de "resgatar" e soldar as partes de nós,
que se vão perdendo todos os dias...

Há dias - tal como disse -
em que não restam palavras
e em que o silêncio só (re)conforta
quando esse mesmo dia acaba.

domingo, 31 de janeiro de 2010

People talking, about the weather

O frio torna os pensamentos mais ágeis e leves
mas tolhe as mãos.
...
e tudo o que escrevemos
e o que não escrevemos
é perfeitamente vago,
como um sonho que se teve e ao acordar já lá não está.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Frases soltas

O mal de não acreditar,
é acreditar ainda um pouco.

domingo, 24 de janeiro de 2010

...muito mais do que.

Mais do que as mãos,
do que o olhar que te fixa,
do que o relógio que te apressa os dias,
do que o telefone que não toca,
do que a carta que não se escreve,
do que as palavras que não chegam...
mais do que as mãos,
incomodam-te os lábios.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Com o dia pela metade









Nesta cidade há sempre recordações avulso,
há sempre conversas de outras horas.
Nesta cidade, as palavras são sempre as primeiras a chegar
e o que fica delas, amacia o papel onde se escrevem.
Nesta cidade olha-se
como se se soubesse o que fazer mais logo.
Nesta cidade, o sono de ontem são já os sonhos de hoje.
Nesta cidade, estou cada vez mais perto
e ainda assim, perco-me como todos os amantes...
...e caminho à frente de mim mesma,
nesta cidade onde nunca é meio dia.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pontuação

Senta-se, fica a olhar.
Levanta-se, sai, apressa o passo.
Entra na loja, a porta dá sinal.
Vê rótulos, códigos de barras,
volta a sair sem nada
mas leva a preguiça com ela
(ritualizada).
É costume tomar café cedo,
é costume preencher o vazio com a leitura de um livro,
é costume encontrá-la nos parágrafos dos dias,
onde escrevo três linhas
ponto
travessão.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Balas do Mundo

Desfaço vozes reflexas, ritmos,
pontos de fuga, linhas mestras.
Desfaço noites,
balas do mundo que nos atingem
e há quem pergunte nas ruas: "Estamos vivos ainda?"
Mas aqui, na tarde que se faz noite,
aqui tudo dorme
e o silêncio é a ausência que não tem nome,
é ainda o ponto zero onde tudo começa
e onde tudo acaba
imperceptível no verso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

After hours

Não dar a face, suster o respirar.
Muito além da manhã cai o rumor
e brindo à noite
em que tudo ficou para mais tarde.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Impasse

Olhar não olhar,
tocar não tocar,
dizer ou calar,
avançar recuar,
hesitar arriscar,
ir ou ficar,
...
ser alguma coisa
ser tudo o resto
ou não ser nada
...
e assim vive-se neste meio termo
que não é coisa nenhuma.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tele-transporte









...porque existem táxis que ainda transportam Pessoas dentro da cidade, até ao ponto onde o desejo as conduz;
porque já não me lembro do tempo em que os meus ouvidos conversavam com o silêncio dos outros... em que adormeciam de súbito com o som vindo da sala daquele T2 por zonas da Baixa...
Parece que se instalou o Inverno,
parece que o frio se sentou à minha espera do outro lado da porta.

Não sei quantos dias passaram até ontem,
não sei do tempo em que a boca falava pelos olhos,
em que os livros faziam demasiado barulho na prateleira,
e em que o desejo me conduzia
a uma qualquer rua.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A ti, quem quer que sejas.

Os dias dispersam-se
mas a imagem permanece.
Intacta.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pensando enquanto ando









...os passos de quem passa sem ruído,
o vento, uma toalha solta agitada.
Há os que dizem coisas por não as saberem
e os que olham, suspensos.
Os dias são sinais,
são tardes inteiras,
são tentativas para avançar
ou lentidão observada à distância.

domingo, 3 de janeiro de 2010

To feel

VER.
Ouvir.
Fechar os olhos.
Sentir.
Não dizer mais nada.