domingo, 15 de agosto de 2010

Observadora de passagem

Aceno. O táxi pára.
Entro. Indico o local.

O taxista olha-me pelo espelho retrovisor e a partir daí,
fixa os olhos em frente, mal pisca.
O silêncio tomou conta do carro mas não por muito tempo.
Abro uma fresta da janela e sinto o ar tórrido que entra no cabelo, que entra na súbita lembrança de quando ando de carro para dar uma volta - o simples prazer de dar voltas sem rumo.
Sabia-me bem... as conversas que ouvia sem intenção, os olhos ávidos observando o mundo de passagem, a delícia de o poder fazer como mera espectadora.

Paramos no sinal e surgem 3 miúdos de rua.
Dou por mim na necessidade de fechar o vidro para não "ver", não ouvir.
Passam de raspão sem nenhum interesse em específico, mas ainda assim,
é inevitável o sentimento de culpa que me invade.
Talvez pela sensação de precisarem de um "qualquer bem"...
muito maior do que aquele que algum dia precisarei (?!)

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