quinta-feira, 30 de junho de 2011

(In)satisfação

Talvez seja eu a olhar demais
a sentir demais
a exigir cada vez mais...
ou talvez sejam os pormenores por si só que me procuram
e que me encontram assim...
exausta e nua,
querendo mais!

segunda-feira, 27 de junho de 2011



...porque hoje acordei com a almofada inquieta
os pés a fugirem-me da cama
e esta letra a dançar pelo quarto fora...

domingo, 26 de junho de 2011

As ruas de Lisboa ontem...

...provavelmente na maior multiplicidade de Pessoas de sempre.
O Terreiro do Paço a encher-se do Arraial Pride, tirando (para muitos) barriga e olhos de miséria, onde a tudo se dá atenção menos à música que por lá passa;
o Teatro S. Jorge a encher-se de palavras no Poetry Slam, que improvisadas ou não, provêm de qualquer um que se diz amante do "sentir por escrito";
o Bairro Alto, que de tão cheio nem se sabia propriamente onde se estava - se na casa de alguém com terraço ampliado, se na rua de alguém com autorização para festa privada, se num outro país de alguém... que não o meu, porque literalmente "fora da sinalética do quadro".

A noite esteve fisicamente quente, textualmente densa.
E dou por mim, fora de horas, a descer a Rua íngreme da Garrett, sem saber que informação dar aos pés - que de tão extenuados já nem sabiam o caminho, nem tão pouco como executar o instante em que um se cruza com o outro, projectando os passos que já não conseguia dar.

O redor,
era apenas Lisboa.
Quieta, parada.
Nos meus pés.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

ContraTempo

Quem nunca provou a espera?
Essa que queima, que inquieta, que pesa, que nos empurra como se fossemos a parede, a implosão de nós mesmos.
Geralmente é assim:
não saber o que fazer ou para onde olhar... e o tempo a transfigurar-se em contratempo.
Acender um cigarro, fumá-lo.
Apagá-lo com o pé ou esmagá-lo num cinzeiro que raramente existe à mão.
A incerteza.
A ideia de ser, num momento, o alvo de todas as atenções, de todos os olhares que nos perseguem e que raramente são,
os por quem realmente esperamos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Mutismo electivo

Há coisas que não sei dizer.
Penso-as, vejo-as claramente a acontecer
mas não as consigo dizer.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Linguagem sem biombos

As crianças sentem o que dizem
e até dizem
o que não sentem.

domingo, 19 de junho de 2011

...

Os olhares deixam rasto
quando se encontram um com o Outro.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ignorância

É assim que permaneces em mim,
na colisão,
no pulsar rasante,
numa provocação constante,
inocente, impenetrável...

...e tu não o sabes.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

...

Abre o teu poemário de raiva
e recita-me um poema,
se fores capaz.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Em memória áquele tempo...


...em que as noites se estendiam de porta aberta para quem quisesse entrar,
ler
ouvir
observar
ou tão simplesmente,
estar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ressaca da noite

Atinge as palavras com fúria.
Avança na direcção da rouquidão da noite.
Sabes que é assim que se colhem paixões:
com o cutelo do sonho empunhado,
os olhos esganados de desejo
e o corpo a tremer,
numa ressaca de ternura.

domingo, 12 de junho de 2011



Para um Alguém,
em especial.

sábado, 11 de junho de 2011

Who is it?

Interessa-me a Pessoa hoje.
Quem se é Hoje.
Até porque quando me batem à porta,
nunca se pergunta:
"Quem foste?"

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Obrigatoriedade da palavra

A primeira palavra é uma curva e depois dela a realidade transfigura-se.
É um grito que irrompe sem contornos específicos,
tem a força de querer ser e por isso nada a demove - e também por isso se torna inesperada.
A palavra, que não sendo nada, tem a urgência de um significado.
À primeira junta-se uma outra e depois dela mais outra e outra... cada uma tão específica na sua forma como a que está ao lado.

Talvez por isso as palavras que existem se tornem relativas, materializam-se,
aparecem realmente definidas num espaço
e obrigadas a coexistir.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Combustão orgânica

Há dias, em que o nome
é um fósforo a arder-me na ponta dos dedos,
queimando todos os objectos em que toco.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

...

Comigo o Sentir é diferente,
liberta-se sem nome nem rosto.

domingo, 5 de junho de 2011

Dead line

A noite quente cola-se à pele...
e os olhares correm como semáforos em luz verde.

sábado, 4 de junho de 2011

Post-it

Lembra-me um dia de dizer
o que outros não precisam de ouvir.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Where's my mind?














Às vezes mais valia trocar de cabeça,
virarmo-nos de pernas para o ar, fazer o pino,
deixar cair as palavras e soltar gatafunhos,
de forma a que juntos não façam qualquer sentido.

O que também sabe bem,
de vez em quando.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SER-se. Ou não ser.

Acredito, sem dúvida alguma, que mais vale cair vezes sem conta mas sabermos quem SOMOS,
do que passar uma Vida a tentar ser-se uma qualquer outra coisa...
que nunca se chega a saber bem o que é.

E também por isso,
de nada vale dizerem-me "como devo agir",
se isso não coincidir com aquilo que SOU.