domingo, 31 de janeiro de 2010

People talking, about the weather

O frio torna os pensamentos mais ágeis e leves
mas tolhe as mãos.
...
e tudo o que escrevemos
e o que não escrevemos
é perfeitamente vago,
como um sonho que se teve e ao acordar já lá não está.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Frases soltas

O mal de não acreditar,
é acreditar ainda um pouco.

domingo, 24 de janeiro de 2010

...muito mais do que.

Mais do que as mãos,
do que o olhar que te fixa,
do que o relógio que te apressa os dias,
do que o telefone que não toca,
do que a carta que não se escreve,
do que as palavras que não chegam...
mais do que as mãos,
incomodam-te os lábios.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Com o dia pela metade









Nesta cidade há sempre recordações avulso,
há sempre conversas de outras horas.
Nesta cidade, as palavras são sempre as primeiras a chegar
e o que fica delas, amacia o papel onde se escrevem.
Nesta cidade olha-se
como se se soubesse o que fazer mais logo.
Nesta cidade, o sono de ontem são já os sonhos de hoje.
Nesta cidade, estou cada vez mais perto
e ainda assim, perco-me como todos os amantes...
...e caminho à frente de mim mesma,
nesta cidade onde nunca é meio dia.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pontuação

Senta-se, fica a olhar.
Levanta-se, sai, apressa o passo.
Entra na loja, a porta dá sinal.
Vê rótulos, códigos de barras,
volta a sair sem nada
mas leva a preguiça com ela
(ritualizada).
É costume tomar café cedo,
é costume preencher o vazio com a leitura de um livro,
é costume encontrá-la nos parágrafos dos dias,
onde escrevo três linhas
ponto
travessão.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Balas do Mundo

Desfaço vozes reflexas, ritmos,
pontos de fuga, linhas mestras.
Desfaço noites,
balas do mundo que nos atingem
e há quem pergunte nas ruas: "Estamos vivos ainda?"
Mas aqui, na tarde que se faz noite,
aqui tudo dorme
e o silêncio é a ausência que não tem nome,
é ainda o ponto zero onde tudo começa
e onde tudo acaba
imperceptível no verso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

After hours

Não dar a face, suster o respirar.
Muito além da manhã cai o rumor
e brindo à noite
em que tudo ficou para mais tarde.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Impasse

Olhar não olhar,
tocar não tocar,
dizer ou calar,
avançar recuar,
hesitar arriscar,
ir ou ficar,
...
ser alguma coisa
ser tudo o resto
ou não ser nada
...
e assim vive-se neste meio termo
que não é coisa nenhuma.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tele-transporte









...porque existem táxis que ainda transportam Pessoas dentro da cidade, até ao ponto onde o desejo as conduz;
porque já não me lembro do tempo em que os meus ouvidos conversavam com o silêncio dos outros... em que adormeciam de súbito com o som vindo da sala daquele T2 por zonas da Baixa...
Parece que se instalou o Inverno,
parece que o frio se sentou à minha espera do outro lado da porta.

Não sei quantos dias passaram até ontem,
não sei do tempo em que a boca falava pelos olhos,
em que os livros faziam demasiado barulho na prateleira,
e em que o desejo me conduzia
a uma qualquer rua.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A ti, quem quer que sejas.

Os dias dispersam-se
mas a imagem permanece.
Intacta.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pensando enquanto ando









...os passos de quem passa sem ruído,
o vento, uma toalha solta agitada.
Há os que dizem coisas por não as saberem
e os que olham, suspensos.
Os dias são sinais,
são tardes inteiras,
são tentativas para avançar
ou lentidão observada à distância.

domingo, 3 de janeiro de 2010

To feel

VER.
Ouvir.
Fechar os olhos.
Sentir.
Não dizer mais nada.