sexta-feira, 31 de agosto de 2012

VU

Não há maior defesa da bondade do que a inquietação:
arrasa tudo o que constrói
e obriga o sangue a circular
à velocidade da respiração.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Intervalar da palavra

As palavras nunca serão, provavelmente,
mais do que meras reminisciências
vagas
do que se sente.

domingo, 26 de agosto de 2012

Perspectiva (trans)pessoal

De certa forma, os dias revestem-se de "patamares sociais" que permitem a distância entre o Eu e o Outro.
Parece que a individualidade de cada um não dita mais a Pessoa em si mas sim, a ignorância de si mesmo, a falta de conhecimento de si próprio - daí a "embalagem" passada ao exterior não ser o protótipo mas sim o genérico.
Será que cada um se apercebe disso?
Será que só vivem num alheamento disso mesmo? 
Será que as Pessoas não percebem que:
eles próprios não são as roupagens que trazem mas sim,
a integridade que "vestem" (!?)

sábado, 25 de agosto de 2012

Aparências

Uma noite sentei o conceito de "beleza" nos meus joelhos
e vi que era amargo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

On the line

Há que manter a estrada sem hesitar, sem olhar para trás...
porque "o atrás" não volta e o "à frente" ainda nos espera.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Staying...somewhere outside

A leveza dos dias nem sempre se encontra...
mas faz-se,
no mais ínfimo pormenor aos olhos de quem a procura.

Sabe bem... esperar sem espera.

domingo, 19 de agosto de 2012

"Envia-me uma palavra para ajudar a atravessar a noite."

sábado, 18 de agosto de 2012

Princípio da (in)certeza

Todos os dias sei uma coisa a menos.

Talvez se atribua a isto o princípio da aprendizagem.
Assumir que o que pensávamos saber, nunca chega para se saber uma determinada coisa na realidade.
Se há coisas boas no chamado "ganho de maturidade", é sem dúvida a certeza que temos nas nossas dúvidas.
(mas agora, vividas sem tanta euforia)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Retalhos

Ninguém chega... e nada parece certo.
Falhaste o tempo, falhaste a palavra, a pronúncia, o corpo, a ternura do gesto;
falhaste o entendimento, a casa, a própria mudança da pele, os animais que sopravam no teu focinho molhado;
falhaste porque tudo parecia demasiado tarde.
Choras porque falhaste e não sabes bem onde. Porque já não existem brinquedos, porque há demasiadas marcas de sono, porque não querias ter coragem de chorar.
Choras na esperança de que a manhã seja a manhã de outros dias - que não em asfixia de ti.
E ninguém chega...
e nada parece suficiente para ninguém.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ta-bu-Ar(-te)

Olho o tecto e conto as sílabas da noite,
alinho os traços e conto as tábuas no chão,
enquanto espero que a manhã suba as escadas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"Porque os Outros se mascaram"

Há alturas em que nos apressamos a colocar uma máscara;
há alturas, em que parece não darmos conta de que a máscara já lá estava;
outras há, em que a tentativa de a retirar é tão somente isso mesmo, uma tentativa.

domingo, 12 de agosto de 2012

Inércia pontual

A lentidão faz-se,
de um esquecimento do próprio gesto.