domingo, 30 de novembro de 2008

Rasgo



E rasgo,
rasgo o sexo dos versos contra as frases
na esperança
de que as palavras não morram.

sábado, 29 de novembro de 2008

Nada será, ou tudo vai ser

Os dias repetem-se
reabrem nas mesmas paragens do que vou sendo.
Sobram-me as palavras
que de nada servem à procura ou em busca do que somos.

Curiosamente,
a ironia expande-se e comprime-se
mas antecipa-se sempre a nós.

Esqueceram-se de me levar a coragem de olhar
tal como me esqueci,
felizmente,
de me achar incapaz.
Porém,

já nada vai ser como seria
já nada foi como agora.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Há dias

Há dias assim...

cujos segundos nos trazem relatos,
relatos de Vidas
que nos relembram
o que tentamos esquecer.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O que fica...

O que fica,
mais do que as conversas pela tarde,
são as respostas às perguntas
que nunca fazemos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fio condutor

Procuro nas palavras o fio aguçado da fala,
do jogo, do prazer sem corpos,
do limite sem tempos,
dos dias sem tardes,
dos lábios sem despedidas.

domingo, 23 de novembro de 2008

(des)sentido

Pergunto-me se quem cala
apenas consente,
se se mente
ou se simplesmente,
prefere ignorar o que sente.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mais do que

Mais do que os olhares,
bebo cada gesto dos Alguéns que me enchem de fascínio,
pela sua arte de Serem
simples.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Por outras palavras

...há uma palavra que não pode ser dita
ou escrita em parte alguma.
Uma palavra cercada
de olhar aparente
de um sentir rente
que mesmo sem se dar conta,
persegue a silhueta fugidia,
quando cansada,
transporta à cintura todos os restos de um dia.

domingo, 16 de novembro de 2008

(in)formalidade

As palavras vestem-se a rigor para uma conversa,
para uma partilha
e despem-se à noite
como malas cheias de roupa para o dia seguinte.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Compressas

Curiosas...
estas compressas que usamos para estancar a frieza.
Salvar o amanhã,
guardá-lo para depois
quando afinal apenas o adiamos.
As palavras lutam entre si,
atropelam-se velozes para arrancar evidências
e são tantas,
são tantas as palavras
que chego a esquecer que a boca,
nestas coisas,
é muda
e só vê para dentro.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Há dias

...há dias
em que prefiro não saber o que está para além das palavras,
outros há,
que preferia que esticassem,
traduzindo-me o todo
que não chegam a dizer.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mala de porquês

Caí no papel atrás de uma palavra
mas o silêncio não me esvazia esta mala de porquês...
As minhas mãos não estão vazias. Nunca.
Mas quebram.
Tremem.
É o peso da ausência que faz ceder os pulsos...
...
Algo me diz que estou a fazer a pergunta errada,
ou a procurar nessa pergunta
o que devia encontrar em mim.

domingo, 9 de novembro de 2008

Hoje...

...hoje não sei
se saberei descrever
o vício das mãos.

sábado, 8 de novembro de 2008

(-te)

Estendo(-te) a mão
de cada vez que a palavra irrompe,
e nego(-te) o nome
porque o todo desse nome,
não cabe na garganta.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Menos meu...

Estendo-te a mão
e com ela justifico prontamente o silêncio...
...menos meu
se o esqueço,
menos meu
se não o ouço,
menos meu
se não to digo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

(Radio)grafia

Talvez seja mais fácil
fazer a crónica de uma fotografia
do que radiografar
toda a escrita que vem com o tacto.

Retalhos

quarta-feira, 5 de novembro de 2008



As palavras por dizer,
deixei-as esquecidas
em cima da mesa.

sábado, 1 de novembro de 2008

...

Qualquer ausência
quando chega,
vem sempre cedo demais