Noite dentro...
Sigo em frente com o batuque surdo do house, que aos poucos se fecha sobre mim como água destilada.
Muitos usam óculos escuros para enganar a noite pelo dia, outros expõem as pupilas dilatadas.
Por um instante, divirto-me com a ideia de que sou irremediavelmente observadora e anacrónica.
Sigo para o bar. Encontro quem já não se via há meses e o cumprimento surge com um acenar de cabeça. Diz-se, um acto civilizado.
Leve... prestes a flutuar num ar consumido de gente, enquanto a letra da música grita: "Can you trust yourself?"
Alguém ergue o copo, olha o relógio, a porta.
Brinda-se a tudo e a todos.
"Can you trust yourself?"
Danço a despeito de mim mesma, giro na cadência das batidas e a cabeça aérea corre à velocidade da luz. O corpo movimenta-se sem comando, sem vontade própria e procuro o rosto.
Os olhos fixos nos meus - aquele rosto sem idade, qualquer coisa entre os 30 e os 40.
Corro os olhos em volta. Fecho-os. Sinto a letra:
"Can you trust yourself?" - e saio.
Entro umas horas mais tarde em casa. Sento-me no cansaço do corpo dormente e escrevo no papel que tenho mais à mão:
O que Sou,
é o Lugar mais seguro que conheço.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
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