Este ano, de palavras escassas...
porque se existem para serem escritas ou faladas,
talvez nem todas tenham sido ditas,
por inteiro.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Conversas fora de horas
O que resta de um nome
dito em voz baixa?
...
Talvez seja TODO o resto que existe
por detrás desse nome.
dito em voz baixa?
...
Talvez seja TODO o resto que existe
por detrás desse nome.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Temps d'Images
Talvez não seja possível falar da distância,
tão depressa se encontra a proximidade...
tão depressa se encontra a proximidade...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Ask me
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Liberdade de expressão
O silêncio forçado adensa o incómodo
quando nos tapam a boca,
impedindo-nos de falar.
quando nos tapam a boca,
impedindo-nos de falar.
domingo, 13 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Saudade
...Lisboa. O metro.
As iluminações de Natal presas aos postes na rua.
Eu a vê-las da janela do carro em condução, elas a dizerem-me que é Natal,
outro ano a chegar - e eu a explicar-lhes que se fez Natal demasiado cedo,
que não estava preparada,
que não estás cá para ver.
As iluminações de Natal presas aos postes na rua.
Eu a vê-las da janela do carro em condução, elas a dizerem-me que é Natal,
outro ano a chegar - e eu a explicar-lhes que se fez Natal demasiado cedo,
que não estava preparada,
que não estás cá para ver.
sábado, 28 de novembro de 2009
Diz-se
Dizem que já vivem um sem o outro, que vivem vidas antagónicas.
Diz-se que são outros.
Dizem que se passarem um pelo outro na rua, um mudará de eixo por escolha pessoal intransmissível: diz-se que são civilizados.
Dizem que têm outras Pessoas.
Diz-se que moram perto um do outro sem saberem.
Dizem que no outro dia se cruzaram numa qualquer estação de metro, indo um deles com a actual acompanhante.
Diz-se que se olharam nos olhos como se os olhos de um já tivessem sabido a linguagem do outro, mas diz quem viu, que pareciam estranhos.
Dizem que a pele dela já não dava sinais da presença dele, dizem que ele desviou o olhar.
Dizem que ele lhe apresentou a respectiva acompanhante, agora mulher.
Dizem - e pouca gente sabe mas dizem - que ela hesitou em olhar para trás quando se separaram.
E dizem, diz-se,
que ele olhou para trás também, mas sem hesitar.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Hands (on approach)
As mãos...
as mãos onde me escrevo e me descrevo,
onde me deito vezes sem conta...
as mãos onde me escrevo e me descrevo,
onde me deito vezes sem conta...
domingo, 22 de novembro de 2009
Insónia 3
O sono tem peso
e ocupa espaço quando se demora no fechar dos olhos.
O sono desloca-se pelos membros em movimento lento,
tocando em cada tendão ao jeito da pele.
O sono...
o sono cria afinidades mentais para se acomodar nos pensamentos.
O sono, é do mundo o opressor.
e ocupa espaço quando se demora no fechar dos olhos.
O sono desloca-se pelos membros em movimento lento,
tocando em cada tendão ao jeito da pele.
O sono...
o sono cria afinidades mentais para se acomodar nos pensamentos.
O sono, é do mundo o opressor.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
??
Pergunto-me porque perguntam sobre a ausência das minhas palavras.
Estranho isto,
Alguém sentir falta de algo que apenas se lê. Algo virtual que apenas conta/partilha retalhos de estórias ou dias de um outro Alguém - e que nunca se sabe se reais ou mera imaginação.
Pergunto-me como andarão os dias a passar por ti e tu pelos dias?
Pergunto-me tanta coisa
e a quase nada os dias me respondem.
Estranho isto,
Alguém sentir falta de algo que apenas se lê. Algo virtual que apenas conta/partilha retalhos de estórias ou dias de um outro Alguém - e que nunca se sabe se reais ou mera imaginação.
Pergunto-me como andarão os dias a passar por ti e tu pelos dias?
Pergunto-me tanta coisa
e a quase nada os dias me respondem.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Pandemia
Um dos males endémicos dos adolescentes,
é que "morrem de saudades" de tudo por quanto é passível "morrer".
E sem passado,
"morrem de saudades" do futuro.
é que "morrem de saudades" de tudo por quanto é passível "morrer".
E sem passado,
"morrem de saudades" do futuro.
domingo, 15 de novembro de 2009
Para além da escrita
Outono. Novembro.
Mês da saudade com datas formalmente consagradas.
É noite e escrevo.
Dizem por aí, que a escrita é a fixação gráfica do pensamento, da palavra, forma de linguagem silenciosa, arma imbatível da memória contra o esquecimento.
Não exige a presença dos participantes - estabelece a distância entre quem escreve e quem lê.
É noite e escrevo,
como alguém escreveu um dia aquilo que leio.
A noite foi de reencontro com rostos familiares, fotografias, textos antigos, presenças ausentes.
Sinuoso, o pensamento enrosca-se no passado presente da escrita e nas entrelinhas do texto, cresce o desejo de anulação do tempo e da distância, do regresso à memória, ao convívio dos ausentes.
É noite e escrevo.
Talvez seja do nevoeiro que veste a noite - antes isso do que saudade! porque mais fácil de passar.
(...)
É de dia e ainda escrevo.
Afinal,
não era o nevoeiro.
Mês da saudade com datas formalmente consagradas.
É noite e escrevo.
Dizem por aí, que a escrita é a fixação gráfica do pensamento, da palavra, forma de linguagem silenciosa, arma imbatível da memória contra o esquecimento.
Não exige a presença dos participantes - estabelece a distância entre quem escreve e quem lê.
É noite e escrevo,
como alguém escreveu um dia aquilo que leio.
A noite foi de reencontro com rostos familiares, fotografias, textos antigos, presenças ausentes.
Sinuoso, o pensamento enrosca-se no passado presente da escrita e nas entrelinhas do texto, cresce o desejo de anulação do tempo e da distância, do regresso à memória, ao convívio dos ausentes.
É noite e escrevo.
Talvez seja do nevoeiro que veste a noite - antes isso do que saudade! porque mais fácil de passar.
(...)
É de dia e ainda escrevo.
Afinal,
não era o nevoeiro.
domingo, 8 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Conti-gu-idade
Há dias que sabem...
sabem a histórias.
Há manhãs que transcrevem noites
tardes que prolongam manhãs
noites que vestem os dias,
de tons neutros
silêncios mudos
rostos sem nome.
sabem a histórias.
Há manhãs que transcrevem noites
tardes que prolongam manhãs
noites que vestem os dias,
de tons neutros
silêncios mudos
rostos sem nome.
domingo, 1 de novembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Oblíqua-mente
Chega um dia
em que a mão se apercebe do limite da página
e sente que a sombra das letras que escreve, saltam do papel.
Atrás dessa sombra,
passa a escrever nos corpos espalhados pelo mundo,
num braço estendido, num copo vazio, nos restos de algo.
Chega outro dia,
em que a mão sente que o corpo devora furtiva e precocemente o mais simples dos sinais.
O ar torna-se insaciável e os limites obliquamente estreitos.
A mão empreende então a sua última tentativa:
passa humildemente a escrever sobre si mesma.
em que a mão se apercebe do limite da página
e sente que a sombra das letras que escreve, saltam do papel.
Atrás dessa sombra,
passa a escrever nos corpos espalhados pelo mundo,
num braço estendido, num copo vazio, nos restos de algo.
Chega outro dia,
em que a mão sente que o corpo devora furtiva e precocemente o mais simples dos sinais.
O ar torna-se insaciável e os limites obliquamente estreitos.
A mão empreende então a sua última tentativa:
passa humildemente a escrever sobre si mesma.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Labirinto
Se alguém soubesse,
seria para dizer.
Seria pelo menos, para começar a dizer.
Seria para contradizer,
a fim de saber.
E uma vez dito,
para que os outros soubessem.
seria para dizer.
Seria pelo menos, para começar a dizer.
Seria para contradizer,
a fim de saber.
E uma vez dito,
para que os outros soubessem.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Insone
Se não dormirmos,
o melhor talvez seja abandonar as palavras,
as imagens sedutoras em si próprias,
cumprir a rotina de nos alimentarmos da voz, das palavras, das coisas pequenas que chegam trazidas por não as sabermos.
Nada será apagado, ainda que o tempo obrigue à rectificação.
Continuaremos a correr,
apesar das ruas estarem vedadas, cercadas pelo zelo da insónia de alguns
que sossegam de sono quem passa.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Quietude inquietante
Nesta trepidante cultura, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter que parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assume-se uma infinidade de obrigações.
Não há perdão nem amnistia para os que ficam fora do jogo:
os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser-se actualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem relacionado. Quem não corre com a manada, ou não existe ou é egocêntrico.
Pressionados pelo time-out do relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia,
dispara-se sem rumo - ou por trilhos determinados - como hamsters que se alimentam da sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso. Pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem apanha um susto de cada vez que se auto-analisa.
Estar sozinho é considerado por muitos, humilhante, sinal de que não se "arranjou" ninguém - como se os gostares estivessem à venda nessas ditas lojas de conveniência - que curiosamente nem aparecem quando mais se precisa.
Na ideia que o "vazio" provoca, querem-se ruídos. Chega-se a casa e liga-se a televisão antes de se pousar a mala ou o casaco. E não, não é para se assistir ao programa, é tão somente pelo ruído, pela distracção.
Mas que raio, de que serve a procura para fora,
se não souberem o que encontram por dentro!?
Sob a pressão do ter que parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assume-se uma infinidade de obrigações.
Não há perdão nem amnistia para os que ficam fora do jogo:
os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser-se actualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem relacionado. Quem não corre com a manada, ou não existe ou é egocêntrico.
Pressionados pelo time-out do relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia,
dispara-se sem rumo - ou por trilhos determinados - como hamsters que se alimentam da sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso. Pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem apanha um susto de cada vez que se auto-analisa.
Estar sozinho é considerado por muitos, humilhante, sinal de que não se "arranjou" ninguém - como se os gostares estivessem à venda nessas ditas lojas de conveniência - que curiosamente nem aparecem quando mais se precisa.
Na ideia que o "vazio" provoca, querem-se ruídos. Chega-se a casa e liga-se a televisão antes de se pousar a mala ou o casaco. E não, não é para se assistir ao programa, é tão somente pelo ruído, pela distracção.
Mas que raio, de que serve a procura para fora,
se não souberem o que encontram por dentro!?
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Silence
O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe-se lá que desconcerto,
e com receio de se ver quem - ou o que se é, adia-se o confronto desse hiato sem máscaras.
Nunca esqueci quando a mão pousou no ombro e disse:
"Fica quieta por um momento, ouve a chuva a chegar".
E chegou. Intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo.
A quietude pode ser assim... como a chuva:
nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros à normalidade, às Pessoas, às tarefas diárias, às frases, aos gostares, aos pormenores.
Então, dêem-me isso:
um pouco de silêncio, para que se faça ouvir o vento nas folhas, a chuva a lamber os telhados,
e tudo o que se fala para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
e com receio de se ver quem - ou o que se é, adia-se o confronto desse hiato sem máscaras.
Nunca esqueci quando a mão pousou no ombro e disse:
"Fica quieta por um momento, ouve a chuva a chegar".
E chegou. Intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo.
A quietude pode ser assim... como a chuva:
nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros à normalidade, às Pessoas, às tarefas diárias, às frases, aos gostares, aos pormenores.
Então, dêem-me isso:
um pouco de silêncio, para que se faça ouvir o vento nas folhas, a chuva a lamber os telhados,
e tudo o que se fala para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
Rotações Líquidas
Não és estanque.
Moves-te por espaços em rotação.
A necessidade é a de não permaneceres muito tempo no mesmo sitio,
mas regressando aos locais.
Tal como as palavras - por vezes no mesmo sitio
mas com interpretações diferentes...
Liquidas, porque embebidas fluem melhor.
Moves-te por espaços em rotação.
A necessidade é a de não permaneceres muito tempo no mesmo sitio,
mas regressando aos locais.
Tal como as palavras - por vezes no mesmo sitio
mas com interpretações diferentes...
Liquidas, porque embebidas fluem melhor.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sugar adicted
Para os que me "conhecem",
saberão que sou uma verdadeira aficionada de açúcar...
Pois bem, não seria tão mais fácil deixar-nos levar pelo que realmente nos apetece fazer?!
Passo a explicar:
Hoje, um simples pacote de 8 mg desse granulado doce que se cola entre os dedos, dizia-ME:
"Qualquer dia salto para o meio da rua e desato a dançar"
(...)
A vontade faz-nos pensar em agir mas o racional paralisa-nos o impulso.
(e seria tão mais fácil se assim não fosse!)
Como tal, e porque não!?
Façam! faça-se a vontade!
mesmo que se atribua posteriormente a culpa
a um simples
pacote de açúcar.
saberão que sou uma verdadeira aficionada de açúcar...
Pois bem, não seria tão mais fácil deixar-nos levar pelo que realmente nos apetece fazer?!
Passo a explicar:
Hoje, um simples pacote de 8 mg desse granulado doce que se cola entre os dedos, dizia-ME:
"Qualquer dia salto para o meio da rua e desato a dançar"
(...)
A vontade faz-nos pensar em agir mas o racional paralisa-nos o impulso.
(e seria tão mais fácil se assim não fosse!)
Como tal, e porque não!?
Façam! faça-se a vontade!
mesmo que se atribua posteriormente a culpa
a um simples
pacote de açúcar.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Decisões Provisórias
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Literatura
Esperávamos por ela na esplanada,
(em tardes que se faziam noites)
como quem espera aquele amigo mais velho,
tão ingrato,
que um dia deixou de nos falar.
(em tardes que se faziam noites)
como quem espera aquele amigo mais velho,
tão ingrato,
que um dia deixou de nos falar.
domingo, 4 de outubro de 2009
(Bi)polaridade do Palco
De modo estranhamente similar,
o lugar físico do Teatro está associado a uma série de expectativas que produzem um certo "além",
um certo transpor de realidade, de evasão mesmo,
onde há a criação de dois tempos, dois campos aparentemente separados,
na claridade da cena
e na escuridão da plateia.
o lugar físico do Teatro está associado a uma série de expectativas que produzem um certo "além",
um certo transpor de realidade, de evasão mesmo,
onde há a criação de dois tempos, dois campos aparentemente separados,
na claridade da cena
e na escuridão da plateia.
sábado, 3 de outubro de 2009
Seis Personagens à procura de Autor
...e eis que surge uma família com rostos esmaecidos e como que vindos de um sonho.
São as 6 Personagens que procuram Autor e que tentam viver.
Querem ser mergulhados num drama, o drama que é o deles. Não lhes basta serem "replicados" na ilusão do que poderiam ter sido, ou feito.
São reais, mais reais do que qualquer encenador, trapalhão imundo e contador de histórias.
São reais e provam-no...
(Uma peça fantástica, que fala sobre a luta interior constante. Caminha até à angústia do Homem que se perdeu no mundo tremendo do seu SER, do mundo comum que se senta na beira do caminho e se interroga, numa tentativa de se compreender
e de compreender o mundo que o rodeia.
A ver no Teatro S. Luiz, até dia 18 de Outubro)
São as 6 Personagens que procuram Autor e que tentam viver.
Querem ser mergulhados num drama, o drama que é o deles. Não lhes basta serem "replicados" na ilusão do que poderiam ter sido, ou feito.
São reais, mais reais do que qualquer encenador, trapalhão imundo e contador de histórias.
São reais e provam-no...
(Uma peça fantástica, que fala sobre a luta interior constante. Caminha até à angústia do Homem que se perdeu no mundo tremendo do seu SER, do mundo comum que se senta na beira do caminho e se interroga, numa tentativa de se compreender
e de compreender o mundo que o rodeia.
A ver no Teatro S. Luiz, até dia 18 de Outubro)
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Rastilho sem pólvora
De todas as armas de destruição que o Homem foi capaz de inventar,
a mais terrível - e a mais cobarde -
é a palavra.
a mais terrível - e a mais cobarde -
é a palavra.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
- King -
Deixa passar 8 minutos,
entra já às escuras, segue o foco da lâmpada na escuridão.
Observa se puderes,
o "travelling" a reflectir-se, trémulo, em rostos desconhecidos.
Guarda o bilhete rectangular no bolso das calças e senta-te na primeira fila, a vista a arder.
Depois, respira fundo.
Sabes como funciona:
a verdade (e a mentira)
em 24 imagens por segundo.
entra já às escuras, segue o foco da lâmpada na escuridão.
Observa se puderes,
o "travelling" a reflectir-se, trémulo, em rostos desconhecidos.
Guarda o bilhete rectangular no bolso das calças e senta-te na primeira fila, a vista a arder.
Depois, respira fundo.
Sabes como funciona:
a verdade (e a mentira)
em 24 imagens por segundo.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Posse
Nos dias que correm,
semeiam-se "Gostares" com violento gesto
e sem outra linguagem,
os instantes erguem-se para esses Outros
num misto entre a surpresa e o sentimento de posse.
semeiam-se "Gostares" com violento gesto
e sem outra linguagem,
os instantes erguem-se para esses Outros
num misto entre a surpresa e o sentimento de posse.
domingo, 20 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Volumes Femininos
Em Lisboa ninguém vê ninguém.
Em Lisboa, uma mulher pode andar seminua no metro, apenas com uma camisa de homem por cima, que ninguém dá por ela.
Em Lisboa, as Pessoas estão demasiado preocupadas consigo próprias para olhar para os outros.
(próxima estação: Rotunda, há correspondência com a linha azul)
Enfim, talvez ouças uns piropos daqueles homens que têm o sexo na boca.
Mas esses, também se comprazem com calças de ganga e vestidos compridos, desde que tragam "airbags" como acessórios.
Só não assobiam a freiras, porque o sagrado a Deus pertence
e ele tem um assobio mais forte.
Em Lisboa, uma mulher pode andar seminua no metro, apenas com uma camisa de homem por cima, que ninguém dá por ela.
Em Lisboa, as Pessoas estão demasiado preocupadas consigo próprias para olhar para os outros.
(próxima estação: Rotunda, há correspondência com a linha azul)
Enfim, talvez ouças uns piropos daqueles homens que têm o sexo na boca.
Mas esses, também se comprazem com calças de ganga e vestidos compridos, desde que tragam "airbags" como acessórios.
Só não assobiam a freiras, porque o sagrado a Deus pertence
e ele tem um assobio mais forte.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
E-coming
Roída, a dor muda
e os dias passam a surgir nas costas das mãos.
O resto que vem,
cabe no silêncio de uma casa nova
onde não sopram despedidas.
e os dias passam a surgir nas costas das mãos.
O resto que vem,
cabe no silêncio de uma casa nova
onde não sopram despedidas.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
Desalinho
Pousa o livro sobre a pele,
já não é página.
Deixa-te ir...
entra no sono leve como se tivesses um corpo sem memória,
porque é esta ignorância que te salva.
Acorda incendiada de vontade, plena de palavras em desalinho,
aquelas que ficaram
que querem ficar aí,
na humidade fértil da manhã.
já não é página.
Deixa-te ir...
entra no sono leve como se tivesses um corpo sem memória,
porque é esta ignorância que te salva.
Acorda incendiada de vontade, plena de palavras em desalinho,
aquelas que ficaram
que querem ficar aí,
na humidade fértil da manhã.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O Poder do Agora
Sentada aqui...
é possível observar o que acontece ao redor sem dar nenhuma interpretação, apenas estar presente no momento.
É como se sentada no banco de um parque, sem que nada precise ser acrescentado a esse momento.
Os sons, as visões, as Pessoas, o som da água, a luz... permitir que tudo seja como é, não nos deixarmos atrair pelos acontecimentos, pensamentos, emoções e reacções.
Passamos a ser o espaço mais amplo onde todas as coisas acontecem, a consciência que permite que tudo exista.
A maioria das Pessoas procura algo e ignora isto,
cerca-se de pensamentos e abandona o Agora.
Mas os pensamentos são apenas isso - pensamentos -
qualquer coisa que a mente despeja.
é possível observar o que acontece ao redor sem dar nenhuma interpretação, apenas estar presente no momento.
É como se sentada no banco de um parque, sem que nada precise ser acrescentado a esse momento.
Os sons, as visões, as Pessoas, o som da água, a luz... permitir que tudo seja como é, não nos deixarmos atrair pelos acontecimentos, pensamentos, emoções e reacções.
Passamos a ser o espaço mais amplo onde todas as coisas acontecem, a consciência que permite que tudo exista.
A maioria das Pessoas procura algo e ignora isto,
cerca-se de pensamentos e abandona o Agora.
Mas os pensamentos são apenas isso - pensamentos -
qualquer coisa que a mente despeja.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Water
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Por outras palavras
"Escrever é usar as palavras que se guardaram:
se tu falares demais, já não escreves,
porque não te resta nada para dizer."
se tu falares demais, já não escreves,
porque não te resta nada para dizer."
sábado, 29 de agosto de 2009
Película
Faço perguntas às minhas próprias dúvidas
e lembro-me de um filme antigo quando percebo que não respondem:
silêncio a preto e branco.
e lembro-me de um filme antigo quando percebo que não respondem:
silêncio a preto e branco.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Linhas vazias de.
As casas velhas de sujas,
as Pessoas que se cruzam com pressa de chegar todos os dias a lugar nenhum,
a linha do eléctrico por onde o eléctrico não passa
e que por solidão se vinga,
fazendo os carros tropeçar.
as Pessoas que se cruzam com pressa de chegar todos os dias a lugar nenhum,
a linha do eléctrico por onde o eléctrico não passa
e que por solidão se vinga,
fazendo os carros tropeçar.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take 3)
Cada gota circula sanguínea, largada no copo.
Vultos desabrigados pedem dinheiro, dia e noite, ganhando a causa da recusa.
Passos marcados na rua; vozes que se levantam da calçada, que saem da parede, que entram na espessura falsa do vidro; setas de sedução e direcção convicta: a nossa.
Há crianças acordadas que fingem dormir ao colo do barulho; pais que os pegam numa mão, copo hirto na outra.
Os lábios descolam. Cheira a fruta de vidro.
Um homem tenta sair sem pagar a conta, o dono do café toma-lhe o gesto como garantia de vida.
A mulher chora cá fora, o filho dorme aninhado no colo descaído, o homem é um copo que se enche devagar... e os seus olhos vermelhos não o conseguem encontrar.
Dentro de casa alguém sente medo.
Num quarto pequeno, os gestos em grito soam mais alto que qualquer ruído - onde o céu desce cada vez mais, colando-se ao tecto e fazendo-os(-nos) reféns.
Deixa-me estar.
Deixa-te estar escondido na cama.
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
Vultos desabrigados pedem dinheiro, dia e noite, ganhando a causa da recusa.
Passos marcados na rua; vozes que se levantam da calçada, que saem da parede, que entram na espessura falsa do vidro; setas de sedução e direcção convicta: a nossa.
Há crianças acordadas que fingem dormir ao colo do barulho; pais que os pegam numa mão, copo hirto na outra.
Os lábios descolam. Cheira a fruta de vidro.
Um homem tenta sair sem pagar a conta, o dono do café toma-lhe o gesto como garantia de vida.
A mulher chora cá fora, o filho dorme aninhado no colo descaído, o homem é um copo que se enche devagar... e os seus olhos vermelhos não o conseguem encontrar.
Dentro de casa alguém sente medo.
Num quarto pequeno, os gestos em grito soam mais alto que qualquer ruído - onde o céu desce cada vez mais, colando-se ao tecto e fazendo-os(-nos) reféns.
Deixa-me estar.
Deixa-te estar escondido na cama.
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
sábado, 22 de agosto de 2009
Colors
Na cidade todos são todos.
Na cidade ninguém é ninguém.
Não há caras conhecidas. Lisboa desfaz-se num colorido multiétnico,
dos Guineenses do Rossio que lançam búzios a quem quer saber do futuro,
dos Ucranianos da Praça do Comércio à espera que alguém os leve para uma empreitada,
aos Indianos e Paquistaneses do Martim Moniz, onde as ruas tresandam a cores e caril.
S. deu por si a andar pela Rua da Palma até à Almirante Reis.
O dia pela noite, os rostos pelas sombras.
Na cidade ninguém é ninguém.
Não há caras conhecidas. Lisboa desfaz-se num colorido multiétnico,
dos Guineenses do Rossio que lançam búzios a quem quer saber do futuro,
dos Ucranianos da Praça do Comércio à espera que alguém os leve para uma empreitada,
aos Indianos e Paquistaneses do Martim Moniz, onde as ruas tresandam a cores e caril.
S. deu por si a andar pela Rua da Palma até à Almirante Reis.
O dia pela noite, os rostos pelas sombras.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take 2)
Os barulhos da noite acordam para o dia que é a noite.
Alguém grita na televisão.
No azulado do ecrã que sai pelas cortinas gastas, alguém grita mais alto do que a Pessoa que lhe gritou primeiro.
O barulho das portas que batem com violência planeada têm algo de vítreo,
e por dentro dessas portas ouve-se um viver de um outro mundo sem resguardo.
Circulação ao ritmo do pulsar das ruas.
Sobe, desce, sai, torna a entrar... a brisa regressa aos candeeiros amarelos,
aos corpos hirtos de dedos nos copos,
abrigando vultos e refrescando o calor das palavras.
Alguém grita na televisão.
No azulado do ecrã que sai pelas cortinas gastas, alguém grita mais alto do que a Pessoa que lhe gritou primeiro.
O barulho das portas que batem com violência planeada têm algo de vítreo,
e por dentro dessas portas ouve-se um viver de um outro mundo sem resguardo.
Circulação ao ritmo do pulsar das ruas.
Sobe, desce, sai, torna a entrar... a brisa regressa aos candeeiros amarelos,
aos corpos hirtos de dedos nos copos,
abrigando vultos e refrescando o calor das palavras.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
... um puzzle em que tudo se precipita em baixo e em cima de uma mesa e de uma cama;
debaixo, existe uma porta para um mundo feito do esquecimento do que queremos esconder, do que se gosta (ou de quem), daquilo que pisamos ou nos dá suporte;
... é um momento em que nos apercebemos da importância das pequenas peças (diárias) que constroem e sustentam a realidade;
é um poema feito das seriedades de uma criança,
porque muitas vezes, desde criança,
as nossas perguntas mostram-se constantes e o que permitimos apenas, é a mudança do modo e da intensidade do encanto,
com que as fazemos.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
NÉON
Como nos bares decrépitos
do "red light district",
há letras de determinados nomes que já não acendem
e outras,
que tremeluzem a noite inteira.
do "red light district",
há letras de determinados nomes que já não acendem
e outras,
que tremeluzem a noite inteira.
sábado, 15 de agosto de 2009
Vírgulas na paisagem (4) - Avenidas Novas
...S. atirou-se para dentro de um táxi, conduzido por um motorista que depois lhe pareceu ser cego e guiar de ouvido.
Um motorista com uns óculos tão pretos, que cegavam por contágio o desprevenido que caísse na asneira de os fitar.
S. deu volta e meia a Lisboa naquela carroça fantasma.
Via e não via, dormitava; passava por recantos de sol encoberto, reflexos de vidros, autocarros de cores aos berros... e só sentia o taxímetro a cavalgar.
Sentia-o como um relógio aos coices no peito.
Por alturas do Alto de S. João, reconheceu o muro do cemitério, branco nas extremidades,
tremidas pelo tilintar dos eléctricos que seguiam rua abaixo.
Pouco depois, com o taxímetro a bater num pulsar destrambelhado, entrou numa praça de Torreões sinistros, uma praça coincidente com a da Inquisição, com arcadas e esquadrias de pedra.
Aí não teve dúvidas: Areeiro.
Mais uns minutos e estaria em casa.
Um motorista com uns óculos tão pretos, que cegavam por contágio o desprevenido que caísse na asneira de os fitar.
S. deu volta e meia a Lisboa naquela carroça fantasma.
Via e não via, dormitava; passava por recantos de sol encoberto, reflexos de vidros, autocarros de cores aos berros... e só sentia o taxímetro a cavalgar.
Sentia-o como um relógio aos coices no peito.
Por alturas do Alto de S. João, reconheceu o muro do cemitério, branco nas extremidades,
tremidas pelo tilintar dos eléctricos que seguiam rua abaixo.
Pouco depois, com o taxímetro a bater num pulsar destrambelhado, entrou numa praça de Torreões sinistros, uma praça coincidente com a da Inquisição, com arcadas e esquadrias de pedra.
Aí não teve dúvidas: Areeiro.
Mais uns minutos e estaria em casa.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Amnésia
No Bairro por onde passas, chamam-te a atenção se tens o sapato desapertado.
Mas tu não tens sapatos,
sais descalça, por isso não te dizem nada quando pisas, decidida,
as primeiras pedras da calçada.
Olham-te. Ou sentes-te olhada.
Estes olhos são diferentes, dizem algo que não queres ler.
Reparam-te. Embora a esta hora da noite, ou manhã (??),
não vejas propriamente os olhos que te vêem.
Sobes a rua como se nada fosse. Cumprimentas quem te cumprimenta.
Sorris a quem te sorri. Mas sentes vergonha, um estranho embaraço.
Vontade de tapar a cara com as mãos.
Contudo, o que te embaraça é o corpo, não a cara.
Se ao menos te lembrasses do que fizeste ontem?!
Mas tu não tens sapatos,
sais descalça, por isso não te dizem nada quando pisas, decidida,
as primeiras pedras da calçada.
Olham-te. Ou sentes-te olhada.
Estes olhos são diferentes, dizem algo que não queres ler.
Reparam-te. Embora a esta hora da noite, ou manhã (??),
não vejas propriamente os olhos que te vêem.
Sobes a rua como se nada fosse. Cumprimentas quem te cumprimenta.
Sorris a quem te sorri. Mas sentes vergonha, um estranho embaraço.
Vontade de tapar a cara com as mãos.
Contudo, o que te embaraça é o corpo, não a cara.
Se ao menos te lembrasses do que fizeste ontem?!
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
Palavras propriamente ditas
(...)
- Não ouves os meus pensamentos.
- Ouço o que não ouço. É o silêncio que eles fazem. O silêncio das palavras perturba-me mais do que as palavras ditas, as palavras propriamente ditas. E então peço-te que fales, o que é a mesma coisa, porque não suporto a ausência das palavras. Ou a presença delas. Não sei.
- Não ouves os meus pensamentos.
- Ouço o que não ouço. É o silêncio que eles fazem. O silêncio das palavras perturba-me mais do que as palavras ditas, as palavras propriamente ditas. E então peço-te que fales, o que é a mesma coisa, porque não suporto a ausência das palavras. Ou a presença delas. Não sei.
LISBOA NA RUA
Durante o mês de Agosto e Setembro,
os jardins, parques, praças e largos da cidade vão ser palco de cultura.
O programa Lisboa na Rua - Verão nos Coretos e Jardins,
reúne eventos como:
Out Jazz, Clássicos na Rua, Fitas na Rua e Lugar à Dança.
Aproveitem a dica,
e se não nos encontrarmos antes,
talvez aconteça,
por aí...
os jardins, parques, praças e largos da cidade vão ser palco de cultura.
O programa Lisboa na Rua - Verão nos Coretos e Jardins,
reúne eventos como:
Out Jazz, Clássicos na Rua, Fitas na Rua e Lugar à Dança.
Aproveitem a dica,
e se não nos encontrarmos antes,
talvez aconteça,
por aí...
sábado, 8 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take one)
Pessoas velhas que descolam das paredes e que têm línguas nas mãos.
Jovens em inicio de fim de vida, invisíveis, a escaparem rapidamente em recolha aos ninhos.
Mãos que lambem e línguas que tocam.
Perguntas sobre nós, para saber e esquecer no próprio momento.
Varandas se ninguém, mesmo quando está lá alguém.
A Lua enorme, laranja.
A noite tudo traz... porque os olhos já se habituaram ao cair do dia, ao raiar da noite.
O suor das ruas um lago de más línguas; o suor dos jovens um lago de copo cheio.
Contam-se os pedaços da história da mulher que atirou à rua a carta rasgada; metem-se as crianças na cama e o cansaço de uma família escorre para a roupa estendida de outra...
Todos somos iguais. Ou não.
O homem que parou a dormir e que não sabe que dorme; o vapor do álcool a sair porta sim porta não; fruta em árvores que não existem, tocadas; ruas nunca limpas porque feitas de sujidade;
os velhos a descolarem (ainda) das paredes com o gritar da ambulância; as raparigas de pele de seda a deixarem-se enfeitiçar pelos sapos da noite feitos "Príncipes...
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
mas deixa-me estar.
Jovens em inicio de fim de vida, invisíveis, a escaparem rapidamente em recolha aos ninhos.
Mãos que lambem e línguas que tocam.
Perguntas sobre nós, para saber e esquecer no próprio momento.
Varandas se ninguém, mesmo quando está lá alguém.
A Lua enorme, laranja.
A noite tudo traz... porque os olhos já se habituaram ao cair do dia, ao raiar da noite.
O suor das ruas um lago de más línguas; o suor dos jovens um lago de copo cheio.
Contam-se os pedaços da história da mulher que atirou à rua a carta rasgada; metem-se as crianças na cama e o cansaço de uma família escorre para a roupa estendida de outra...
Todos somos iguais. Ou não.
O homem que parou a dormir e que não sabe que dorme; o vapor do álcool a sair porta sim porta não; fruta em árvores que não existem, tocadas; ruas nunca limpas porque feitas de sujidade;
os velhos a descolarem (ainda) das paredes com o gritar da ambulância; as raparigas de pele de seda a deixarem-se enfeitiçar pelos sapos da noite feitos "Príncipes...
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
mas deixa-me estar.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
"Sucre"
... mais do que um lugar com nome doce,
é café, restaurante, mercearia fina...
Dividido entre rés-do-chão e 1º andar, é sítio de paragem obrigatória para quem (ainda) anda por Lisboa neste mês.
No piso térreo, um instante com pratos rápidos a forrar a barriga com "pequenos grandes" mimos, feitos a pensar em quem entra;
no piso superior, o ambiente mais elaborado para quem vai com tempo,
muito mais tempo...
domingo, 2 de agosto de 2009
Bipolaridade
...no que toca ao Sentir,
talvez tenhamos todos uma parte Bipolar...
quanto mais não seja pela barreira que separa
o dizer do fazer,
o sentir do agir,
o racional da intuição.
talvez tenhamos todos uma parte Bipolar...
quanto mais não seja pela barreira que separa
o dizer do fazer,
o sentir do agir,
o racional da intuição.
sábado, 1 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
CSI
quinta-feira, 30 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
Equidistância
Quando nos calamos,
a sensação é a de viver sem palavras;
quando afinal,
estamos pelo silêncio
mesmo no corpo delas.
a sensação é a de viver sem palavras;
quando afinal,
estamos pelo silêncio
mesmo no corpo delas.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Assunto privado
Numa respiração contida,
li hoje numa parede da estação de Metro:
"Quero-te assunto privado",
o que me calou durante toda a viagem.
li hoje numa parede da estação de Metro:
"Quero-te assunto privado",
o que me calou durante toda a viagem.
domingo, 12 de julho de 2009
Espaços com história
O quiosque é o sucedâneo do café, da taberna, da leitaria, da papelaria:
é uma "loja" mais pequena, acessível e que vai "cabendo no bolso",
no meio das praças, dos largos, no fundo dos passeios, perto de quem passa.
Tornaram-se o poiso de quem passa apressado, dois dedos de conversa, copo na mão.
Uma moda que viajou de Paris, uma preocupação com os novos costumes,
um novo mobiliário urbano... adaptado à identidade portuguesa da ginginha, da groselha e do capilé...
São ainda alguns os que se mantém de pé, firmes e fiéis sobreviventes no aspecto de outros tempos: balcão negro, ornamentos arte nova sobre ferro rendilhado.
Hoje surgem novos, espalhados pela nossa Lisboa que se diz de muitos e caso queiram aproveitar a dica, fica o recém-chegado, fielmente sediado do Jardim do Príncipe Real.
é uma "loja" mais pequena, acessível e que vai "cabendo no bolso",
no meio das praças, dos largos, no fundo dos passeios, perto de quem passa.
Tornaram-se o poiso de quem passa apressado, dois dedos de conversa, copo na mão.
Uma moda que viajou de Paris, uma preocupação com os novos costumes,
um novo mobiliário urbano... adaptado à identidade portuguesa da ginginha, da groselha e do capilé...
São ainda alguns os que se mantém de pé, firmes e fiéis sobreviventes no aspecto de outros tempos: balcão negro, ornamentos arte nova sobre ferro rendilhado.
Hoje surgem novos, espalhados pela nossa Lisboa que se diz de muitos e caso queiram aproveitar a dica, fica o recém-chegado, fielmente sediado do Jardim do Príncipe Real.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Defesas(?)
...passado todo este tempo,
ainda há convites que não faço,
gestos que se ponderam,
palavras que não se dizem.
ainda há convites que não faço,
gestos que se ponderam,
palavras que não se dizem.
terça-feira, 30 de junho de 2009
...eu. em silêncio...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
Febre
Sinto o prazer da febre do papel subir-me pelo braço
e organizo o poema
na desobediência do sentir,
enquanto a língua procura a boca
do interior da palavra.
e organizo o poema
na desobediência do sentir,
enquanto a língua procura a boca
do interior da palavra.
domingo, 21 de junho de 2009
O que permanece?
Sei que tudo tem o seu tempo.
as tempestades
ventos fortes
dias de alguma melancolia
até dias de euforia e ilusão.
o que permanece? - perguntas,
o desejo de algo que se traz e se fortalece
a cada passo dado.
as tempestades
ventos fortes
dias de alguma melancolia
até dias de euforia e ilusão.
o que permanece? - perguntas,
o desejo de algo que se traz e se fortalece
a cada passo dado.
sábado, 20 de junho de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Hematologia Pediátrica
"...em mim não encontrarás brilho,
não encontrarás deslumbramento
nem plumas nem purpurinas
mas a luz que vem de dentro
e o sorrir...
o sorrir que me permitirá, que nos permitirá
chegar ao lugar de onde viemos
com a beleza que esperávamos."
(Este texto foi-me entregue pela Ana, uma jovem de 12 anos,
cuja simplicidade foi talvez a única coisa que não a traiu.)
não encontrarás deslumbramento
nem plumas nem purpurinas
mas a luz que vem de dentro
e o sorrir...
o sorrir que me permitirá, que nos permitirá
chegar ao lugar de onde viemos
com a beleza que esperávamos."
(Este texto foi-me entregue pela Ana, uma jovem de 12 anos,
cuja simplicidade foi talvez a única coisa que não a traiu.)
terça-feira, 16 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
A Sudoeste tudo de novo.
Para "os muitos" que se deslocaram a Sudoeste por estes dias...
fica a partilha, a lembrança de um sítio novo.
Ficou na memória um lugar onde o sol desmaiava na linha do horizonte...
...aqui a envolvência maquilha-se de tonalidades douradas e alaranjadas, numa sinestesia que contagia os sentidos.
Os olhos rasam o todo da paisagem, onde até à beira da estrada as mimosas abrem alas ao olfacto, lembrando-nos que estamos no campo.
As árvores de fruto, as pastagens, a noção de que "há tempo para tudo", desenha-nos a paisagem irregular do Alentejo profundo.
Os ouvidos acordam com os pássaros e acostumam-se aos badalos das ovelhas.
A pele recebe o cumprimento suave da brisa amena.
No gosto permanece ainda o paladar das iguarias retocadas em forno de lenha...
Aqui, o brilho da casa de paredes caiadas a branco e janelas debruadas a azul-cobalto,
mistura-se com a simplicidade dos que nos acolhem,
de sorriso posto na expressão, que nos diz:
"sejam bem vindos a casa".
E por tal,
deixo a sugestão,
que é hoje, uma boa "lembrança".
www.quintadochocalhinho.com
fica a partilha, a lembrança de um sítio novo.
Ficou na memória um lugar onde o sol desmaiava na linha do horizonte...
...aqui a envolvência maquilha-se de tonalidades douradas e alaranjadas, numa sinestesia que contagia os sentidos.
Os olhos rasam o todo da paisagem, onde até à beira da estrada as mimosas abrem alas ao olfacto, lembrando-nos que estamos no campo.
As árvores de fruto, as pastagens, a noção de que "há tempo para tudo", desenha-nos a paisagem irregular do Alentejo profundo.
Os ouvidos acordam com os pássaros e acostumam-se aos badalos das ovelhas.
A pele recebe o cumprimento suave da brisa amena.
No gosto permanece ainda o paladar das iguarias retocadas em forno de lenha...
Aqui, o brilho da casa de paredes caiadas a branco e janelas debruadas a azul-cobalto,
mistura-se com a simplicidade dos que nos acolhem,
de sorriso posto na expressão, que nos diz:
"sejam bem vindos a casa".
E por tal,
deixo a sugestão,
que é hoje, uma boa "lembrança".
www.quintadochocalhinho.com
quinta-feira, 11 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Plateia
E por instantes,
o mundo verteu-se sobre mim.
Tornou-se menos agudo e mais sereno.
Por instantes,
estava fora e dentro da plateia de Outros,
à espera que por algum motivo,
maior, mais alto,
não te deixassem aí
a esfriar com as palavras.
o mundo verteu-se sobre mim.
Tornou-se menos agudo e mais sereno.
Por instantes,
estava fora e dentro da plateia de Outros,
à espera que por algum motivo,
maior, mais alto,
não te deixassem aí
a esfriar com as palavras.
domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Príncipe Real
Sábado, 11 horas da manhã e eis-me de chegada ao Príncipe Real.
O calor dos dias teima em rasar a pele,
sobressai por entre a roupa tornando-a desconfortável,
até mesmo as chinelas de dedo teimam em escorregar dos pés.
Vislumbram-se as bancas de produtos de agricultura biológica,
da qual sou cliente "costumeira", onde as cores e os cheiros se mantêm,
como no antigamente.
Os morangos cheiram a morangos, o verde da salsa e coentros confunde-se no da relva, que está por todo o lado.
Ao longe, um pouco mais acima, as velharias, as quinquilharias da avó,
que gosto de apreciar com calma...
mas é tão somente isso, apreciar.
Comprar não faz parte das opções das carteiras de hoje e em boa verdade,
para velharias já me chegam as recordações.
Junto ao quiosque as roupas biológicas, as bujigangas, as bijutarias para quem é apreciador,
não eu, gosto mesmo de pouca coisa a adornar, ou quase nada.
As cores são tantas, os pormenores são tantos,
as Pessoas deitadas na relva com toalhas de praia anunciam que a praia já foi mais procurada, escolhendo sítios alternativos para se espraiarem com os livros que ocupavam espaço na estante, desejosos de sair à rua.
E eu olho, sempre.
Sempre assim foi.
Mas hoje não o faço de mãos vazias,
hoje vou de sacos cheios, de cores e sabores para mais logo.
Com tempo.
O calor dos dias teima em rasar a pele,
sobressai por entre a roupa tornando-a desconfortável,
até mesmo as chinelas de dedo teimam em escorregar dos pés.
Vislumbram-se as bancas de produtos de agricultura biológica,
da qual sou cliente "costumeira", onde as cores e os cheiros se mantêm,
como no antigamente.
Os morangos cheiram a morangos, o verde da salsa e coentros confunde-se no da relva, que está por todo o lado.
Ao longe, um pouco mais acima, as velharias, as quinquilharias da avó,
que gosto de apreciar com calma...
mas é tão somente isso, apreciar.
Comprar não faz parte das opções das carteiras de hoje e em boa verdade,
para velharias já me chegam as recordações.
Junto ao quiosque as roupas biológicas, as bujigangas, as bijutarias para quem é apreciador,
não eu, gosto mesmo de pouca coisa a adornar, ou quase nada.
As cores são tantas, os pormenores são tantos,
as Pessoas deitadas na relva com toalhas de praia anunciam que a praia já foi mais procurada, escolhendo sítios alternativos para se espraiarem com os livros que ocupavam espaço na estante, desejosos de sair à rua.
E eu olho, sempre.
Sempre assim foi.
Mas hoje não o faço de mãos vazias,
hoje vou de sacos cheios, de cores e sabores para mais logo.
Com tempo.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Rituais
Tudo aquilo que ganha
e ao mesmo tempo mata um ritual,
pode ser um simples gesto,
um sussurro colado à pele
qualquer coisa de raiva que tememos;
tal e qual as frases
assim, deitadas no papel.
e ao mesmo tempo mata um ritual,
pode ser um simples gesto,
um sussurro colado à pele
qualquer coisa de raiva que tememos;
tal e qual as frases
assim, deitadas no papel.
domingo, 24 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Dúvida
Cada traço, cada gesto,
cada palavra que nomeia ou que descreve
nunca sei,
se me inventa ou me liberta.
cada palavra que nomeia ou que descreve
nunca sei,
se me inventa ou me liberta.
terça-feira, 12 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
Entre perdidos e achados
Esta manhã encontrei o nome nos espelhos
onde o rosto deixou um rasto.
As palavras respiram,
na rede exausta de linhas rectilíneas
e as mãos,
as mãos estão por aí
à espera,
à espera de encontrar alguns vestígios,
algum gesto que as agasalhe.
onde o rosto deixou um rasto.
As palavras respiram,
na rede exausta de linhas rectilíneas
e as mãos,
as mãos estão por aí
à espera,
à espera de encontrar alguns vestígios,
algum gesto que as agasalhe.
domingo, 3 de maio de 2009
Santa Luzia
...quando saíram do restaurante,
a lua em balão recortava a brancura das casas.
Estava uma noite amena.
Mal desembocaram no Largo, a Cadeia do Limoeiro apareceu-lhes num clarão,
com filas de pombos adormecidos no telhado.
S. pensou: "um presídio guardado por pombas brancas"
e desejou espairecer, ir a pé por entre ruas.
Subiram ao miradouro.
Podiam chamar-lhe cliché, que a vista dali era magnífica.
Um sossego...
Lá em baixo Alfama, o Tejo escondido na noite clara, parado, denso.
"Este País não merece o Tejo que tem" - murmurou - "Nobre demais!"...
e eles a dominarem-no lá de cima, debruçados sobre o slide e o castiço,
casario à balda, escadas tortuosas, fado-fadário e tudo quanto se queira,
"mas bonito" - repetiu.
Francamente bonito,
diga-se o que se disser.
a lua em balão recortava a brancura das casas.
Estava uma noite amena.
Mal desembocaram no Largo, a Cadeia do Limoeiro apareceu-lhes num clarão,
com filas de pombos adormecidos no telhado.
S. pensou: "um presídio guardado por pombas brancas"
e desejou espairecer, ir a pé por entre ruas.
Subiram ao miradouro.
Podiam chamar-lhe cliché, que a vista dali era magnífica.
Um sossego...
Lá em baixo Alfama, o Tejo escondido na noite clara, parado, denso.
"Este País não merece o Tejo que tem" - murmurou - "Nobre demais!"...
e eles a dominarem-no lá de cima, debruçados sobre o slide e o castiço,
casario à balda, escadas tortuosas, fado-fadário e tudo quanto se queira,
"mas bonito" - repetiu.
Francamente bonito,
diga-se o que se disser.
sábado, 2 de maio de 2009
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Suspensa
Descalça...
é descalça que ando
percorrendo as ruas da cidade
de rostos sem nome.
Descalça,
é descalça que ando
pés lêvedos suspensos no ar.
é descalça que ando
percorrendo as ruas da cidade
de rostos sem nome.
Descalça,
é descalça que ando
pés lêvedos suspensos no ar.
domingo, 26 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Falta de espaço
Às vezes as palavras ocupam demasiado espaço,
um espaço por entre as coisas.
e nós,
demasiado barulhentos para as ouvirmos.
um espaço por entre as coisas.
e nós,
demasiado barulhentos para as ouvirmos.
domingo, 12 de abril de 2009
Almoço de Domingo (na Aldeia)
Quadrados de chinelos desbotados. Borboto histérico.
Sopa a cheirar a sopa quente e roupão a cheirar a pijama.
Avental feminino envolto em talheres.
Letra de imprensa a pingar do noticiário aos berros.
Barriga debruçada em telemóvel de criança.
Saudinha! Saudinha é o que é preciso! para aguentar os dias de oito horas e as horas de seis dias da semana.
Dias com mais gente e cheiro aos assados de fornos a lenha.
Diálogos entrecortados pelo orgulho de não querer saber
e as palavras gastas aos dez anos,
para poderem procriar sem qualquer educação.
Sopa a cheirar a sopa quente e roupão a cheirar a pijama.
Avental feminino envolto em talheres.
Letra de imprensa a pingar do noticiário aos berros.
Barriga debruçada em telemóvel de criança.
Saudinha! Saudinha é o que é preciso! para aguentar os dias de oito horas e as horas de seis dias da semana.
Dias com mais gente e cheiro aos assados de fornos a lenha.
Diálogos entrecortados pelo orgulho de não querer saber
e as palavras gastas aos dez anos,
para poderem procriar sem qualquer educação.
sábado, 11 de abril de 2009
Dá-te
Prende a respiração
no contorno dos dias,
ata a tua sede
na sofreguidão das tardes,
dá-te a esse corpo de seda
que é a noite.
no contorno dos dias,
ata a tua sede
na sofreguidão das tardes,
dá-te a esse corpo de seda
que é a noite.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Rente
Nesse espaço, nesse teu espaço que percorres e inundas,
esvazias as mãos de Outros...
bebes olhares, deitas-te em corpos teus,
em corpos falsos, corpos sem tempos,
sem pele, sem tactos,
corpos de prazeres assexuados,
virtualidades presas ao pulsar.
Vens do tudo e do nada
onde o nada é o tudo
e chegas rente,
deixando portas entreabertas,
inspirando e inalando quem nem sempre dá pela tua presença
e aí permaneces,
rente,
rente aos lábios.
os lábios que nunca se deram,
os lábios de quem nunca te esperou.
esvazias as mãos de Outros...
bebes olhares, deitas-te em corpos teus,
em corpos falsos, corpos sem tempos,
sem pele, sem tactos,
corpos de prazeres assexuados,
virtualidades presas ao pulsar.
Vens do tudo e do nada
onde o nada é o tudo
e chegas rente,
deixando portas entreabertas,
inspirando e inalando quem nem sempre dá pela tua presença
e aí permaneces,
rente,
rente aos lábios.
os lábios que nunca se deram,
os lábios de quem nunca te esperou.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Telegrama
O corpo é o diálogo
de uns olhos que se calam.
O corpo é saudade.
O corpo às vezes é.
O corpo às vezes.
é o corpo.
de uns olhos que se calam.
O corpo é saudade.
O corpo às vezes é.
O corpo às vezes.
é o corpo.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
terça-feira, 7 de abril de 2009
Palavras que podiam ser minhas
De noite a dor desce sobre o corpo
de modo distinto...
uma substância que desliza lentamente
por um declive mínimo
que os olhos mal conseguem perceber.
(por G.M.T.)
de modo distinto...
uma substância que desliza lentamente
por um declive mínimo
que os olhos mal conseguem perceber.
(por G.M.T.)
domingo, 5 de abril de 2009
Nem todas...
Nem todas as mãos têm corpo.
algumas até ficam agarradas
ao silêncio que as gelou,
imobilizando-as.
algumas até ficam agarradas
ao silêncio que as gelou,
imobilizando-as.
sábado, 4 de abril de 2009
Visto de fora
Sábado.
Dia de sol alto.
e como tal, mesas repletas de "gente" ao almoço
(que se diz pequeno-almoço para uns almoço para mim lanche para outros).
Os acompanhantes
aglomeram-se de palavras e raciocínios
questionados e discutíveis;
os que se encontram em mesas singulares
observam,
a colectânea de Pessoas
(in)discutivelmente questionáveis.
Dia de sol alto.
e como tal, mesas repletas de "gente" ao almoço
(que se diz pequeno-almoço para uns almoço para mim lanche para outros).
Os acompanhantes
aglomeram-se de palavras e raciocínios
questionados e discutíveis;
os que se encontram em mesas singulares
observam,
a colectânea de Pessoas
(in)discutivelmente questionáveis.
domingo, 29 de março de 2009
Mera Observação
Quanto mais observo Pessoas
mais me convenço que,
o poder que exercem sobre os Outros
é fraqueza
disfarçada de força.
mais me convenço que,
o poder que exercem sobre os Outros
é fraqueza
disfarçada de força.
sábado, 28 de março de 2009
Trabalho de Corpo
Que corpo é esse? Que corpo é este?
Como se relaciona com a gravidade e anti-gravidade?
Com exterior e interior?
Com conteúdo e contentor?
Com inspirar e expirar?
Coisas simples... O que escuto, o que vejo, o que sonho, o que sinto, o que emociona...
A pele será uma fronteira ou um lugar de ligação?
Corpo real, móvel, total, disponível, vivo, relacional, em transformação.
Uma viagem entre o chão e a vertical.
A curiosidade de tudo isto, nada disto,
ou tudo o que resta, para além disto.
Como se relaciona com a gravidade e anti-gravidade?
Com exterior e interior?
Com conteúdo e contentor?
Com inspirar e expirar?
Coisas simples... O que escuto, o que vejo, o que sonho, o que sinto, o que emociona...
A pele será uma fronteira ou um lugar de ligação?
Corpo real, móvel, total, disponível, vivo, relacional, em transformação.
Uma viagem entre o chão e a vertical.
A curiosidade de tudo isto, nada disto,
ou tudo o que resta, para além disto.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Simplesmente escrita
A escrita
por vezes,
leva anos a mudar de pele
e quando o faz,
leva outros tantos a pensar como fazê-lo.
por vezes,
leva anos a mudar de pele
e quando o faz,
leva outros tantos a pensar como fazê-lo.
segunda-feira, 23 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Exilados afectos
Dentro de si mesma a noite não tem contornos,
serve-se das sombras para recriar exilados afectos.
É no corpo da noite que abro as janelas
de par em par
e caminho pelas horas,
com jogos ilícitos presos à cintura,
um desafio exibido nas ancas,
o vértice das pernas a sobraçar um rio,
subitamente cheio.
serve-se das sombras para recriar exilados afectos.
É no corpo da noite que abro as janelas
de par em par
e caminho pelas horas,
com jogos ilícitos presos à cintura,
um desafio exibido nas ancas,
o vértice das pernas a sobraçar um rio,
subitamente cheio.
sábado, 21 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
Jazz às 5ªs
Ontem,
Jazz às 5ªs... absolutamente fenomenal!
A música a equlibrar escrita, pauta e improvisação
de modo orgânico.
Jazz às 5ªs... absolutamente fenomenal!
A música a equlibrar escrita, pauta e improvisação
de modo orgânico.
quinta-feira, 19 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Pontuação
Lembro-me da altura
em que era capaz de ficar por aí...
a pôr pontos e vírgulas
onde elas coubessem.
em que era capaz de ficar por aí...
a pôr pontos e vírgulas
onde elas coubessem.
sábado, 14 de março de 2009
Do contra, sem contrariar
quinta-feira, 12 de março de 2009
...
O calor desce pelas costas da cidade;
o fim de tarde veste-se para sair à rua;
as mãos aguardam, constantemente insones,
raramente conseguem adormecer.
o fim de tarde veste-se para sair à rua;
as mãos aguardam, constantemente insones,
raramente conseguem adormecer.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Full bags
sábado, 7 de março de 2009
Olhar a cidade
Vive-se de esquecimento em esquecimento
e é assim que se apagam os olhares na cidade.
As ruas, apenas vão dar a outras ruas.
As casas, ocupam os dias e as noites esquecem-se ao outro dia.
Soletra-se o Gostar com a letra mais pequena de uma língua acabada de inventar.
Vê-se o silêncio da tarde como um arabesco no chão da casa,
como segundos de um relógio no chão da casa.
Passar ao lado, não passar,
presa ao cimento e ao costume que cimenta os dias.
E inventam-se palavras para não se saber,
e enrolam-se silêncios para não se ouvir.
e é assim que se apagam os olhares na cidade.
As ruas, apenas vão dar a outras ruas.
As casas, ocupam os dias e as noites esquecem-se ao outro dia.
Soletra-se o Gostar com a letra mais pequena de uma língua acabada de inventar.
Vê-se o silêncio da tarde como um arabesco no chão da casa,
como segundos de um relógio no chão da casa.
Passar ao lado, não passar,
presa ao cimento e ao costume que cimenta os dias.
E inventam-se palavras para não se saber,
e enrolam-se silêncios para não se ouvir.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Vírgulas na paisagem (3) - Parque Eduardo VII
...a meio da tarde S. foi até à janela e sentiu uma vontade enorme de arejar.
Lá fora adivinhava-se a chuva
mas ela só a iria sentir verdadeiramente quando descesse o parque a pé
e durante a breve rotação que ia da porta do edifício até à Estufa Fria.
"A volta do espairecer", chamava ela a estas fugidas.
Pássaros a saltitar no relvado húmido e crispado,
as copas das árvores rendilhadas de trinados, velhos a jogarem às cartas em bancos de jardim e turistas de mapa na mão e rolleiflex no pescoço.
Descontraída, ela seguia, Inverno abaixo,
em passo lento e sincopado,
num tailleur cinza-claro com um lenço de seda a adejar-lhe no ombro.
(e vistas daqui, de fora, ao longe,
nem todas as Pessoas são o que parecem).
Lá fora adivinhava-se a chuva
mas ela só a iria sentir verdadeiramente quando descesse o parque a pé
e durante a breve rotação que ia da porta do edifício até à Estufa Fria.
"A volta do espairecer", chamava ela a estas fugidas.
Pássaros a saltitar no relvado húmido e crispado,
as copas das árvores rendilhadas de trinados, velhos a jogarem às cartas em bancos de jardim e turistas de mapa na mão e rolleiflex no pescoço.
Descontraída, ela seguia, Inverno abaixo,
em passo lento e sincopado,
num tailleur cinza-claro com um lenço de seda a adejar-lhe no ombro.
(e vistas daqui, de fora, ao longe,
nem todas as Pessoas são o que parecem).
segunda-feira, 2 de março de 2009
domingo, 1 de março de 2009
Marginal
Ao lado do rio faz-se a experiência de nunca estar só.
Caminha-se a favor do vento,
águas correntes e folhas perdidas na margem.
Aqui,
no passo lento de quem não tem certezas
nem afectos,
percorre-se o caminho para a Foz
ou o regresso dela.
A sombra,
a sombra também desliza
e só na distância em que me encontro
se consegue adivinhar o espelho que fixa a luz à terra
ou a chama ao fascínio.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Guache
...a brisa fresca da manhã
a passar rente aos lábios,
trazendo à face um rubor suave
de guache carmim...
a passar rente aos lábios,
trazendo à face um rubor suave
de guache carmim...
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Em passo de caminhada
Há muito tempo que não me dava tempo
para a caminhada da manhã.
Os cheiros assimétricos da manhã pacata
da terra molhada
das folhas tingidas de frio
o cheiro a verde, a sol, a céu
a manhã lavada de roupas estendidas...
Há muito tempo que não me dava tempo
para sentir os cheiros da infância soletrada.
para a caminhada da manhã.
Os cheiros assimétricos da manhã pacata
da terra molhada
das folhas tingidas de frio
o cheiro a verde, a sol, a céu
a manhã lavada de roupas estendidas...
Há muito tempo que não me dava tempo
para sentir os cheiros da infância soletrada.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Noite coincidente
Hoje foi noite de coincidências.
hoje foi noite de ver as horas passar pelos minutos.
hoje foi noite de sentir os segundos rente ao pulsar dos pulsos.
hoje foi noite...
a noite para tropeçar nas várias esquinas
de ombros deitados
onde deixei as coincidências repousar.
hoje foi noite de ver as horas passar pelos minutos.
hoje foi noite de sentir os segundos rente ao pulsar dos pulsos.
hoje foi noite...
a noite para tropeçar nas várias esquinas
de ombros deitados
onde deixei as coincidências repousar.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Ao acaso
São tantas,
as vidas emaranhadas umas nas outras;
são tantas,
que por vezes o acaso do dia não permite que se toquem,
apenas que se observem, de longe,
como meros espectadores
voyeristas anónimos que o acaso coleccionou.
Mas são tantos
os segundos
em que o acaso pode acontecer...
as vidas emaranhadas umas nas outras;
são tantas,
que por vezes o acaso do dia não permite que se toquem,
apenas que se observem, de longe,
como meros espectadores
voyeristas anónimos que o acaso coleccionou.
Mas são tantos
os segundos
em que o acaso pode acontecer...
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
The guest
Desatar o silêncio,
ficar a vê-lo entrar na noite
ser música ainda
senti-lo a arder...
dentro da morada de cada um de nós.
ficar a vê-lo entrar na noite
ser música ainda
senti-lo a arder...
dentro da morada de cada um de nós.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
(des)obrigação (?)
O que fica é o que nos foi dado
e o que demos.
sem que nada nos obrigasse a dar
ou a receber.
e o que demos.
sem que nada nos obrigasse a dar
ou a receber.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Cronologia
Aloja-se a cicatriz da espera.
Alheio-me da minha cronologia porque o passado se tornou memória
e caminho tão perto...
tão perto de mim
que avalio a direcção do vento pelos vestígios do meu respirar,
lento ou apressado.
Alheio-me da minha cronologia porque o passado se tornou memória
e caminho tão perto...
tão perto de mim
que avalio a direcção do vento pelos vestígios do meu respirar,
lento ou apressado.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
(Im)paciência
A mão distraída passeia pelo corpo...
um corpo cheio de um estranho cansaço
juvenil e impaciente,
que segreda para quem o ouve:
"estou de rastos e quero mais".
um corpo cheio de um estranho cansaço
juvenil e impaciente,
que segreda para quem o ouve:
"estou de rastos e quero mais".
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Quarto isolado
Hoje, ao lado do Daniel, esperamos pelo momento do transplante de medula.
As palavras zangadas e o choro vindo do medo, adormecem-no.
A mão dada permanece, a esquerda,
enquanto escrevo com a direita sem o perder de vista.
Talvez seja este o único momento em que o medo repousa;
talvez seja este o local onde muita coisa se (re)pensa,
onde se apaga o que não interessa e se valoriza o que faz sentido,
nele. em mim.
Olho-o. Sereno.
Não questiona o que dizem os Outros lá fora, nem lhe interessa.
Vive numa urgência de Viver, mas não o afirma.
Ri-se, quando lhe apetece chorar.
Olho-o. A mão permanece.
Aqui dentro, onde estamos isolados
o calor conforta as dúvidas,
enquanto lá fora, onde estão todos os Outros
a chuva cai densa,
lavando as más línguas.
As palavras zangadas e o choro vindo do medo, adormecem-no.
A mão dada permanece, a esquerda,
enquanto escrevo com a direita sem o perder de vista.
Talvez seja este o único momento em que o medo repousa;
talvez seja este o local onde muita coisa se (re)pensa,
onde se apaga o que não interessa e se valoriza o que faz sentido,
nele. em mim.
Olho-o. Sereno.
Não questiona o que dizem os Outros lá fora, nem lhe interessa.
Vive numa urgência de Viver, mas não o afirma.
Ri-se, quando lhe apetece chorar.
Olho-o. A mão permanece.
Aqui dentro, onde estamos isolados
o calor conforta as dúvidas,
enquanto lá fora, onde estão todos os Outros
a chuva cai densa,
lavando as más línguas.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
(In)certeza 2
Chorar por uma verdade não me preocupa...
mas deambular por uma incerteza
tem dias em que me assusta,
porque me incomoda o hiato
entre a certeza e a dúvida.
mas deambular por uma incerteza
tem dias em que me assusta,
porque me incomoda o hiato
entre a certeza e a dúvida.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Vírgulas na paisagem (2)
...o Parque Mayer ficava ao voltar da esquina, por baixo de cartazes gigantes de coristas emplumadas.
Teatros, restaurantes, ruelas com latadas...
Uma quase aldeia no centro da cidade, atravessada àquela hora da manhã por pederastas em chinelos, todos demasiado locais e domésticos.
Gatos. Gatos nos muros.
Alguém gritou o nome de um outro alguém,
perguntando por ele num café de coristas velhas e em seguida no bar da Marlene,
que fazia esquina com um terreiro de barracas de tiro.
Nesse mesmo lugar, nas barraquinhas, as prostitutas de balcão esperavam a sua sorte...(?!)
...algumas, cantavam em surdina,
demasiado sérias
olhando o tempo a passar.
Teatros, restaurantes, ruelas com latadas...
Uma quase aldeia no centro da cidade, atravessada àquela hora da manhã por pederastas em chinelos, todos demasiado locais e domésticos.
Gatos. Gatos nos muros.
Alguém gritou o nome de um outro alguém,
perguntando por ele num café de coristas velhas e em seguida no bar da Marlene,
que fazia esquina com um terreiro de barracas de tiro.
Nesse mesmo lugar, nas barraquinhas, as prostitutas de balcão esperavam a sua sorte...(?!)
...algumas, cantavam em surdina,
demasiado sérias
olhando o tempo a passar.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Quando nada é, para tudo ser.
...há dias assim,
em que as palavras rasgam por não sair,
por não se saber o que dizer.
Há quem diga que é dor
há quem diga que é raiva, revolta, zanga...
isto que se sente.
Digo que é tudo isso e nada disso
digo apenas que estou cansada,
deveras,
de "suportar" algo que nada é,
de me despedir
obrigatoriamente
dos que efectivamente fazem sentido nos dias.
Hoje Ana,
este beijo de sempre é para ti.
em que as palavras rasgam por não sair,
por não se saber o que dizer.
Há quem diga que é dor
há quem diga que é raiva, revolta, zanga...
isto que se sente.
Digo que é tudo isso e nada disso
digo apenas que estou cansada,
deveras,
de "suportar" algo que nada é,
de me despedir
obrigatoriamente
dos que efectivamente fazem sentido nos dias.
Hoje Ana,
este beijo de sempre é para ti.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Pedido anónimo
Entras no café
e sentas-te na mesa que ainda não foi limpa,
como se não tivesses escolha.
Afastas de ti o pedido anterior,
a chávena ainda morna,
o copo bebido até à última gota
e deslizas os dedos pelos cabelos
em busca de um olhar que não o teu.
As mãos hesitam sobre as pernas,
como se ainda não decidido o que fazer.
Pedir ou sair?
Sem saber porquê guardo a tua imagem
e ando com ela nesta página
que sabe o teu nome de cor
sem nunca o dizer,
como se lhe tivesses pedido segredo.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Vírgulas na paisagem (1) - Largo do Caldas
...o largo com a barbearia de uma só cadeira, com os marceneiros de meia cancela que nunca se vêem, só se ouvem,
e com o casarão das janelas trancadas, onde à noite se adivinha uma ténue luz a cambalear lá dentro.
Numa manhã de sol envergonhado, como esta, o casarão tem fatalmente um friso de pombas emproadas ao correr do telhado.
Do outro lado, Rua da Madalena a descer.
Avistam-se as cadeiras ortopédicas expostas à porta das lojas, prontas a rolar a qualquer momento pelo plano inclinado, ganharem velocidade e desaparecerem como máquinas loucas, sobrevoando os telhados da cidade.
Ao pôr-do-sol recolhem-se domesticadamente porque são de todas as horas,
a imagem, no caminho de quem passa.
e com o casarão das janelas trancadas, onde à noite se adivinha uma ténue luz a cambalear lá dentro.
Numa manhã de sol envergonhado, como esta, o casarão tem fatalmente um friso de pombas emproadas ao correr do telhado.
Do outro lado, Rua da Madalena a descer.
Avistam-se as cadeiras ortopédicas expostas à porta das lojas, prontas a rolar a qualquer momento pelo plano inclinado, ganharem velocidade e desaparecerem como máquinas loucas, sobrevoando os telhados da cidade.
Ao pôr-do-sol recolhem-se domesticadamente porque são de todas as horas,
a imagem, no caminho de quem passa.
domingo, 25 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
7h45
Deito-me no meu corpo.
Volto ao ritual de todas as manhãs,
o pequeno-almoço, o café, o duche de gestos lentos.
Visto-me sem pressas,
à distância incerta do espelho (que raramente olho).
Abro ao acaso a página de um livro e escolho uma palavra,
a que vai reger o meu dia,
enquanto penso se o improvável será isto,
nesta manhã que visto devagar.
domingo, 18 de janeiro de 2009
De facto...
...ninguém "olha" para um rosto sem corpo;
ninguém guarda memória do que fizemos, demos, gostámos...
ninguém repara para um olhar que apenas os olhou.
Há dias,
cujas Pessoas nos desiludem
ainda mais.
ninguém guarda memória do que fizemos, demos, gostámos...
ninguém repara para um olhar que apenas os olhou.
Há dias,
cujas Pessoas nos desiludem
ainda mais.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Agasalho da noite
De regresso a casa...
deixo-me ficar quieta e relembro gestos, palavras,
sem saber se estou a dormir ou acordada.
Ouço as vozes lá de fora
os sussurros lentos do andar de cima
e olho a noite dos que passam.
Levam sacos, artefactos,
levam o cansaço de um dia,
levam ruídos a mais.
E eu aqui, quieta
no agasalho da presença ausente
onde entro no esquecimento de tudo isto
e redobro a pausa
o silêncio do instante.
deixo-me ficar quieta e relembro gestos, palavras,
sem saber se estou a dormir ou acordada.
Ouço as vozes lá de fora
os sussurros lentos do andar de cima
e olho a noite dos que passam.
Levam sacos, artefactos,
levam o cansaço de um dia,
levam ruídos a mais.
E eu aqui, quieta
no agasalho da presença ausente
onde entro no esquecimento de tudo isto
e redobro a pausa
o silêncio do instante.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Contra-transferência
As Pessoas procuram-me e surgem densas...
cheias de tudo e de todos
cheias de dias pesados
minutos cronometrados
memórias intactas presas a um instante
que já não tem retorno.
e eu...
as palavras impotentes
as palavras distantes de quem as ouve em silêncio.
e eu...
pudesse eu apagar-lhes
as memórias que já não fazem falta.
cheias de tudo e de todos
cheias de dias pesados
minutos cronometrados
memórias intactas presas a um instante
que já não tem retorno.
e eu...
as palavras impotentes
as palavras distantes de quem as ouve em silêncio.
e eu...
pudesse eu apagar-lhes
as memórias que já não fazem falta.
domingo, 11 de janeiro de 2009
sábado, 10 de janeiro de 2009
Em memória...
Há dias mudos
há dias de partilha
há dias de memórias...
...e é em memória ao Pai
de uma das Pessoas mais importantes da minha Vida,
falecido ontem,
que hoje,
esta página está de luto.
há dias de partilha
há dias de memórias...
...e é em memória ao Pai
de uma das Pessoas mais importantes da minha Vida,
falecido ontem,
que hoje,
esta página está de luto.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
Dias de papel
Antes tudo fosse feito de papel,
cores desenhadas em tons pastel
como água que escorre e molha o chão;
antes fosse tudo feito de papel,
pautado ou liso
com margens disponíveis para ser arrancado
amarrotado, rasgado e colado;
antes tudo fosse feito em papel,
mais suave que cartão,
flexível
com a forma dos dias
e com a cor que o tempo lhe dá;
antes fosse tudo feito em papel,
para recortarmos os caminhos vazios
cheios de nada
para preenchermos a cheio as linhas certas,
para desenharmos
sem esboço
o que queremos.
cores desenhadas em tons pastel
como água que escorre e molha o chão;
antes fosse tudo feito de papel,
pautado ou liso
com margens disponíveis para ser arrancado
amarrotado, rasgado e colado;
antes tudo fosse feito em papel,
mais suave que cartão,
flexível
com a forma dos dias
e com a cor que o tempo lhe dá;
antes fosse tudo feito em papel,
para recortarmos os caminhos vazios
cheios de nada
para preenchermos a cheio as linhas certas,
para desenharmos
sem esboço
o que queremos.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Hiato da escrita
Todos os dias abro esta página
e todos os dias a fecho.
O impulso de escrever é contrariado pela substância das palavras,
que não acontece.
Não tenho como teimar esta inércia das mesmas.
Talvez seja mesmo isto a escrita,
o hiato,
entre o pensar e o agir.
e todos os dias a fecho.
O impulso de escrever é contrariado pela substância das palavras,
que não acontece.
Não tenho como teimar esta inércia das mesmas.
Talvez seja mesmo isto a escrita,
o hiato,
entre o pensar e o agir.
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