Cada gota circula sanguínea, largada no copo.
Vultos desabrigados pedem dinheiro, dia e noite, ganhando a causa da recusa.
Passos marcados na rua; vozes que se levantam da calçada, que saem da parede, que entram na espessura falsa do vidro; setas de sedução e direcção convicta: a nossa.
Há crianças acordadas que fingem dormir ao colo do barulho; pais que os pegam numa mão, copo hirto na outra.
Os lábios descolam. Cheira a fruta de vidro.
Um homem tenta sair sem pagar a conta, o dono do café toma-lhe o gesto como garantia de vida.
A mulher chora cá fora, o filho dorme aninhado no colo descaído, o homem é um copo que se enche devagar... e os seus olhos vermelhos não o conseguem encontrar.
Dentro de casa alguém sente medo.
Num quarto pequeno, os gestos em grito soam mais alto que qualquer ruído - onde o céu desce cada vez mais, colando-se ao tecto e fazendo-os(-nos) reféns.
Deixa-me estar.
Deixa-te estar escondido na cama.
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
domingo, 23 de agosto de 2009
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