...S. atirou-se para dentro de um táxi, conduzido por um motorista que depois lhe pareceu ser cego e guiar de ouvido.
Um motorista com uns óculos tão pretos, que cegavam por contágio o desprevenido que caísse na asneira de os fitar.
S. deu volta e meia a Lisboa naquela carroça fantasma.
Via e não via, dormitava; passava por recantos de sol encoberto, reflexos de vidros, autocarros de cores aos berros... e só sentia o taxímetro a cavalgar.
Sentia-o como um relógio aos coices no peito.
Por alturas do Alto de S. João, reconheceu o muro do cemitério, branco nas extremidades,
tremidas pelo tilintar dos eléctricos que seguiam rua abaixo.
Pouco depois, com o taxímetro a bater num pulsar destrambelhado, entrou numa praça de Torreões sinistros, uma praça coincidente com a da Inquisição, com arcadas e esquadrias de pedra.
Aí não teve dúvidas: Areeiro.
Mais uns minutos e estaria em casa.
sábado, 15 de agosto de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário