..."demasiado tarde"...
são estas as palavras mais fundas de qualquer língua,
usadas em série para nos impedir de pensar.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
domingo, 16 de dezembro de 2007
Pessoas que não se olham...
O tempo a passar, a apressar os dias...
...e as Pessoas que não se olham, sentadas ao lado umas das outras.
Música nas ruas a encherem-se de palavras,
palavras que se substituem por inteiro.
Os dias voam alto demais,
inalando tudo em que nos tornámos e ficamos atónitos, a ver.
Tempo, muito tempo ainda
e mais...
cada vez mais Pessoas que não se olham.
(mesmo que sentadas ao lado umas das outras)
...e as Pessoas que não se olham, sentadas ao lado umas das outras.
Música nas ruas a encherem-se de palavras,
palavras que se substituem por inteiro.
Os dias voam alto demais,
inalando tudo em que nos tornámos e ficamos atónitos, a ver.
Tempo, muito tempo ainda
e mais...
cada vez mais Pessoas que não se olham.
(mesmo que sentadas ao lado umas das outras)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Há dias...
Há dias assim...
cujos segundos nos trazem relatos,
relatos de Vidas que nos relembram
o que tentamos esquecer.
cujos segundos nos trazem relatos,
relatos de Vidas que nos relembram
o que tentamos esquecer.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Virtualidade
Espero no limite dos dias, que as virtualidades do Sentir se assemelhem
ao que sinto e não digo,
ao que calo e não expresso,
ao que penso e não faço,
ao que ouço e não acredito,
ao que vejo e não admito,
ao que me cansa e não descanso...
espero no limite dos dias,
que os mesmos não me limitem
a virtualidade que sempre Senti.
ao que sinto e não digo,
ao que calo e não expresso,
ao que penso e não faço,
ao que ouço e não acredito,
ao que vejo e não admito,
ao que me cansa e não descanso...
espero no limite dos dias,
que os mesmos não me limitem
a virtualidade que sempre Senti.
sábado, 17 de novembro de 2007
Espectros
Durante anos tudo permaneceu ali,
numa caixa de ferro,
tão profundamente guardada em mim mesma
que nunca soube o que continha.
Sabia que transportava coisas instáveis, inflamáveis,
mais secretas do que as coisas que não se dizem
e mais perigosas do que os espectros e os fantasmas.
numa caixa de ferro,
tão profundamente guardada em mim mesma
que nunca soube o que continha.
Sabia que transportava coisas instáveis, inflamáveis,
mais secretas do que as coisas que não se dizem
e mais perigosas do que os espectros e os fantasmas.
domingo, 11 de novembro de 2007
Crónica
sábado, 10 de novembro de 2007
Não tenho como.
Não tenho como escrever o gesto.
Não tenho como definir o sabor desse gesto que aquece.
As palavras adensam-se, aplanam-se,
rasam e irrompem sob a ponta da caneta,
que de tão exausta
apenas me escreve enquanto me leio.
Não tenho como definir o sabor desse gesto que aquece.
As palavras adensam-se, aplanam-se,
rasam e irrompem sob a ponta da caneta,
que de tão exausta
apenas me escreve enquanto me leio.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Reflexos
domingo, 4 de novembro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Semântica
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Não tenho tempo...
No Casal Ventoso pintei um muro de cores garridas em fundo branco...
nesse dia não houve seringas partilhadas pelos corpos, houve mais palavras e vidas a tocarem-se.
No Bairro de Chelas, tive o privilégio de ver o Pedro no gang de hip-hop...
nesse dia à noite, a gritaria e a miséria vividas em casa, não o puseram a chorar.
No Jardim da Parada conversei com uma velhota...
que cheia de sacos de memórias apanhava raios de sol. Vi-lhe as fotografias, ouvi a história dos filhos e netos, deixei-a destapar o tempo, com o respeito de quem ouve, ao ponto de se esquecer que a tivessem tratado assim. Trabalhou a vida toda a pensar no que deixaria aos seus... Hoje, deambula nas ruas com os sacos das memórias. Os filhos têm casas pequenas, mais pequenas ainda que os afectos...para ela ninguém tem tempo, niguém sabe por onde anda.
Na Zona J destapei o medo da Ana...
cobri os afectos com mosaicos e paredes sólidas, pintei quadros de cores mil e nos olhares atentos de quem me via passar, montei divisórias para simular quartos "quentes"... na palma das mãos dos miúdos desenhei borboletas com intenção de voar, aprendi jogos e passatempos dos garotos de rua,
entrei cheia de Tudo e saí com a sensação de não ter mais para dar...
O meu tempo dou-o todo,
mas não chega para todos...
(Hoje apeteceu-me repor este texto, porque de facto, o meu tempo dou-o, mas só chega, a muito poucos.)
nesse dia não houve seringas partilhadas pelos corpos, houve mais palavras e vidas a tocarem-se.
No Bairro de Chelas, tive o privilégio de ver o Pedro no gang de hip-hop...
nesse dia à noite, a gritaria e a miséria vividas em casa, não o puseram a chorar.
No Jardim da Parada conversei com uma velhota...
que cheia de sacos de memórias apanhava raios de sol. Vi-lhe as fotografias, ouvi a história dos filhos e netos, deixei-a destapar o tempo, com o respeito de quem ouve, ao ponto de se esquecer que a tivessem tratado assim. Trabalhou a vida toda a pensar no que deixaria aos seus... Hoje, deambula nas ruas com os sacos das memórias. Os filhos têm casas pequenas, mais pequenas ainda que os afectos...para ela ninguém tem tempo, niguém sabe por onde anda.
Na Zona J destapei o medo da Ana...
cobri os afectos com mosaicos e paredes sólidas, pintei quadros de cores mil e nos olhares atentos de quem me via passar, montei divisórias para simular quartos "quentes"... na palma das mãos dos miúdos desenhei borboletas com intenção de voar, aprendi jogos e passatempos dos garotos de rua,
entrei cheia de Tudo e saí com a sensação de não ter mais para dar...
O meu tempo dou-o todo,
mas não chega para todos...
(Hoje apeteceu-me repor este texto, porque de facto, o meu tempo dou-o, mas só chega, a muito poucos.)
domingo, 21 de outubro de 2007
Espelho meu...
sábado, 20 de outubro de 2007
Ritual
Bebes sempre a mesma bica, sempre à mesma hora, sempre no mesmo café.
Enquanto muitos se apressam tu chegas e aproximas-te do balcão, com esse teu passo certo e fazes o pedido. Quando te põem a chávena fumegante em cima do balcão, inclinas ligeiramente a cabeça para a frente, esboças um "obrigado", pegas no teu desejo e diriges-te para uma mesa, sempre a mesma mesa. Depois de sentado pegas suavemente na chávena, o tempo suficiente para que o café arrefeça de modo a que possas bebê-lo sem que te queime os lábios. Após este breve momento de espera, ergues então a chávena até aos lábios e neste movimento, antes de dares o primeiro golo, ergues também o olhar por cima do vapor quente, dando a volta à sala que se apresenta aos teus olhos. Olhas toda a cena como se não fosses um habitué desse lugar. Mas apesar de ser um olhar atento, poderia dizer-se que estás longe dali, que os teus pensamentos estão muito para além daquela sala, daquelas pessoas, daquele café.
Por vezes penso, se alguém me perguntasse se te conheço poderia dizer que sim? sem nunca termos trocado uma palavra sequer?... Afinal, observo todos os teus movimentos e sei de cor o teu ritual do café... o empregado não sabe o modo como olhas para as coisas e pessoas e nem imagina a maneira como fazes (ou és) o tempo.
Haverá realmente alguém que saiba tudo acerca daqueles que dizem ser seus "conhecidos"?
Não sei... Não será mais fiel o gesto de alguém do que as palavras que esse alguém nos diz?
Mais uma vez não sei... mas prefiro os gestos, prefiro os gestos às palavras que me forçam a falar a língua que o outro fala e não aquela que pretendo falar,
a língua das coisas poucas,
a língua das coisas pequenas,
a língua das coisas simples.
Enquanto muitos se apressam tu chegas e aproximas-te do balcão, com esse teu passo certo e fazes o pedido. Quando te põem a chávena fumegante em cima do balcão, inclinas ligeiramente a cabeça para a frente, esboças um "obrigado", pegas no teu desejo e diriges-te para uma mesa, sempre a mesma mesa. Depois de sentado pegas suavemente na chávena, o tempo suficiente para que o café arrefeça de modo a que possas bebê-lo sem que te queime os lábios. Após este breve momento de espera, ergues então a chávena até aos lábios e neste movimento, antes de dares o primeiro golo, ergues também o olhar por cima do vapor quente, dando a volta à sala que se apresenta aos teus olhos. Olhas toda a cena como se não fosses um habitué desse lugar. Mas apesar de ser um olhar atento, poderia dizer-se que estás longe dali, que os teus pensamentos estão muito para além daquela sala, daquelas pessoas, daquele café.
Por vezes penso, se alguém me perguntasse se te conheço poderia dizer que sim? sem nunca termos trocado uma palavra sequer?... Afinal, observo todos os teus movimentos e sei de cor o teu ritual do café... o empregado não sabe o modo como olhas para as coisas e pessoas e nem imagina a maneira como fazes (ou és) o tempo.
Haverá realmente alguém que saiba tudo acerca daqueles que dizem ser seus "conhecidos"?
Não sei... Não será mais fiel o gesto de alguém do que as palavras que esse alguém nos diz?
Mais uma vez não sei... mas prefiro os gestos, prefiro os gestos às palavras que me forçam a falar a língua que o outro fala e não aquela que pretendo falar,
a língua das coisas poucas,
a língua das coisas pequenas,
a língua das coisas simples.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Em silêncio, a escrita
Quando uma leitura nos devolve algo,
assalta-nos um inusitado momento que vem com o tacto,
um momento que nos devolve a memória da escrita,
o toque das palavras,
o sabor do silêncio enquanto se escreve,
a consciência de que somos Alguém.
assalta-nos um inusitado momento que vem com o tacto,
um momento que nos devolve a memória da escrita,
o toque das palavras,
o sabor do silêncio enquanto se escreve,
a consciência de que somos Alguém.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Silêncio
Cá de cima tudo parece intransponível...
cá em cima avista-se ao longe o que sempre esteve ao perto
e há uma zona
onde a linguagem é o silêncio,
onde apenas nos é permitido olhar, pensar e reter
uma zona onde o silêncio só pode ser pocurado
dentro de nós.
cá em cima avista-se ao longe o que sempre esteve ao perto
e há uma zona
onde a linguagem é o silêncio,
onde apenas nos é permitido olhar, pensar e reter
uma zona onde o silêncio só pode ser pocurado
dentro de nós.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
sábado, 6 de outubro de 2007
domingo, 30 de setembro de 2007
sábado, 29 de setembro de 2007
O Amor ao canto do bar
A volúpia de um repouso total no odor da menina que coleccionou beijos, lábios, dentes de mamilos ao vento e saltos altos cheios de sorrisos e suspiros...
a luta sublime - touché direito ao coração, direito ao pé esquerdo...
conversas sem fim sobre a palma das mãos embriegadas de cartas de amor.
A recordação de pessoas que apalpam o batimento das ondas com o desejo excessivo das manhãs adormecidas sem segredos.
A casualidade de um vestido de noite maquiado de ciúme que brinda ao tempo a passar, com o seu olhar cego e perfumado.
As flores, e os presentes confessados que se afastam num palpitar curioso de um pulso de mulher.
Os principes protegidos pela música que estremece contra as paredes inquietas da infância.
E esse veludo carmesim, que se desfaz, colado ao espelho do baton que gira à volta das nossas loucuras.
(após espectáculo de Olga Roriz)
a luta sublime - touché direito ao coração, direito ao pé esquerdo...
conversas sem fim sobre a palma das mãos embriegadas de cartas de amor.
A recordação de pessoas que apalpam o batimento das ondas com o desejo excessivo das manhãs adormecidas sem segredos.
A casualidade de um vestido de noite maquiado de ciúme que brinda ao tempo a passar, com o seu olhar cego e perfumado.
As flores, e os presentes confessados que se afastam num palpitar curioso de um pulso de mulher.
Os principes protegidos pela música que estremece contra as paredes inquietas da infância.
E esse veludo carmesim, que se desfaz, colado ao espelho do baton que gira à volta das nossas loucuras.
(após espectáculo de Olga Roriz)
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Cartas seladas
Hoje percebi que as linhas precisas da minha mão
não cabem na intensidade dos dias.
Há dias assim, mais frios, mais longos.
Há dias como este,
feitos para apagar os contornos que os braços conheciam,
feitos para mergulhar devagar a ponta dos dedos na palma de outra mão,
para que reaprendam de novo o toque.
Há dias assim, como este,
feitos para selar cartas,
feitos para desatar todos os beijos do meu pulso.
não cabem na intensidade dos dias.
Há dias assim, mais frios, mais longos.
Há dias como este,
feitos para apagar os contornos que os braços conheciam,
feitos para mergulhar devagar a ponta dos dedos na palma de outra mão,
para que reaprendam de novo o toque.
Há dias assim, como este,
feitos para selar cartas,
feitos para desatar todos os beijos do meu pulso.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Pergunto(-me)
Pergunto-me se quem cala apenas pensa no que sente,
se consente,
se se mente,
ou até simplesmente...
não quer saber o que sente.
se consente,
se se mente,
ou até simplesmente...
não quer saber o que sente.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Uma cidade em cada mão
Trago uma cidade em cada mão.
Gosto da claridade do néon impregnando as faces brancas; gosto de um ombro e da maneira como o cabelo toca esse ombro, gosto da precária doçura desse instante.
Conheço a urgência do secreto tempo passado num quarto atravessado pelo vento.
Gosto da cor da mão que tacteia, com cuidadosa curiosidade, os lábios gretados pelo frio e a face prateada que contemplo.
...a outra cidade é diferente... a única que consegue derreter o que trago dentro de mim, a única que sopra sempre o mesmo vento e onde as paredes dos quartos acolhem lençóis brancos com a suavidade da pele.
Lá fora, longe destas duas cidades, as casas e os corpos estão errados... mas cansada das palavras, encerro quase tudo em caixas seladas.
Um dia, a pele onde repousava suavemente o medo de ter medo, converter-se-á numa teia de linhas que contarão a história de uma vida...
...porque existe uma zona onde a lingua é o silêncio.
Aí, não te esqueças do que ias dizer-me!...
porque agora não ouço,
porque agora trago uma cidade em cada mão.
7h45
Para trás ficaram...
as notícias das 7... os filhos lavados e vestidos...o pequeno almoço na mesa... o gato alimentado... a máquina da roupa a lavar... as camas feitas... o jantar a descongelar... a lista de compras por comprar... o duche rápido mas quente... a maquilhagem por fazer... um gole de café... uma manta esquecida aos pés da cama... um frasco de perfume por fechar...
um beijo pensado por trocar.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
(In)certeza
Quando tudo parece incerto,
quando algo que constituía a nossa verdade desaba,
é bom agarrarmo-nos a uma certeza espontânea.
quando algo que constituía a nossa verdade desaba,
é bom agarrarmo-nos a uma certeza espontânea.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Fachadas ocultas
É Lisboa é qualquer cidade...
se tivesses também estas árvores enormes ocultando fachadas
quase a invadir o interior pelas janelas
a rasgar subsolos de raízes engolidas pelo cimento
a abrir espaços...
são prédios, tijolos que estruturam a vida
são corpos que latem
como devem fazer as árvores desde o seu interior,
é o espaço de dentro e de fora
é se quiseres
a vontade de acreditar em alguma coisa.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Para onde vai?...
domingo, 9 de setembro de 2007
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Sensibilidade
Acredito nas crianças;
Acredito em alguns adultos, mas desses acredito nos que acreditam nas crianças;
Acredito no gostar, nas formas de que ele se veste e escreve, escondido num sorriso pendente num ramo de árvore;
Acredito na verdade, embora hajam muitas verdades e nunca saibamos qual delas é de quem, ou até mesmo para que serve;
Acredito na música timbrada, nos momentos de silêncio, nos nossos segredos quando parece que o mundo fica sem se mexer à nossa volta;
Acredito no abraço, numa mão quando procura a outra, terna, quente, no toque que mais ninguém sente;
Acredito nos olhos, no que dizem, porque falam de coisas que por vezes a alma não fala - pois não sabe, não aprende ou simplesmente porque ainda não foram inventadas todas as palavras que dizem o que sentimos;
Acredito na vida, que tal como as estações, é por vezes inesperada, ora precoce ora tardia;
Acredito que nenhum sofrimento é sem destino e que tudo quanto é mais difícil agora, terá uma qualquer recompensa amanhã;
Acredito que muitas vezes deixamos de acreditar, para não conseguirmos evitar dizer é mentira;
Acredito que é possível voltar a acreditar,
enquanto baterem na porta da nossa sensibilidade.
Acredito em alguns adultos, mas desses acredito nos que acreditam nas crianças;
Acredito no gostar, nas formas de que ele se veste e escreve, escondido num sorriso pendente num ramo de árvore;
Acredito na verdade, embora hajam muitas verdades e nunca saibamos qual delas é de quem, ou até mesmo para que serve;
Acredito na música timbrada, nos momentos de silêncio, nos nossos segredos quando parece que o mundo fica sem se mexer à nossa volta;
Acredito no abraço, numa mão quando procura a outra, terna, quente, no toque que mais ninguém sente;
Acredito nos olhos, no que dizem, porque falam de coisas que por vezes a alma não fala - pois não sabe, não aprende ou simplesmente porque ainda não foram inventadas todas as palavras que dizem o que sentimos;
Acredito na vida, que tal como as estações, é por vezes inesperada, ora precoce ora tardia;
Acredito que nenhum sofrimento é sem destino e que tudo quanto é mais difícil agora, terá uma qualquer recompensa amanhã;
Acredito que muitas vezes deixamos de acreditar, para não conseguirmos evitar dizer é mentira;
Acredito que é possível voltar a acreditar,
enquanto baterem na porta da nossa sensibilidade.
domingo, 2 de setembro de 2007
Simplicidade
Há tantas pequenas coisas simples de valor inestimável.
Um olhar, o toque, a pele, a seda das mãos quando as sinto, as luzes que brilham desfazendo o escuro do céu, o cheiro da lenha, as saudades tardias, os segredos que não se podem contar...
Quando olhamos em frente vimos tudo tão nítido, tão claro, o que sempre lá esteve e não parecia perto quando temos perto, as saudades de tudo quanto não sabemos explicar, quem nos faz falta... a impossibilidade de manter igual hoje, o que era bom antigamente.
Não há ideia mais traiçoeira do que essa do antigamente!
[...]
A areia mais fina que pisamos, a primeira chuva que cai, o calor de uma camisola numa tarde de Outono, a música que em cada altura dizemos ser a eleita, alguns olhos da maneira que olham... impossível esquecer a infância de outros, porque estamos sempre mais próximos do que parece.
Não vale a pena acreditar em muito mais, só há uma linguagem igual.
A verdade dos dias é tudo isto... a coincidência, a simplicidade dos nadas tão cheios de tudo.
É esta a verdade que prefiro deitar numa só frase, a frase que diz:
"estamos sempre perto, mais próximos do que parece".
Um olhar, o toque, a pele, a seda das mãos quando as sinto, as luzes que brilham desfazendo o escuro do céu, o cheiro da lenha, as saudades tardias, os segredos que não se podem contar...
Quando olhamos em frente vimos tudo tão nítido, tão claro, o que sempre lá esteve e não parecia perto quando temos perto, as saudades de tudo quanto não sabemos explicar, quem nos faz falta... a impossibilidade de manter igual hoje, o que era bom antigamente.
Não há ideia mais traiçoeira do que essa do antigamente!
[...]
A areia mais fina que pisamos, a primeira chuva que cai, o calor de uma camisola numa tarde de Outono, a música que em cada altura dizemos ser a eleita, alguns olhos da maneira que olham... impossível esquecer a infância de outros, porque estamos sempre mais próximos do que parece.
Não vale a pena acreditar em muito mais, só há uma linguagem igual.
A verdade dos dias é tudo isto... a coincidência, a simplicidade dos nadas tão cheios de tudo.
É esta a verdade que prefiro deitar numa só frase, a frase que diz:
"estamos sempre perto, mais próximos do que parece".
Alguém
sábado, 1 de setembro de 2007
O diálogo das árvores
Recordo o Ontem, para os lados das Azenhas do Mar, onde estava.
Dei por mim a observar um velhote que contava histórias em silêncio - dele para com ele - dizendo que Hoje, ninguém dá atenção ao diálogo das árvores...
Aproximei-me, e num fôlego só, embora pausado, as palavras entraram em mim como se de facto não estivéssemos sós.
- Ouve, ouve as árvores comunicarem entre elas. Como uma outra melopeia indistinta, da qual, no entanto,emerge um sentido. Cada espécie de árvore tem a sua. A dos pinheiros, sempre verdes, com resina e essências voláteis que purificam; a da bétula, com uma ligeireza aérea, com a madeira esticada e a casca dura e branca que teima em não apodrecer; a do freixo, árvore de luz que dizem ser a antepassada de todas; a da tília, sob a qual adormecemos e cujas folhas acalmam, árvore abatida por um antigo génio contemplativo; a do carvalho, velho guerreiro nodoso, planta que demora mais que uma vida humana para criar as primeiras flores...
...e dei por mim, novamente, a observar o seu corpo estático rente à cal, ao moinho cujo vento já não move...
e com o corpo a "flutuar", olhando-o ainda, as suas palavras pareciam ecoar biliões de mundos, de vozes.
Olhei-o uma vez mais, ficou por ali, como se não desse mais pela minha presença.
Levantei-me, não agradeci naquele momento as palavras. Acabei por o fazer, quando de regresso, as árvores do caminho se "esperniavam", sedentas de quem falasse com elas.
O segredo
A Vida soa a segredo... tão misteriosa que, incessantemente, a sentimos próxima e afastada.
Queremos sempre mais dela e ela própria quer sempre mais.
Cada segundo que passa parece que nos devora e nos alimenta.
E quando se gosta de um Alguém, temos a sensação de nunca lhe podermos dar o suficiente, nem partilhar o suficiente, nem criar o suficiente. Passamos a vida a querer agarrar as coisas e as pessoas, mas nada passa de sonhos alojados na nossa memória.
Sonhamos o futuro, sonhamos o passado e sonhamos no presente. No entanto, parece haver um grande segredo nisto tudo.
Contudo, se estiveres atento a cada momento, o teu olhar muda e o sentido dos dias mudam, igualmente.
Queremos sempre mais dela e ela própria quer sempre mais.
Cada segundo que passa parece que nos devora e nos alimenta.
E quando se gosta de um Alguém, temos a sensação de nunca lhe podermos dar o suficiente, nem partilhar o suficiente, nem criar o suficiente. Passamos a vida a querer agarrar as coisas e as pessoas, mas nada passa de sonhos alojados na nossa memória.
Sonhamos o futuro, sonhamos o passado e sonhamos no presente. No entanto, parece haver um grande segredo nisto tudo.
Contudo, se estiveres atento a cada momento, o teu olhar muda e o sentido dos dias mudam, igualmente.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Os dias...
Os dias...
as manhãs a espreguiçarem-se
no esboço dos rostos.
as horas...
espreguiçadas no rosto
do esboço das manhãs.
as manhãs a espreguiçarem-se
no esboço dos rostos.
as horas...
espreguiçadas no rosto
do esboço das manhãs.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Fora do Mundo Urbano
Desarrumar-te os livros.
Queria ter o poder de um sopro para que pelo menos o volume de cima ficasse desalinhado.
Nem na casa que se chegou a partilhar se admitia um milímetro de confusão. Eu tinha a mania da organização interna - alfabética, temática - tu, da harmonia externa: as lombadas tinham que compor uma sequência cromática, o caos uma aparência de serenidade.
...a casa... a casa branca, rematada a tons pastel.
No interior das janelas, bancos de pedra através dos quais se podia ficar a olhar para o mar dias inteiros.
Desesperavas com a humidade, o cheiro a fechado na roupa, as manchas salinas nas paredes, a humidade nos sapatos... Eu gostava de vestir a roupa assim, com um toque mesclado e um odor a velho, sentia-me em paz. Fora do mundo urbano, fora da cidade, deixada para trás.
As cidades, sinto-as febris como adolescentes, dançado sobre as pistas da sua própria luz, consumidas por uma inquietação difusa, cruéis, livres, impuras, amantes absolutas do novo, com toda uma sujidade inaugural. Sítios de queda e construção, leviandade e levitação, onde os acontecimentos se precipitam em cadeia e a verdade pequena de cada um existe verdadeiramente, alterando a composição química do todo a cada passo.
As cidades, sinto-as, febris. Onde falta o silêncio. Onde não consigo dormir em paz, desistir desse turbilhão urbano que tem a marca da minha respiração ofegante.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Matéria do Gostar
Não importa o que se gosta.
Importa a matéria desse gostar. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse gostar.
As palavras são só um princípio - nem sequer o pincípio.
No gostar os princípios, os meios, os fins, são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois da ansia breve de uma vida.
Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos Gostar.
O escuro, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência.
Importa a matéria desse gostar. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse gostar.
As palavras são só um princípio - nem sequer o pincípio.
No gostar os princípios, os meios, os fins, são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois da ansia breve de uma vida.
Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos Gostar.
O escuro, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Transfiguração
Já não preciso de contar histórias.
Deixo cair todos os efeitos lustrosos e atinjo o próprio "gostar", essa tinta espessa que flutua sobre o tempo e transfigura tudo aquilo em que toca.
Pode ser uma palavra amachucada, uma flor que envelhece, um búzio onde ainda cintila o mar onde já não vive.
Pode ser o teu rosto de ontem,
ou aquele que resta para hoje.
Deixo cair todos os efeitos lustrosos e atinjo o próprio "gostar", essa tinta espessa que flutua sobre o tempo e transfigura tudo aquilo em que toca.
Pode ser uma palavra amachucada, uma flor que envelhece, um búzio onde ainda cintila o mar onde já não vive.
Pode ser o teu rosto de ontem,
ou aquele que resta para hoje.
sábado, 25 de agosto de 2007
Omissão
Ninguém é capaz de descrever a curva dos teus dedos,
duendes em movimento de marioneta.
Ficava a olhar para eles, ansiosos por saltar sobre as tuas palavras, para que elas dançassem, corpos transparentes inebriados de sonhos.
Essas mãos omitidas aplanavam-te o discurso,
mas creio que nunca tive tempo de to dizer.
duendes em movimento de marioneta.
Ficava a olhar para eles, ansiosos por saltar sobre as tuas palavras, para que elas dançassem, corpos transparentes inebriados de sonhos.
Essas mãos omitidas aplanavam-te o discurso,
mas creio que nunca tive tempo de to dizer.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Livros
...Apaixonei-me desde sempre por livros - pelo odor que neles nos invade, quando os abrimos; pela noite que neles nos resiste, depois de lidos, relidos e fechados. Pela vertigem que prossegue, incansável, entre as palavras sem dono, escritas da ausência para a ausência.
...afogo-me nos livros.
Livros radiantes onde outros tinham escrito sonhos, pesadelos, inquietações. Sublinho-lhes as poucas frases que tinham ficado por sublinhar, mas nenhuma me consola. Devo-te várias vidas, as vidas múltiplas que vêm nos livros, a minha vida em rede, mapa de atalhos nervosos que através dos livros ganhou sentido.
Devo a algo ou alguém ou até mesmo a mim, o conhecimento da dança, a ilusão do desejo nos olhos.
...afogo-me nos livros.
Livros radiantes onde outros tinham escrito sonhos, pesadelos, inquietações. Sublinho-lhes as poucas frases que tinham ficado por sublinhar, mas nenhuma me consola. Devo-te várias vidas, as vidas múltiplas que vêm nos livros, a minha vida em rede, mapa de atalhos nervosos que através dos livros ganhou sentido.
Devo a algo ou alguém ou até mesmo a mim, o conhecimento da dança, a ilusão do desejo nos olhos.
Cheiro a juventude
...porque por vezes a infância retorna à lembrança; porque por vezes os dias relembram os tons juvenis... reponho as palavras de Alguém, lidas, e que poderiam descrever a imagem de um qualquer fim de livro, ou de um qualquer retrato de recomeço...
..."E de súbito voltaste. Corres como se voasses - com essa leveza furiosa que só a adolescência conhece. A fita vermelha dança-te sobre o cabelo em desordem. Trazes uma braçada de livros bambos a escorregar-te das mãos e as tuas sapatilhas brancas mal pousam no chão. Há uma névoa de calor pesando sobre as coisas, mas o teu sorriso entra por dentro dela, estilhaça-a, arrasta o azul do céu através das ruas da cidade. Os teus livros desmoronam-se no meio da estrada, ajoelhas-te para os apanhar mas não paras de sorrir.
És tu, sim. O teu sorriso avançando, estático, sobre o meu rosto. És tu antes do tu que te conheci.
Ajoelhada no meio da estrada sacodes tranquilamente cada livro. Algumas páginas desprendem-se e voam. Voas atrás delas sem perderes o fio do sorriso.
Vejo-te lá em baixo, correndo agora através do jardim, a fita vermelha do teu cabelo iluminando o relvado verde. Haverá um cheiro a juventude perdida nesse relvado, há sempre um cheiro que se descobre depois na relva molhada. Mas já não me lembro como era, fica longe, longe, cada vez mais longe."
...porque o Verão tem este dom... o de trazer os cheiros que já nos pertenceram.
Ericeira, Agosto 07
..."E de súbito voltaste. Corres como se voasses - com essa leveza furiosa que só a adolescência conhece. A fita vermelha dança-te sobre o cabelo em desordem. Trazes uma braçada de livros bambos a escorregar-te das mãos e as tuas sapatilhas brancas mal pousam no chão. Há uma névoa de calor pesando sobre as coisas, mas o teu sorriso entra por dentro dela, estilhaça-a, arrasta o azul do céu através das ruas da cidade. Os teus livros desmoronam-se no meio da estrada, ajoelhas-te para os apanhar mas não paras de sorrir.
És tu, sim. O teu sorriso avançando, estático, sobre o meu rosto. És tu antes do tu que te conheci.
Ajoelhada no meio da estrada sacodes tranquilamente cada livro. Algumas páginas desprendem-se e voam. Voas atrás delas sem perderes o fio do sorriso.
Vejo-te lá em baixo, correndo agora através do jardim, a fita vermelha do teu cabelo iluminando o relvado verde. Haverá um cheiro a juventude perdida nesse relvado, há sempre um cheiro que se descobre depois na relva molhada. Mas já não me lembro como era, fica longe, longe, cada vez mais longe."
...porque o Verão tem este dom... o de trazer os cheiros que já nos pertenceram.
Ericeira, Agosto 07
domingo, 12 de agosto de 2007
sábado, 11 de agosto de 2007
Em memória a um "anjo" do IPO
APETECIA-LHE VOAR.
Apetecia-lhe tanto agarrar o sol, apetecia-lhe ser ave.
poder enfrentar o escuro de olhos abertos
e porque não, cortar o céu com o seu corpo leve da infância...
queria saltar os muros altos sem medo de aterrar cansada,
queria falar sorrindo e calar sempre que consentisse.
Sem sim, sem não, só com a voz dos olhos, queria voar.
Foi buscar as asas ao armário, limpou-as,
deu-lhes lustre com a força de outros tempos e saiu para a montanha
na esperança de ser cativada por um anjo azul.
Face ao inesperado foi pássaro,
e com as suas asas voou sem o medo de não encontrar o caminho de volta.
Disse, sorriso aberto, enquanto voava:
na vida não existe volta, só ida
e se tivesse percebido mais cedo,
já tinha voado antes.
Um beijo... a todos estes "anjos"... que "andam" por aí.
Síntese
Às vezes parece que vivemos mais depressa do que pensamos
e quando pensamos já não sabemos o que se passa.
Neste momento já não sei se escrevo
ou se foi um mar de pensamentos que me assaltou as palavras.
Apetece-me escrever.
escrever sem pensar nisso.
como se falasse, contrariando as barreiras do lógico.
Só para ouvir alguém ouvir
só para ouvir alguém responder.
e quando pensamos já não sabemos o que se passa.
Neste momento já não sei se escrevo
ou se foi um mar de pensamentos que me assaltou as palavras.
Apetece-me escrever.
escrever sem pensar nisso.
como se falasse, contrariando as barreiras do lógico.
Só para ouvir alguém ouvir
só para ouvir alguém responder.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Os instantes
Os instantes têm a cor das manhãs
têm a suavidade dos dias
a urgência das horas
...têm também o sabor dos momentos
em que não sei se estás
se ficas
ou se já foste
têm a suavidade dos dias
a urgência das horas
...têm também o sabor dos momentos
em que não sei se estás
se ficas
ou se já foste
Telas matinais
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Folha em branco
"The pages are still blank,
but there is a miraculous feeling of the words being there,
written in invisible ink
and clamoring to become visible"
(Nabokov)
but there is a miraculous feeling of the words being there,
written in invisible ink
and clamoring to become visible"
(Nabokov)
Em memória a...
Deito a manhã no olhar e espreguiço as palavras deitadas no lençol da noite espessa.
Os gestos, para onde vão os gestos?
As texturas, para onde se refugiam quando deixam de ser parte do corpo?
O sentir, como esquecer o que não se quis lembrar?
A seda, a seda do tacto que desliza na ponta dos dedos...
o momento, o momento onde não se disse,
asolutamente nada.
Os gestos, para onde vão os gestos?
As texturas, para onde se refugiam quando deixam de ser parte do corpo?
O sentir, como esquecer o que não se quis lembrar?
A seda, a seda do tacto que desliza na ponta dos dedos...
o momento, o momento onde não se disse,
asolutamente nada.
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Já com saudades do Butoh...
Sempre que inicío o Butoh, vejo-me perante a hesitação por não saber por onde começar.
O Butoh não teria consciência própria se o separássemos do acto de viver... e deparo-me sempre com a questão: por onde começar?
Concluo que é no processo de hesitação que está o seu real começar - Inicia-se nos movimentos quotidianos do corpo.
Os ferimentos que recebemos no próprio corpo, cicatrizam e curam-se com o tempo; os ferimentos que recebemos no nosso interior, se aceites e contemporizados, farão nascer ao longo dos anos e das esxperiências, alegrias ou tristeza, que um dia nos conduzirão para um mundo de palavras, ou para a ausência delas.
Creio que é isso o Butoh, um mundo de poesia,
impossível de descrever por palavras,
só por meio do nosso próprio corpo.
Por tudo isso... dançem! com os dias.
O Butoh não teria consciência própria se o separássemos do acto de viver... e deparo-me sempre com a questão: por onde começar?
Concluo que é no processo de hesitação que está o seu real começar - Inicia-se nos movimentos quotidianos do corpo.
Os ferimentos que recebemos no próprio corpo, cicatrizam e curam-se com o tempo; os ferimentos que recebemos no nosso interior, se aceites e contemporizados, farão nascer ao longo dos anos e das esxperiências, alegrias ou tristeza, que um dia nos conduzirão para um mundo de palavras, ou para a ausência delas.
Creio que é isso o Butoh, um mundo de poesia,
impossível de descrever por palavras,
só por meio do nosso próprio corpo.
Por tudo isso... dançem! com os dias.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
A Cidade com outros olhos
Procuro uma imagem da cidade por entre as ruas cheias de gente.
Ergo uma parede de painéis publicitários por cima dos prédios, subo essa mesma parede para espreitar o vazio do outro lado e faço com os restos das vozes, a linguagem urbana, em que o silêncio funciona como todas as conversas.
Encosto-me ao corrimão da escada que me toca... e é isto, é tão somente isto que fica da arquitectura imprecisa das ruas, onde espreito os pisos térreos para saber até onde vão os corredores que me atraem.
É isto a cidade.
Dia e noite ela despe-se para quem a olha,
e ergue-se mais à frente, dando a ilusão da diferença para que entremos nela
como se nunca a tivéssemos conhecido.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Words
Ponho as palavras em cima da mesa e deixo que se sirvam delas.
em todas as conversas elas sobram
mas há as que que ficam sobre a mesa quando nos vamos embora de um qualquer sítio.
ficam frias com a noite
mas no dia seguinte a manhã varre-as.
por isso, quando saio,
verifico se ficaram algumas delas sobre a mesa,
meto-as no bolso
e guardo-as na gaveta do poema.
algum dia,
estas palavras hão-de servir para alguma coisa.
em todas as conversas elas sobram
mas há as que que ficam sobre a mesa quando nos vamos embora de um qualquer sítio.
ficam frias com a noite
mas no dia seguinte a manhã varre-as.
por isso, quando saio,
verifico se ficaram algumas delas sobre a mesa,
meto-as no bolso
e guardo-as na gaveta do poema.
algum dia,
estas palavras hão-de servir para alguma coisa.
O que fica?
Inércia
hoje...hoje seria, é, talvez, um dia de conversa fora de horas... hoje não me apetece nada. passam-se alguns dias assim, a tentar arranjar algo para se fazer, para nos entreter no "tempo do relógio", para que o tempo mental não tome conta de nós. lá fora os sons lembra-nos que há vida, vidas de um lado para o outro, que nada pára, nem mesmo a mente dos mais serenos. e eu aqui, em frente a um ecran a tentar descrever por palavras o que não escrevo mentalmente, ou literalmente, em mim.
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