Faço perguntas às minhas próprias dúvidas
e lembro-me de um filme antigo quando percebo que não respondem:
silêncio a preto e branco.
sábado, 29 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Linhas vazias de.
As casas velhas de sujas,
as Pessoas que se cruzam com pressa de chegar todos os dias a lugar nenhum,
a linha do eléctrico por onde o eléctrico não passa
e que por solidão se vinga,
fazendo os carros tropeçar.
as Pessoas que se cruzam com pressa de chegar todos os dias a lugar nenhum,
a linha do eléctrico por onde o eléctrico não passa
e que por solidão se vinga,
fazendo os carros tropeçar.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take 3)
Cada gota circula sanguínea, largada no copo.
Vultos desabrigados pedem dinheiro, dia e noite, ganhando a causa da recusa.
Passos marcados na rua; vozes que se levantam da calçada, que saem da parede, que entram na espessura falsa do vidro; setas de sedução e direcção convicta: a nossa.
Há crianças acordadas que fingem dormir ao colo do barulho; pais que os pegam numa mão, copo hirto na outra.
Os lábios descolam. Cheira a fruta de vidro.
Um homem tenta sair sem pagar a conta, o dono do café toma-lhe o gesto como garantia de vida.
A mulher chora cá fora, o filho dorme aninhado no colo descaído, o homem é um copo que se enche devagar... e os seus olhos vermelhos não o conseguem encontrar.
Dentro de casa alguém sente medo.
Num quarto pequeno, os gestos em grito soam mais alto que qualquer ruído - onde o céu desce cada vez mais, colando-se ao tecto e fazendo-os(-nos) reféns.
Deixa-me estar.
Deixa-te estar escondido na cama.
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
Vultos desabrigados pedem dinheiro, dia e noite, ganhando a causa da recusa.
Passos marcados na rua; vozes que se levantam da calçada, que saem da parede, que entram na espessura falsa do vidro; setas de sedução e direcção convicta: a nossa.
Há crianças acordadas que fingem dormir ao colo do barulho; pais que os pegam numa mão, copo hirto na outra.
Os lábios descolam. Cheira a fruta de vidro.
Um homem tenta sair sem pagar a conta, o dono do café toma-lhe o gesto como garantia de vida.
A mulher chora cá fora, o filho dorme aninhado no colo descaído, o homem é um copo que se enche devagar... e os seus olhos vermelhos não o conseguem encontrar.
Dentro de casa alguém sente medo.
Num quarto pequeno, os gestos em grito soam mais alto que qualquer ruído - onde o céu desce cada vez mais, colando-se ao tecto e fazendo-os(-nos) reféns.
Deixa-me estar.
Deixa-te estar escondido na cama.
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
sábado, 22 de agosto de 2009
Colors
Na cidade todos são todos.
Na cidade ninguém é ninguém.
Não há caras conhecidas. Lisboa desfaz-se num colorido multiétnico,
dos Guineenses do Rossio que lançam búzios a quem quer saber do futuro,
dos Ucranianos da Praça do Comércio à espera que alguém os leve para uma empreitada,
aos Indianos e Paquistaneses do Martim Moniz, onde as ruas tresandam a cores e caril.
S. deu por si a andar pela Rua da Palma até à Almirante Reis.
O dia pela noite, os rostos pelas sombras.
Na cidade ninguém é ninguém.
Não há caras conhecidas. Lisboa desfaz-se num colorido multiétnico,
dos Guineenses do Rossio que lançam búzios a quem quer saber do futuro,
dos Ucranianos da Praça do Comércio à espera que alguém os leve para uma empreitada,
aos Indianos e Paquistaneses do Martim Moniz, onde as ruas tresandam a cores e caril.
S. deu por si a andar pela Rua da Palma até à Almirante Reis.
O dia pela noite, os rostos pelas sombras.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take 2)
Os barulhos da noite acordam para o dia que é a noite.
Alguém grita na televisão.
No azulado do ecrã que sai pelas cortinas gastas, alguém grita mais alto do que a Pessoa que lhe gritou primeiro.
O barulho das portas que batem com violência planeada têm algo de vítreo,
e por dentro dessas portas ouve-se um viver de um outro mundo sem resguardo.
Circulação ao ritmo do pulsar das ruas.
Sobe, desce, sai, torna a entrar... a brisa regressa aos candeeiros amarelos,
aos corpos hirtos de dedos nos copos,
abrigando vultos e refrescando o calor das palavras.
Alguém grita na televisão.
No azulado do ecrã que sai pelas cortinas gastas, alguém grita mais alto do que a Pessoa que lhe gritou primeiro.
O barulho das portas que batem com violência planeada têm algo de vítreo,
e por dentro dessas portas ouve-se um viver de um outro mundo sem resguardo.
Circulação ao ritmo do pulsar das ruas.
Sobe, desce, sai, torna a entrar... a brisa regressa aos candeeiros amarelos,
aos corpos hirtos de dedos nos copos,
abrigando vultos e refrescando o calor das palavras.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
... um puzzle em que tudo se precipita em baixo e em cima de uma mesa e de uma cama;
debaixo, existe uma porta para um mundo feito do esquecimento do que queremos esconder, do que se gosta (ou de quem), daquilo que pisamos ou nos dá suporte;
... é um momento em que nos apercebemos da importância das pequenas peças (diárias) que constroem e sustentam a realidade;
é um poema feito das seriedades de uma criança,
porque muitas vezes, desde criança,
as nossas perguntas mostram-se constantes e o que permitimos apenas, é a mudança do modo e da intensidade do encanto,
com que as fazemos.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
NÉON
Como nos bares decrépitos
do "red light district",
há letras de determinados nomes que já não acendem
e outras,
que tremeluzem a noite inteira.
do "red light district",
há letras de determinados nomes que já não acendem
e outras,
que tremeluzem a noite inteira.
sábado, 15 de agosto de 2009
Vírgulas na paisagem (4) - Avenidas Novas
...S. atirou-se para dentro de um táxi, conduzido por um motorista que depois lhe pareceu ser cego e guiar de ouvido.
Um motorista com uns óculos tão pretos, que cegavam por contágio o desprevenido que caísse na asneira de os fitar.
S. deu volta e meia a Lisboa naquela carroça fantasma.
Via e não via, dormitava; passava por recantos de sol encoberto, reflexos de vidros, autocarros de cores aos berros... e só sentia o taxímetro a cavalgar.
Sentia-o como um relógio aos coices no peito.
Por alturas do Alto de S. João, reconheceu o muro do cemitério, branco nas extremidades,
tremidas pelo tilintar dos eléctricos que seguiam rua abaixo.
Pouco depois, com o taxímetro a bater num pulsar destrambelhado, entrou numa praça de Torreões sinistros, uma praça coincidente com a da Inquisição, com arcadas e esquadrias de pedra.
Aí não teve dúvidas: Areeiro.
Mais uns minutos e estaria em casa.
Um motorista com uns óculos tão pretos, que cegavam por contágio o desprevenido que caísse na asneira de os fitar.
S. deu volta e meia a Lisboa naquela carroça fantasma.
Via e não via, dormitava; passava por recantos de sol encoberto, reflexos de vidros, autocarros de cores aos berros... e só sentia o taxímetro a cavalgar.
Sentia-o como um relógio aos coices no peito.
Por alturas do Alto de S. João, reconheceu o muro do cemitério, branco nas extremidades,
tremidas pelo tilintar dos eléctricos que seguiam rua abaixo.
Pouco depois, com o taxímetro a bater num pulsar destrambelhado, entrou numa praça de Torreões sinistros, uma praça coincidente com a da Inquisição, com arcadas e esquadrias de pedra.
Aí não teve dúvidas: Areeiro.
Mais uns minutos e estaria em casa.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Amnésia
No Bairro por onde passas, chamam-te a atenção se tens o sapato desapertado.
Mas tu não tens sapatos,
sais descalça, por isso não te dizem nada quando pisas, decidida,
as primeiras pedras da calçada.
Olham-te. Ou sentes-te olhada.
Estes olhos são diferentes, dizem algo que não queres ler.
Reparam-te. Embora a esta hora da noite, ou manhã (??),
não vejas propriamente os olhos que te vêem.
Sobes a rua como se nada fosse. Cumprimentas quem te cumprimenta.
Sorris a quem te sorri. Mas sentes vergonha, um estranho embaraço.
Vontade de tapar a cara com as mãos.
Contudo, o que te embaraça é o corpo, não a cara.
Se ao menos te lembrasses do que fizeste ontem?!
Mas tu não tens sapatos,
sais descalça, por isso não te dizem nada quando pisas, decidida,
as primeiras pedras da calçada.
Olham-te. Ou sentes-te olhada.
Estes olhos são diferentes, dizem algo que não queres ler.
Reparam-te. Embora a esta hora da noite, ou manhã (??),
não vejas propriamente os olhos que te vêem.
Sobes a rua como se nada fosse. Cumprimentas quem te cumprimenta.
Sorris a quem te sorri. Mas sentes vergonha, um estranho embaraço.
Vontade de tapar a cara com as mãos.
Contudo, o que te embaraça é o corpo, não a cara.
Se ao menos te lembrasses do que fizeste ontem?!
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
Palavras propriamente ditas
(...)
- Não ouves os meus pensamentos.
- Ouço o que não ouço. É o silêncio que eles fazem. O silêncio das palavras perturba-me mais do que as palavras ditas, as palavras propriamente ditas. E então peço-te que fales, o que é a mesma coisa, porque não suporto a ausência das palavras. Ou a presença delas. Não sei.
- Não ouves os meus pensamentos.
- Ouço o que não ouço. É o silêncio que eles fazem. O silêncio das palavras perturba-me mais do que as palavras ditas, as palavras propriamente ditas. E então peço-te que fales, o que é a mesma coisa, porque não suporto a ausência das palavras. Ou a presença delas. Não sei.
LISBOA NA RUA
Durante o mês de Agosto e Setembro,
os jardins, parques, praças e largos da cidade vão ser palco de cultura.
O programa Lisboa na Rua - Verão nos Coretos e Jardins,
reúne eventos como:
Out Jazz, Clássicos na Rua, Fitas na Rua e Lugar à Dança.
Aproveitem a dica,
e se não nos encontrarmos antes,
talvez aconteça,
por aí...
os jardins, parques, praças e largos da cidade vão ser palco de cultura.
O programa Lisboa na Rua - Verão nos Coretos e Jardins,
reúne eventos como:
Out Jazz, Clássicos na Rua, Fitas na Rua e Lugar à Dança.
Aproveitem a dica,
e se não nos encontrarmos antes,
talvez aconteça,
por aí...
sábado, 8 de agosto de 2009
Visita ao Bairro das Pessoas (take one)
Pessoas velhas que descolam das paredes e que têm línguas nas mãos.
Jovens em inicio de fim de vida, invisíveis, a escaparem rapidamente em recolha aos ninhos.
Mãos que lambem e línguas que tocam.
Perguntas sobre nós, para saber e esquecer no próprio momento.
Varandas se ninguém, mesmo quando está lá alguém.
A Lua enorme, laranja.
A noite tudo traz... porque os olhos já se habituaram ao cair do dia, ao raiar da noite.
O suor das ruas um lago de más línguas; o suor dos jovens um lago de copo cheio.
Contam-se os pedaços da história da mulher que atirou à rua a carta rasgada; metem-se as crianças na cama e o cansaço de uma família escorre para a roupa estendida de outra...
Todos somos iguais. Ou não.
O homem que parou a dormir e que não sabe que dorme; o vapor do álcool a sair porta sim porta não; fruta em árvores que não existem, tocadas; ruas nunca limpas porque feitas de sujidade;
os velhos a descolarem (ainda) das paredes com o gritar da ambulância; as raparigas de pele de seda a deixarem-se enfeitiçar pelos sapos da noite feitos "Príncipes...
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
mas deixa-me estar.
Jovens em inicio de fim de vida, invisíveis, a escaparem rapidamente em recolha aos ninhos.
Mãos que lambem e línguas que tocam.
Perguntas sobre nós, para saber e esquecer no próprio momento.
Varandas se ninguém, mesmo quando está lá alguém.
A Lua enorme, laranja.
A noite tudo traz... porque os olhos já se habituaram ao cair do dia, ao raiar da noite.
O suor das ruas um lago de más línguas; o suor dos jovens um lago de copo cheio.
Contam-se os pedaços da história da mulher que atirou à rua a carta rasgada; metem-se as crianças na cama e o cansaço de uma família escorre para a roupa estendida de outra...
Todos somos iguais. Ou não.
O homem que parou a dormir e que não sabe que dorme; o vapor do álcool a sair porta sim porta não; fruta em árvores que não existem, tocadas; ruas nunca limpas porque feitas de sujidade;
os velhos a descolarem (ainda) das paredes com o gritar da ambulância; as raparigas de pele de seda a deixarem-se enfeitiçar pelos sapos da noite feitos "Príncipes...
...e os meus textos a voarem com o vento...
não deixes que os meus textos voem.
mas deixa-me estar.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
"Sucre"
... mais do que um lugar com nome doce,
é café, restaurante, mercearia fina...
Dividido entre rés-do-chão e 1º andar, é sítio de paragem obrigatória para quem (ainda) anda por Lisboa neste mês.
No piso térreo, um instante com pratos rápidos a forrar a barriga com "pequenos grandes" mimos, feitos a pensar em quem entra;
no piso superior, o ambiente mais elaborado para quem vai com tempo,
muito mais tempo...
domingo, 2 de agosto de 2009
Bipolaridade
...no que toca ao Sentir,
talvez tenhamos todos uma parte Bipolar...
quanto mais não seja pela barreira que separa
o dizer do fazer,
o sentir do agir,
o racional da intuição.
talvez tenhamos todos uma parte Bipolar...
quanto mais não seja pela barreira que separa
o dizer do fazer,
o sentir do agir,
o racional da intuição.
sábado, 1 de agosto de 2009
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